quarta-feira, novembro 28, 2007

sobre "de uns tempos pra cá" do chico césar

o que foi isso?
esse raio que veio do chão
direto das esquinas
vento da esquerda, do nordeste
vento suave, estridente
recompensador, preto
saltitante, triste e feliz
aquele que te toma de assalto
pega no colo
e no meio do passeio
te pergunta meio tímido:
está pronto para continuar?
e vc embasbacado reflete então
meus pés estão fora do chão
flutuante... lindo
genial!!!!!!

eu queria que as pessoas ouvissem essas
mesmas trombetas quando entrassem no céu
pois essa música é suficiente pra escurecer a cena
enebriar o ambiente ao ponto bom
em que não se enxergam mais as diferenças entre as pessoas
os negros, os amarelos, vermelhos...
só se sabe que estão todos lá

que esse som faça isso
que rache o concreto conceito
pré-fabricado
para a muralha da burrice
dos que estranham a sua pele, o seu cabelo
o sexo, a força e mais que tudo, a sua felicidade!

eu? apenas ouço e levito
me pegue e me leve por aí
peço quando aperto o play...
... de novo e de novo


-> ouvindo "Templo" do chico césar:

"eu me derreto suave
neve no vulcão...
eu me desmancho suave
nuvem no avião"

quinta-feira, novembro 15, 2007

pouco doce

agora um pouco de alegria
eu ouvi seu nome
mas fingi que nem escutei
segui rindo até esquecer
o nosso não dito
e agora caminhando ao esquecido

então me reforçaram a idéia
de que solidão a dois se compra
em qualquer esquina
mas eis que chego em casa
e encontro uma flor
para minha alegria
só sorrisos e boas lembranças
só deboches e vida
só a coisa mais linda
minha gostosa e pequena menina

sexta-feira, novembro 09, 2007

questão de pele

hoje eu vomitei os risos que vc me deu
no alto do seu sono
foi tão má com os outros
que só tem um pecado
não exigirem no sangue de seus assassinos
um atestado de bom comportamento
por mais 200 anos
vamos ver se escravizados por tanto tempo
vocês não passam a achar de fato
que é feio ter nariz alongado
o cabelo liso ser símbolo de mal cuidado
e sujo e fedido é seu cheiro de branco nausebundo
queria ver como seria para vocês
se sentir com tantos olhos por cima de seus ombros
e qualquer riso mais largo
as pessoas te confudirem com malandro
que vive do roubado
queria muito que vocês sentissem na pele o que é ouvir
da boca de quem ama palavras que usavam
para manter seus pais acorrentados
passar pelas construções saber quem de fato
levantou tijolo por tijolo
pedaço por pedaço
e não pode nem subir pelo elevador
- entrada dos fundos para o senhor!
- mas eu moro aqui!
queria q vcs por algum momento
andassem na rua com medo
de assustar os outros
com a aproximação de seus passos
pelo simples ato de andar a passos decididos
por que oprimido resoluto
assusta por medo de ser vingativo
eu digo assim:
tente dizimar todo um continente
destruir suas raízes
lhe xingar e maltratar
até que ele também acredite
que ser inferior é questão de pele
só então estarem quites
só então haverá redenção...

isso por que nem falei das mulheres ainda
e nem dos vários sexuados!!!!

quinta-feira, novembro 08, 2007

a poucos passos

quando olhar para mim
vê se recorre algum bem
vê se socorre
de quem só te quis sem-
-precavida para a vida
sorridente e feliz

lembre-se dessas palavras
vieram de dentro
e por último me desafogou
por inteiro

antes que as dobras do destino
passem em mim, folha
como bolinha de diversão dos meninos
no pátio da escola

e perto de mais uma vez em sonoro pidão
me render
da frustração
que é querer, não poder e ter que aguentar
a desilusão

aforismos 5

a maior felicidade que um Homem pode encontrar nesse planeta é o alívio entre as chibatadas da vida...

sábado, novembro 03, 2007

armas e rosas

publicar escravidões e aconchegos
denunciar tanto os jornais
quanto os seus donos
vender a alma
e botar a mãe deles no meio

fazer carinho na morena
e dar porrada na polícia
correr em cada esquina
por roubar uma flor pra menina
e ter lata de grafite na muchila

não dormir a noite por falta de carinho
deitar sozinho
num chão de cela culpado
apertar o peito em dor
de fumaça de cigarro
mas também pelo amor bichinho negado

temer a morte violenta e assassina das ruas
mas cantar medroso e baixinho
da mesma quando vem lenta e gradual solitária

cuspir sangue de fome
e secar a lágrima em lenço perfumado
ouvir um bolero e se sentir apaixonado
e tirar a camisa e gritar em pleno vulcão
peito de aço e coldre: viva a revolução

assistindo forrest gump (39ª vez)

eu passeio por aí
os mesmos cantos
com mesmos passos
até as pessoas que encontro por acaso
estão na mesma

mentiras podres no teto
e eu marmanjo de barba feita
assustado e preocupado
seremos todos derrotados?

seria eu um intruso nestes contos
o que seria de mim sem a palavra mundo?
um ator sem teatro
um choro copioso sem lágrimas

mesmo que me faça cair
toda vez que vejo a jenny morrer
eu rio quando o forrest
pisa na merda
me arrepia a mudança dos byrds
e eu alucino com suas ervas

obrigatório,
obrigatório!
e palmas para as penas
sentidas pelo tanto afora.



ouvindo "turn turn turn" dos the byrds