Estava eu ali
parado naquela paisagem
como na ponta de uma canoa que não alterasse o caminho por mim
sequer ela sentia o meu peso
ela seguia e eu era nada para ela
eu era apenas um passageiro
que não fazia nada a não ser observar
não havia muito o que olhar
à minha volta uma densa névoa
daquelas de arrepiar até o osso
mesmo assim, forço a visão
eu sou teimoso como a barca
que segue me levando
e eu sigo em pé apontando e fingindo a direção que estamos indo
em dado momento a barca chega em uma encruzilhada
e em todas as vezes ela ignorou meus anseios de mudança de rota
como eu desejei, como eu implorei que fosse diferente
mas agora a barca está ali parada
encalhada pela simples emoção de me esperar
eu não sei pra onde apontar
em poucos momentos da minha vida me senti assim
estou eu ali, em cima da barca
cansado de apontar caminhos que não dão em nada
nem sei se estou mais em pé
talvez eu vá sentar e descansar disso
eu sei que ela vai continuar... sem mim