terça-feira, junho 24, 2008

emburrecendo:resfriado

o côco rachado de doer horrores
um machado encravado de dentro da pálpebra
é assim que descrevo a causa
do sangue que sinto escorrer agora
de dentro do meu cérebro
se movimentando para baixo
em pequenos movimentos viscosos
e aparentemente mortíferos
porque dói como os infernos
e o que acho ser sangue, é apenas muco
o mistério é apenas catarro de inflamação
bactéria que se alojou mais uma vez sob minha derme
e eu castelo invadido tento me fortificar de novo:
- explodam as encostas, façam tombar as células mortas
e essas vão levando algumas nem tão vivas no caminho
sinto ficar mais burro a cada espirro

segunda-feira, junho 23, 2008

de vitor hugo... poema

"
Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.

E se tudo isso acontecer,Não tenho mais nada a te desejar ".

terça-feira, junho 17, 2008

rochedo 3

  • Sabe aquela música: "pego o meu sapato novo e vou passear...."?É isso, no meu caso, fecho a porta do quarto, não atendo telefonemas, e corro na minha concha. Nada demais. É só a lua cheia brincando com meus hormônios. Se eu fosse mulher os peitos estariam doídos e eu prestes a ter mais um motivo pra agradecer a Deus por sua "eficiência" como inventor de sistemas simples...(chupado de um filme: "não é uma coisa normal um bicho sangrar todo mês e não morrer, isso é coisa da besta").
  • Era pra todos nós enfrentarmos nossos medos, nossas pausas, e embarcarmos em sonhos, mas começam os naufrágios, as histórias de monstros no armário e acabamos contadores assustados, trabalhadres de uma máquina que não se sustenta e precisa de nosso suor-escravo. diria o Cazuza: - somos todos cobaias de Deus.
  • Hoje eu fiz (mais) uma música. E isso não importa a ninguém. Não muda a vida de ninguém, não impede um suicídio, uma guerra, uma bomba, ou o fim da Amazônia. É apenas uma música, mas me fez tão bem. Saber que aqui no meu universo particular as coisas ainda estão florescendo. Que ainda há pelo quê respirar...
  • Claro que depois veio o mundo e tentou jogar vermicida nisso...
  • Mas eu rochedo de frente ao mar encaro, masoquista, cada tapa como carinho e desculpa para haver um contato e eu não me sentir mais tão sozinho.
  • :-D

rochedo 2

no fim,
acho ser muito triste
ver os outros perfilarem
as mesmas razões
os mesmos adereços
a mesma rotina
do que eu fazia
quando ostentava
essa barriga vazia
e caminhava a passos largos
rumo ao de sempre
melancolia
tristeza
solidão
e suicídio
fuga das pessoas
nilismo ao mundo
vampiros de almas
os felizes teriam
apenas máscaras
melhoradas
quando o suor
era o real
o legal
era queimar
era ver apodrecer
porque
era isso que ia acontecer
com todos nós
e todo ato neste universo
se perderia como areia ao vento
ou lágrimas na chuva
e pus no sol

mas fico triste
tanto tempo perdido
coletando manchas
quando somos
muito mais do que isso

rochedo

hoje eu cozinhei feijão
ficou um pouco salgado
mas acontece

hoje eu passei o dia
um pouco triste
mas é assim mesmo

quantos de nós não sentem doer mais do que na carne?
quantos se levantam lamentando o dia que ainda virá?
como continuar se nada faz sentido?
e aquela mentira que você contou pra si mesmo
já está ficando velha até na fotografia!

as coisas passam:
a euforia, a tristeza, os anos, os amores, a saudades,
os dias, os pulsos,
os suores, as histórias, as crianças, os invernos,
os pais, as mães, o País,
os jornais, o dia, a TV, a enxaqueca, a alegria, o choro,
o verde, o outono,
a doença, as roupas, o carinho, a neessidade, a solidão,
o entusiasmo, a ferida,
a torta, o biscoito, as razões, os motivos, os sorrisos, os senões,
a vida e a morte...
.
.
.
até esta melancolia persistente...

domingo, junho 15, 2008

aforismos 13

cochillada, o melhor dos vícios....

carácolis, há uma semana pra conseguir dar um belo cochilo sem ninguém me acordar
sem ninguém me ligar ou perturbar... sequer em sonhos tive paz...

domingo, junho 08, 2008

um recadinho e uma visita

amigo, eu voltei
não sei por quanto tempo estarei aqui
mas passei pra te ver
e contar as novidades
ando lendo o que não me interessa
ando perdendo tempo
com coisas que importam mais aos outros do que para mim
mas, é assim o jogo
não pode ficar no zero a zero a realização
com tentativas mil fracassadas
mas eis que ouço um dos meus nomes:
eu sou perseverança