breve igual vento
sepultado por capricho de alma
os deuses sentem frio à noite
por isso buscam se deitar nos colchões da humanidade
a maioria das pessoas morre de noite
é um chamado natural
a escuridão, o silêncio
o vazio
são todos convites
aventura lêem alguns
salvação, outros
seriam doces cada pingo deste sereno
cada mancha no céu, um cacho
e neguemos de vez o inferno
que isso só quando estamos sozinhos
ou em noites como essa
ou febris de qualquer hora
os pássaros não sentem medo da morte
eles já sabem como voar
os peixes não sentem a morte
eles já nadam
como se estivessem num limbo
zumbis na água
seguem em matilhas
apenas pra terem seus cérebros comidos
por cozinheiros mal-sucedidos
ou donas de casa calejadas
de tanto conviverem com o nojo de seus maridos
criam uma casca
levam no dia a dia a mesma cara
sofrimento e sorriso
mesmice e mar
marejado em lágrimas
e sandices televisivas
meu poema começa esperança,
passa por saudades,
sorriso, nojo e acaba de noite
como todas as outras criaturas...
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