quinta-feira, outubro 28, 2010

carta aberta ao Povo

Eu estou com um choro no peito travado, esperando o tempo. Esperando resolver e finalizar as questões da minha vida e do Brasil. Ao mesmo tempo que finalmente consigo terminar minha monografia (outra), também acompanho o fim dessa pérfida eleição. Na qual, o futuro está em xeque: seremos o país que eu sempre sonhei quando pequeno ou seremos pequenos como temia adulto?
O modelo desenvolvimentista apresentado por Dilma por mais críticas que apresento a ele é exponencialmente superior ao modelo do outro, me recuso a sequer dizer seu nome aqui. Anos-luz de distância. E o modelo do outro não tem volta. Ou as pessoas acham que a Vale um dia voltará ao seio brasileiro? Qualquer erro que o modelo Dilma possa cometer ele pode ser corrigido num próximo mandato. Já o do outro não.
Mas meu choro preso não é só sobre esse sonho de país. A origem desse choro é o agradecimento. Agradecimento aos que lutaram por tantos, aos que fizeram bem aos demais, aos que possibilitaram, mesmo tomando porradas da mídia, um maior conforto pra maioria da população. Eu lembro de meus primeiros estudos em Geografia político-social e como parecia impossível resolver a equação do crescimento versus distribuição de renda. E que mesmo assim, eu sempre fui à favor que se distribuísse, afinal, já que é pra afundar, que afundemos todos juntos. Sem direito aos botes para os ricos.
Eu lembro também de chorar no dia que enfim, esse país elegeu o Lula, um choro um pouco envergonhado. Lula ganhou com a agenda mais reduzida de política entre todas as campanhas. Mesmo votando nele, lembro de desculpar meu choro pelos sonhos de tantos e pela história do presidente.
Então veio o primeiro mandato, nem muita coisa mudou (comparativamente ao que se vê hoje em dia), mas o que mudou foi base para o segundo, e esse sim foi craque. O Brasil começou a inverter a curva social que impera aqui desde que o primeiro nativo disse: pau-brasil. “Pela primeira vez na história desse país”, há uma política pública e efetiva de inclusão social e aumento de renda da maioria da população. Isso não é ideologia, são os fatos.
Eu lembro que chorei de novo quando Lula ganhou o segundo mandato. Era a certeza de que continuaríamos no caminho mais correto. E desde meados do ano de 2009, venho percebendo, há um choro preso aqui dentro, um choro que foi ficando cada vez maior e mais estancado.
O choro de gratidão a Lula quer sair, mas ele não quer se sentir um choro de tristeza. E a garantia de que esse choro será um choro feliz só o povo brasileiro pode me dar no próximo domingo nas urnas.
Podemos jogar a maior oportunidade histórica que nos foi dada para tomarmos nosso destino como nação nas nossas próprias mãos. Ou podemos nos acovardar da responsabilidade que esse tipo de ação traz. É difícil ser adulto.
Por enquanto, eu seguro meu choro, trêmulo, lutando dia após dia, fazendo figa e nas ruas sorrindo quando alguém reage ao meu botton da Dilma presidente.
Eu espero que domingo de noite, eu chore pela obra de Lula, de alegria, de orgulho e de gratidão a esse que foi talvez o homem mais importante da minha vida e de muitos outros brasileiros que cresceram sem pai, num projeto de País e não num país efetivamente.
Domingo eu espero me recolher 30 minutinhos, rezar em agradecimento e desejar tudo de bom ao Brasil e a Lula que hoje faz aniversário.
Por enquanto fica um obrigado ainda tímido e temerário de que podem manchar ainda a sua obra e a esperança de não o vão. Obrigado Lula, muito obrigado.

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