Sou um dos apaixonados pelo Drummond
acho-o o maior de todos
as suas troças que mais me embalam
principalmente o seu cinismo
não o cinismo dos vencedores
do garanhão James Bond
mas o cinismo do pequeno homem
que se agiganta nas piores situações
que vem de baixo
uma visão dos que foram massacrados
que consegue ver justamente por isso
por baixo das saias das moças
Drummond é um povo acostumado em levar socos e pontapés
e fazer o menos barulho possível
virar para seu torturador após massivos golpes
e perguntar com sorriso nos lábios:
- Já acabou, meu senhor?
e de se despedir do mesmo dizendo
- Passar bem.
Gosto da elegância do Drummond
que europeus gostam de repercutir: subserviência
o que não sabem é que no fundo daqueles olhos
atrás daqueles óculos vez e vezes roubado
reside um homem, que galhofa de todos nós
corredores em uma pista oval.
Drummond, o maior de todos
a fala pequena
a voz suave
a máquina de escrever que não deveria fazer barulho ao digitar
Estalava os dedos e ria de toda a opressão
e se libertava daquela mediocridade
que de repente, somos todos obrigados a conviver
Ele apenas mudava o foco e pronto
novo mundo
mundo novo Drummondiano
surgia
e era quase cópia do nosso
estavam a fome, delírios, violência e manchas
mas existia respiro, um breve respiro
E qual não é o maior dos alívios senão
a a pausa entre intermitentes suplícios?
Drummond é e sempre será isso...
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