não seja mais bom o suficiente
Eu não estou com frio
só não quero acordar os vivos
então fecho as janelas
então fecho as janelas
eu não me sinto sozinho
só estou coçando a minha pele
pra se ter certeza
pra se ter certeza
nem inveja são os meus passos
que me levam até seu encalço
a matéria é pueril
e nós somos seres famintos
quem da Bastilha diria
vamos sobreviver à loucura
ao tempo e à fome
se a maior saga de todas está em respirar
ir e vir em ondas do mar
afogar-me nesse instante sem séquito
sem sombra
sem fonte
e com mais motivos de parar do que continuar
me faz tremer de enxaqueca cada parabéns
que me obrigo a dar
pelo destino equivocado das pessoas
e o doutor do sanatório
que foi parar entre as suas fileiras
aponta pra mim e diz:
você será o próximo
quando cessará minha vontade de regurgitar
de rir do enfadonho que é essa ópera?
quando meu personagem entrará neste figurino
com tralhas, mariposas e traças
a corroer as bordas da calça
ele nasceu menino, cresceu adulto e fugiu de qualquer escravidão
apesar da cor da sua pele
e sempre por isso, continuo réu cativo
andar nessas dunas pelos meus próprios pés
no meu próprio ritmo
escolhendo meu próprio caminho
parece ser egoísmo
parece uma falta grave
vai ver que alguma peça falha
deste motor que ronca
já ficou em um curva
e nem percebemos nas nossas voltas
vai por mim
não queira amarrar nenhum camelo à essa parada
aqui os caminhoneiros são realmente sujos
e abusam de crianças
que se vendem maliciosamente na beira da estrada
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