O mundo é cheio de violências silenciosas
segue moendo e juntando na outra extremidade
se encontram no fundo de uma vala comum
beijando a ponta de uma pá cheia de cal - a verdade -
justamente o grão que falta e se faz oca
nas prateleiras de chiques supermercados
me vendendo por um abraço
aprendendo a engolir calado
à noite, meus pensamentos são fósforos no túmulo
dançam como o vento em arestas
pisam sem querer com coturnos
e valseiam a mais divinas festas
eu queria morrer
tantas e tantas vezes
só pra não encarar mais um dia comum
em que minha alma criptografada do mesmo de sempre
o cidadão que respira, come pão na chapa
diz oi aos vizinhos, respira tranquilamente esse ar
- esse ar que gruda nos brônquios e faz expelir gosmas -
continua a jornada ao descer do ônibus
e se sente feliz pelo fim de mais um dia
onde trocou sua vida pela apatia, escravidão que corrompe
nas melhores famílias vejo um açoite
uma hora vazia que bate na janela de noite
venha à porta amiga
longa é a sua sina
longo é seu cabelo
e haja saco
e haja esmero
eu olho pra escuridão das pessoas
como olho pra parte mais escura do céu
como vejo ao fim da luz do meu quarto
tudo isso não me importa mais
é só silêncio
é sem gosto
é sem vida!
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