segunda-feira, abril 29, 2013

Recíproco

Quando olho para o escuro
o escuro me vê
meus braços curtos
se estreitando em volta de não sei o quê
psicopatas hoje matam com os dedos
apunhalando cada quadrado do teclado
eu vi a minha morte dois dias atrás
ela era assistida por quem me ama
um belo drama
psicopatas também matam
sentados na posição mais incisiva de um ônibus
e riem nas paradas quando os velhos caem
com seus corpos franguinhos e frágeis
quicam no asfalto, bolas de pingue pongue
também se abrem e dentro não há mais nada.
Apenas a antiga presunção
a falibilidade deu espaço e se levantou
no lugar da fila preferencial para a senilidade
entre sorrisos podemos ser maus com todos?
Hoje eu dei de recompensa ao meu agressor
sorrisos e gestos de um benfeitor
a lição do fim do livro
quando He-man de sunguinha aparecia
espero ter levado consigo
velho teimoso obtuso de uma figa
mas ninguém se salva
mas ninguém se salva,
vamos todos morrer sozinhos e desamparados
bloco dos corações solitários

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