sábado, setembro 21, 2013

vagões

Parece que ainda são vários vagões de depressão
passando calmamente pelos trilhos insinuantes desta montanha
com as janelas fechadas e ar claustrofóbico
um amigo sorri de nervoso, fuma e me oferece um trago
eu respondo que carrego sempre comigo minhas próprias drogas

O monstro segue seus passos no mato, colina abaixo, terra acima
jogado pelos lados, batendo na cortina
aparecem campos claros, e fixam na retina
cada momento de felicidade é pra brindar com vinho e champanhe
estourar a garrafa, melar todos os patrícios por perto
perto disso, eu me sinto com nojo
sou filho de outras praias, outros tempos
meu respeito viria antes da minha opinião
por isso me calo
por tanto disso choro em silêncio
engulo a seco

Continuamos nosso caminho
forçando um sorriso
fazendo cara de pôquer
a porta do banheiro se abre e saem todas nossas esperanças
melecadas, usadas e sujas
o nível vai piorar, é um aviso para os magos do óbvio
daquilo que se diz ciência natural
as águias perseguem os urubus que perseguem carniça
voam como jatos perto das janelas destes colossos
que passam e nunca param pelo tráfego

Cansado de me sentir só, eu viro um eremita
buscando fogo no fundo do oceano
talvez encontremos petróleo
talvez, um vulcão
mas eu acho que morro afogado antes...

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