Eu vou ali
pegar um punhado de conforto
tentar no esforço
me sentir menos infeliz
não dá pra ser sempre assim
seu rosto é belo como o torso
nú, eu quero esse bolo
todo só pra mim
quem sabe dessa forma
se manda essa nuvem embora?
quem sabe sai de mim
o que me deixa infeliz?
acho difícil
meio impossível
carregar uma mancha por anos
e limpar como que em feitiço
mas você consegue, em momentos
me livrar um pouco de tudo isso
eu sou agradecido
um segundo de alívio
em séculos que mal consigo
me livrar da água turva
eu sequer respiro.
sábado, fevereiro 07, 2015
sexta-feira, fevereiro 06, 2015
era pra ser... simples assim
essa é uma palavra de tristeza
dentro de um escrito unido por sílabas de tristeza
com letras solitárias forçadas a caminharem juntas
sabendo que o destino é um poema mal acabado
esse é um respiro
um falso início de um novo parágrafo
chega uma idade e todos já sabemos
todos os truques dos magos
a noite avança em desperdício
era um homem, um ser cheio de mágoas
que caiu da ponte e o mar levou
era uma história para ter um fim feliz
mas ninguém sabe ao certo
se, e quando é o fim de histórias assim
era pra ser eu ali naquele quadro
na foto feliz
mas não gosto de mim mesmo
e dia sim e dia não nem quero estar vivo
quanto mais, quero algo específico
era pra ser... simples assim
dentro de um escrito unido por sílabas de tristeza
com letras solitárias forçadas a caminharem juntas
sabendo que o destino é um poema mal acabado
esse é um respiro
um falso início de um novo parágrafo
chega uma idade e todos já sabemos
todos os truques dos magos
a noite avança em desperdício
era um homem, um ser cheio de mágoas
que caiu da ponte e o mar levou
era uma história para ter um fim feliz
mas ninguém sabe ao certo
se, e quando é o fim de histórias assim
era pra ser eu ali naquele quadro
na foto feliz
mas não gosto de mim mesmo
e dia sim e dia não nem quero estar vivo
quanto mais, quero algo específico
era pra ser... simples assim
terça-feira, fevereiro 03, 2015
Ela (Crônica - conto)
Passo por ela na portaria de serviço do prédio, ela está terminando de fumar um cigarro. Alguns detalhes visíveis e a idade me fazem concluir que sua história, cheia de altos e baixos, teve mais momentos tristes...
Não a cumprimento, eu evito pessoas e seus olhares, julgamentos, falsos sorrisos. Não é medo de me machucar com suas reações sociais ditas normais - nunca fui de saber como me comportar direito em cada situação mesmo. É o inverso que me incomoda...
Cheguei no elevador e ele não estava ali, aflito apertei mais de uma vez o botão. Não acelera o elefante de metal, mas me faz sentir que tenho algum controle e talvez possa evitar acontecimentos desnecessários...
Tarde demais, a moça volta de seu momento relaxante. O cigarro havia terminado, de volta à realidade. Dá boa noite, eu murmuro qualquer coisa de volta que se entende como equivalente à um aceno gentil. Seguro a porta para ela passar, entro e aperto o botão do meu andar.
O fone de ouvido, a minha cara de impassível não foram suficientes ... ela precisava desabafar, exclamar. E que situação melhor falar com um desconhecido que nunca te vira antes, em um prédio onde as pessoas não se importam com ninguém? Começou:
- O cigarro... - e fez uma pausa dramática pra assegurar que eu estava preso na sua rede de atenção.
Eu tirei um dos lados do fone e olhei para ela. Ela tinha passado pelo meu teste inicial, se vai valer a pena ou não ouvir as pessoas. Quando elas querem muito e precisam, não há etiqueta social, cara de poucos amigos, impessoalidade e fones de ouvido que as controlem... elas desabafam, elas precisam disso. Então, ela continuou ao me ver esperar na porta do elevador, já aberta e impedida de fechar por mim:
- Eu já tentei parar, mas aí sempre acontece alguma coisa...
Eu esperei por mais, aquilo deveria ser o suficiente para ela. Talvez ela só precisasse de alguém para ouvir seu lamento. Aquela noite ela conseguiria dormir, depois daquele instante. Depois de colocar aquela frustração para fora e ter um desconhecido que a ouvira no elevador de serviço do prédio.
Eu olhei seu rosto, estava em paz. A sua feição era de alguém que batalhou bastante e por alguns segundos se deu um respiro, um pequeno alívio...
Poderia ter deixado a porta do elevador correr, a noite dela estava garantida. Mas, eu não gosto de ver as pessoas em paz. Eu não gosto de ser consolo de ninguém, simplesmente porque sei que não importa o que se faça sempre há uma única conclusão e eu falei com todas as letras enquanto a porta corria:
- A vida é uma merda, não sei por que a gente ainda tenta.
E o elevador se foi, aquela mulher se foi junto com ele. Eu virei as costas, e agora sim, eu poderia dormir em paz.
Não a cumprimento, eu evito pessoas e seus olhares, julgamentos, falsos sorrisos. Não é medo de me machucar com suas reações sociais ditas normais - nunca fui de saber como me comportar direito em cada situação mesmo. É o inverso que me incomoda...
Cheguei no elevador e ele não estava ali, aflito apertei mais de uma vez o botão. Não acelera o elefante de metal, mas me faz sentir que tenho algum controle e talvez possa evitar acontecimentos desnecessários...
Tarde demais, a moça volta de seu momento relaxante. O cigarro havia terminado, de volta à realidade. Dá boa noite, eu murmuro qualquer coisa de volta que se entende como equivalente à um aceno gentil. Seguro a porta para ela passar, entro e aperto o botão do meu andar.
O fone de ouvido, a minha cara de impassível não foram suficientes ... ela precisava desabafar, exclamar. E que situação melhor falar com um desconhecido que nunca te vira antes, em um prédio onde as pessoas não se importam com ninguém? Começou:
- O cigarro... - e fez uma pausa dramática pra assegurar que eu estava preso na sua rede de atenção.
Eu tirei um dos lados do fone e olhei para ela. Ela tinha passado pelo meu teste inicial, se vai valer a pena ou não ouvir as pessoas. Quando elas querem muito e precisam, não há etiqueta social, cara de poucos amigos, impessoalidade e fones de ouvido que as controlem... elas desabafam, elas precisam disso. Então, ela continuou ao me ver esperar na porta do elevador, já aberta e impedida de fechar por mim:
- Eu já tentei parar, mas aí sempre acontece alguma coisa...
Eu esperei por mais, aquilo deveria ser o suficiente para ela. Talvez ela só precisasse de alguém para ouvir seu lamento. Aquela noite ela conseguiria dormir, depois daquele instante. Depois de colocar aquela frustração para fora e ter um desconhecido que a ouvira no elevador de serviço do prédio.
Eu olhei seu rosto, estava em paz. A sua feição era de alguém que batalhou bastante e por alguns segundos se deu um respiro, um pequeno alívio...
Poderia ter deixado a porta do elevador correr, a noite dela estava garantida. Mas, eu não gosto de ver as pessoas em paz. Eu não gosto de ser consolo de ninguém, simplesmente porque sei que não importa o que se faça sempre há uma única conclusão e eu falei com todas as letras enquanto a porta corria:
- A vida é uma merda, não sei por que a gente ainda tenta.
E o elevador se foi, aquela mulher se foi junto com ele. Eu virei as costas, e agora sim, eu poderia dormir em paz.
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