terça-feira, novembro 16, 2010

sem sermão

estou muito triste
bem desapontado
você diz à uma criança
olha esse traço
como ele é bonito
veja essa forma
e ela responde com seu idílio:
que me importa?

eu digo, mocinha não é bem assim
veja meu sonho quanta delicadeza
ela vira o olhar, foge de mim
e sai pela sala toda faceira

eu vou em sua direção com passos pesados
e a mão cansada,
pronta pra lhe fazer ver em um ato
o mesmo que eu, mesmo que a tapas

a seguro pelo braço com toda minha força
ela diz: hoje não quero ouvir sermão.
e o que me sobra?
a deixo ir então

ela vai
livre e sorridente
guardo minha mágoa
num recipiente

venho aqui, escrevo,
fico na internet
tento seguir mais um dia de novembro
mas fica na mente

essa mancha de dia
que não sai de noite
uma marca aflita
como pulmão de ex-fumante

aliás,
pulmão de ex-fumante
continua sendo pra sempre
um pulmão de um fumante

sem volta
sem perdão
sem outra dicussão
sem sermão

Um comentário:

Snow disse...

Pessoas que silenciam a gente seja com uma frase ou um botão de WhatsApp e pensam que esse silêncio é eficaz...
Não sabem que nada grita mais em uma pessoa do que os silêncios impostos por outra.
E a pessoa vai virando esses silêncios...
E os vai gritando por onde passa.