a estrela disse para a Terra
você está me perdendo
eu estou saindo de sua órbita
aos poucos não estarei mais à sua vista
o ar é tão denso
é tanta poluição
e habitam tantos monstros
que só sabem desvirtuar sua rotação
eu que te acompanhei até aqui
me esforço em brilhar e chamar sua atenção
te guiar em uma boa direção
afinal fomos companheiras por todo esse tempo
mas noite após noite
eu sigo aqui no calado e sepulcro espaço vazio
da escura matéria
brilhando sozinha sem sua companhia
e os homens que a têm só vêm arrebentando com sua forma
eu queria ajudá-la mas você não me vê mais
o que era uma chama
hoje é fagulha
afinal são tantos contratempos
quantas vezes olhavas pro céu e sorrias pra mim?
e hoje em dia eu te chamo
e apenas silêncio
veja, eu não tenho de ficar aqui
não desse jeito
me parece que não queira mais a mim
não como quando éramos apenas desejo
mas faz parte da sua natureza
deixar crescer ervas daninhas no bem adquirido
é comum deixares de lado e sentar em cima
do que já foi conquistado
e quem diria que lutaras tanto pela minha luz
hoje eu sou apenas um ponto neste traçado
de tantos focos
de tantas estrelas e astros
todos ex-cobiçados
mas saiba, um segredo que te contei e não entendeu
eu não sou estrela
eu sou um cometa
que por opção fez da sua vizinhança o meu estrado
estacionei nas suas terras
e vislumbrei felicidade após nosso acordo marcado
mas a cada nova rotação dos seus pólos
eu me vejo jogado
abandonado
e é isso que você tem a dedicar a mim?
em breve, boto de novo meu rabo
e sigo por aí
sem mais fazer parte do quadro
de medalhas fixo
na estante de um ser mimado
que tudo quis, e tudo teve
mas não a mim, não mais em breve
se continuar assim
voltarei a cometa e vida que segue.
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