E la nave va 2

E la nave va 1

Minha pequena homenagem ao dia dos quadrinhos nacionais. Quem sabe eu não sigo com minhas tirinhas por aqui?

não só tristeza - amorinha

uma amora pequena
é uma amorinha
uma pessoa amada e pequena
é uma amorinha

nem só de tristeza são esses dias
há espaço pra sorrisos
e os prezo em cada um segundo

Nara... simplesmente

Que toda mulher fosse mais Nara
pois Nara não era apenas leão
Nara criança entortou lobos
e saiu na madrugada com os amigos e violão
Nara cantou bossa
no meio de marmanjos
depois samba de morro
sem nunca mudar de opinião
Nara foi traída e nunca perdoou
devolveu com ódio e rancor
mas também quando o tempo passou
o que era falta devolveu em dobro
sua doçura de açúcar e afeto
seu olhar para o novo
descobrir em cada canto incerto
desde o sertão até os morros
Pra quem nunca tinha saído de Copacabana
seria insensatez pensar
descobrir na Bahia, a Bethânia
pra cantar Carcará
Nara cresceu, casou
estudou e cantou
peitou o ditador
e com medo depois, chorou
Nara, a mulher mais mulher que conheço
queria que minha irmã fosse fagulha de seu jeito
não só ela mas todas do gênero
de voz suave, elegante e revolucionária
o mundo e o Brasil
nunca mais seriam os mesmos


pois senão vejamos
"musa" da bossa nova
redescobridora do samba de morro
inauguradora da MPB
incentivadora da Tropicália
encomendou ao Chico a sua primeira música em feminino
aliás, ganhou o festival junto com ele e A Banda
em plena Ditadura dá entrevista pregando o fim do exército
regrava as músicas da Jovem Guarda, abrindo passagem pro reconhecimento dos intelectuais e crítica
cria dois filhos e tenta estudar psicologia
ao mesmo tempo que canta e luta contra uma doença por cerca de dez anos
sem perder a ternura, o talento...
falando baixo, sem gritar ou perder a classe
ela andou com ministros, pessoas que viviam em favelas, poetas, intelectuais
nasceu rica mas nunca deixou de trabalhar ou de tentar melhorar a situação das coisas em volta dela
ela poderia como muitas, apenas casar e aceitar ser chifrada pelo marido ao longo dos anos
mas não, saiu às ruas atrás de sua felicidade
e mesmo casando anos depois, nunca deixou de exercer seu papel fundamental


Nara, mais que mulher
uma pessoa excelente
revolucionou sem nunca pegar em armas
queria que todas as pessoas
fossem um pouquinho mais Nara
porque Nara foi mais
Nara foi... simplesmente

global girl

ela fala inglês americano
e português brasileiro
é carioca tijucana
e torce pelo flamengo

nada no Guanabara
que fica em Botafogo
está ruiva e nasceu loira
é católica e vai em jogo

comprou um celular
paraguaio da China
que funciona como
miojo na comida

usa um belo par da Nike
feito por crianças escravas da Ásia
e adoraria soltar os animais
do Zoo da Gávea

virando os olhos, diz que adora
tomar sorvete aos domingos e no inverno
assiste BBB ri e chora
mas não nota que nenhum deles é negro

a gente vive uma ilusão

a gente vive numa ilusão:
é só pensar que a velocidade da luz e som são diferentes
então o cérebro nos engana
para que essas informações estejam montadas ao mesmo tempo.

A nossa realidade
é uma soma de desvios poéticos
que nossa mente toma
para as coisas parecerem cabíveis...



ps. baseado em The Mentalist

todo homem é uma ilha

eu passei  a virada do ano sozinho
cercado por multidões
um estranho com pena
quis me dar carinho
e um cacho de uvas
que segurava na mão
esse foi o primeiro ano que fiz isso
e dessa vez, nem foi por escolha
fui assistir aos shows da praia
muita confusão
e gente armada de bobeira
pelo menos em seus semblantes estava
aquela esperança burra
que tanto sinto falta

eu vivi isso
em cada uma de minhas milhas
eu me vi sozinho
aceite bruno, todo homem é uma ilha

ah e eu não cometi nenhum pecado
santo que sou
não comi a uva
não beijei a coroa solitária
nem sarrei a bêbada
no máximo, uma loura passou a mão na minha bunda
ela tava acompanhada
e mesmo rindo das gringas italianas
há apenas um fato
mudou o ano e ainda não ganhei ou dei um abraço
apenas um feliz ano novo pro porteiro
isso, no máximo...