quinta-feira, janeiro 19, 2012

Nara... simplesmente

Que toda mulher fosse mais Nara
pois Nara não era apenas leão
Nara criança entortou lobos
e saiu na madrugada com os amigos e violão
Nara cantou bossa
no meio de marmanjos
depois samba de morro
sem nunca mudar de opinião
Nara foi traída e nunca perdoou
devolveu com ódio e rancor
mas também quando o tempo passou
o que era falta devolveu em dobro
sua doçura de açúcar e afeto
seu olhar para o novo
descobrir em cada canto incerto
desde o sertão até os morros
Pra quem nunca tinha saído de Copacabana
seria insensatez pensar
descobrir na Bahia, a Bethânia
pra cantar Carcará
Nara cresceu, casou
estudou e cantou
peitou o ditador
e com medo depois, chorou
Nara, a mulher mais mulher que conheço
queria que minha irmã fosse fagulha de seu jeito
não só ela mas todas do gênero
de voz suave, elegante e revolucionária
o mundo e o Brasil
nunca mais seriam os mesmos


pois senão vejamos
"musa" da bossa nova
redescobridora do samba de morro
inauguradora da MPB
incentivadora da Tropicália
encomendou ao Chico a sua primeira música em feminino
aliás, ganhou o festival junto com ele e A Banda
em plena Ditadura dá entrevista pregando o fim do exército
regrava as músicas da Jovem Guarda, abrindo passagem pro reconhecimento dos intelectuais e crítica
cria dois filhos e tenta estudar psicologia
ao mesmo tempo que canta e luta contra uma doença por cerca de dez anos
sem perder a ternura, o talento...
falando baixo, sem gritar ou perder a classe
ela andou com ministros, pessoas que viviam em favelas, poetas, intelectuais
nasceu rica mas nunca deixou de trabalhar ou de tentar melhorar a situação das coisas em volta dela
ela poderia como muitas, apenas casar e aceitar ser chifrada pelo marido ao longo dos anos
mas não, saiu às ruas atrás de sua felicidade
e mesmo casando anos depois, nunca deixou de exercer seu papel fundamental


Nara, mais que mulher
uma pessoa excelente
revolucionou sem nunca pegar em armas
queria que todas as pessoas
fossem um pouquinho mais Nara
porque Nara foi mais
Nara foi... simplesmente











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