segunda-feira, novembro 27, 2006

novas notícias do front

são de verões os meus dias
são versões de uma mesma vida
até a chuva é colorida
quando está do seu lado
o motivo que te faz sorrir
malandro, te pegaram de jeito
o que era para ser passatempo
passou o tempo e ficastes adicto
numa onda boa, isso é fato
percebo o mundo de peito aberto
seja para maldades, minhas criancisses
ou até aos olhos de crianças
ingênuos pueris e encantadores
meu lábio como o de todos os outros seres humanos
abre como de imediato para elas agora
me pego em flagrante cantarolando
peças felizes e tristezas acabadas
meu quê de maldade uso para rir
rir do mundo acompanhado é muito melhor

segunda-feira, novembro 20, 2006

curvado

olhe para as minhas costas
são marcas de outras vidas
são traços de outros sofrimentos
são saudades desse velho carquético
e é isso
um pouco de falta de um carinho
muito de preocupação
talvez um quê de inconformismo
afinal, por que os seres humanos são assim?
eu me pergunto para que fazer tanto alarde
para que tocar o alarme por apenas um sopro de vida
vocês não sabem o que é isso pra mim...
ouvir um eu te amo
saber das estrelas e dos achados
de tudo que pertence ao mundo do que amo
me acalenta saber que me viram feliz
eu sei o porque e nada vai interfirir nisto

volta mundo- para fernando

rajada cortando a carne
funil no cú com óleo diesel
ratos enjaulados, em seus olhos a saída
enfiar garfos sob as unhas
amarrar o intestino sem anestesia
fazer comer pregos
fazer sair esses pregos
talvez assim,
eu me vingasse um pouco de você
essas regras do mundo
esse amor pelas normas
esse clamor pela disputa
afinal naquela casa quem tem o pau maior?
não é você
você não é ninguém
pobre coitado que como eu está de penetra convidado
e ainda quer fazer de mim capacho?
na boa, vá tomar no cú
você e sua amante,
seja lá quem for...

pequena cópia de meu pai
na vida atual
fizeste muito mal
mexeu com o que mais amo agora
fizeste chorar quem de mim tem mais que um bem
um dia eu sei, isso volta
o mundo meu caro, dá voltas...
o teu está guardado.

sexta-feira, novembro 17, 2006

para frança

se eu pudesse me vingar no mundo
o que já fizeram com você
esse jogo de cartas marcadas que nunca sai a sua
me deixa tão frustrado
essa mania dos outros de atropelar
quem não deve ser atropelado
essa mania do destino de testar
os saudáveis
os inquebrantáveis
nossos super-homens
você ainda é meu herói,
na ilha da fantasia
meu espécime de ser humano ainda é você
minha tristeza é que posso apenas te dar meu colo
o mundo está errado
o mundo esta muito errado mesmo

para dulti

salvador,
êta distância mais porreta
mais uma de suas loucas histórias
penso no que as vezes é preciso
é preciso certa distância pra se permitir
olhar diferente ou finalmente enxergar
você vê,
tú aí, eu aqui
pelo telefone a léguas de distância
e a saudade como ponte
nossa amizade como escuna nesse mar de solidões
e nossa vontade como madrinha das nossas viagens
sim, vamos todos viajar juntos
vamos olhar e orar uns pelos outros
e se alguém tiver que partir
(e isso pessoalmente é com você, viu?)
que saiba que deixa um pouquinho aqui conosco
e de nós leva um tantinho
que é pra não esquecer do gosto
que de toda essa vida é o mais desejado
é o mais querido e a melhor das sensações
sem um maior motivo
ser amado pelos seus amigos
em qualquer situação

o tolo

acordava e pensava, puta que paril ainda vivo
hoje abre os olhos e percebe em quanto é si mesmo
e quanto é seu
quanto de seu gosto, sua respiração, esse trovão
o que disso tudo faz dele e quanto ele se rende a isso
quanto desse sorriso vai para você
e quanto é desespero
quanto é solidão
e correria

queria amar os outros sem lhes causar mal
parecia impossível
hoje até se esquece disso,
uma risada no fundo o faz esquecer
esse riso de castor
mais olhos de oriente
e a pegunta: se não for assim como será?
aquele ranço sozinho no canto que era antes?
aquele abraço em si mesmo por saudade de contato?
chorar? não de tanto rir, ou do bom cansaço
mas de pena de si mesmo
atear fogo na floresta pra conter incêndio
então é isso, aceita, se cala
se rende ao Deus Supremo
o amor acima de tudo pela e para a vida

segunda-feira, novembro 13, 2006

segunda infância

e este gosto de groselha?
essa calçada já pintada de carvão
até bambolê se usa
como recordação
passo meus dias pesando seu pirulito
minhas travessuras
e sua idade
nosso futuro
meu deus eu disse isto mesmo?
e meu medo de contato e de contágio
e como eu diria:
tá bom, vamos às posses
e como você diria: vamos às ilusões

sexta-feira, novembro 03, 2006

vou passar

tudo vai passar
até você com seu sorriso
eu sei
até você com seus pulos
até meus sofrimentos
que atribuo a ti
e os filhos dos meus sobrinhos
(por que não haverá filhos)
nem saberão quem eu fui
na verdade, não importa mesmo
isso vai passar
eu vou também

carrego comigo só o meu sorriso
só as minhas lágrimas
só meu destino

me acolheram e eu sempre fui um menino mal educado
me deram carinho eu dei desassossego
é assim que retribuem os bichos do mato
eles mijam no seu sofá
e estragam toda a sua roupa
eu magôo as pessoas que mais amo
esse é meu poder
mutante, eu sei
só não sei deixar disso
só não sei deixar por isso mesmo
só não sei
só não, por favor meu deus
só, como sempre

a volta

e o grito que vai sair não era o que queria
eu não esperava o que me aconteceria
houve momentos de vida
por esses dias
houve momentos de morte
houve despedidas
definitivos adeus
longas caminhadas
e tarefas perdidas
houve caras amarradas
tristezas e melancolias habituais
houve um pouco de verão semana passada
houve de chover às madrugadas
houve lágrimas nunca esquecidas
e sorrisos de menina
houve a lua de dia
o que mais gosto de ver
enfim, houve de tudo
tudo passageiro
tudo que morreu comigo mesmo
quando me despedi de mim mesmo
e apontei:
eis um cadáver
sua alma enfim livre pra sair por aí
olharei sempre os meus
e pensarei sempre bem de todos
Adeus