terça-feira, abril 17, 2007

mito da parede

começou com um silêncio
apenas um som engolido
ligeiramente preso na garganta
por medo de chegar aos ouvidos
uma pausa, um seminima nesta orquestra
meu naipe de sopros perdeu o fôlego
e pediu as contas
ao longo dos dias o silêncio virou missão
a pausa virou sinfonia
e o ato foi ficando cada vez mais despercebido
como o bater de asas do beija-flor
que ninguém vê
sou eu a parede
o imutável
o cimento que descasca por dentro
o rio envenenado
o estouro de touros no pantanal
e os vícios dos médicos
é o que ninguém vê mas está sempre lá
o silêncio tomou o corpo, o corpo parou
a mente só sabia dizer:
- o que posso eu fazer?
e o corpo parou...

quinta-feira, abril 12, 2007

a salvação é chamar o RAUL

coisas leves e frugais
sons de lamparinas
e cachorro quente
encher a boca de pipoca e rir
ha ha ha ha
meticulosamente
atirando baba pra todo lado
dizem que somos nós que criamos nosso próprio câncer
por bem ou por mal
agora vomito todos os meus dissabores em vida
"ah, a conta do telefone chegou?
só um minutinho deixa eu ir no banheiro?
(aponto o dedo e...RAUL)"

praga de zé do caixão

ai, os meus mancebos
jogados fora pelo ralo
vão meninos
sem povoar o mundo please
ando numa de fumar cigarros
claro forçado dos vizinhos
porque esse cheiro eu não aguento
é veneno e vinho
malfadado
a descer para os testículos

quarta-feira, abril 11, 2007

velha amiga se aproxima

realmente tô precisando gritar um foda-se hoje
sozinho de novo, sozinho de novo
ouço em coral as crianças apontado pro ser estranho e choroso
joguem pedra na geni ela é boa de cuspir mesmo
eu já desejei um aneurisma... agora já posso dormir
...
ah bruno deixa de ser veadinho, tudo isso é o que? a chuva? o escuro do quarto? a casa vazia? a falta de emprego? o silêncio? a namorada ocupada? o medo de admitir pra si mesmo acabou... não adianta mais... tudo em vão? não é medo, é PAVOR

é senhores... eu lhes digo... é apenas um muleque chorão, virem essa página

aforismos 3

o que me incomoda é este eterno ato de acomodar sonhos, ferir a si mesmo, pra continuar vivendo!!!!

no future

eu sento em frente ao meu juízo e rio de sacarsmo
rio de nervoso também
o primeiro pelos meus tendões convulsionados
quer me fuder? o que mais podes fazer?
o nervoso vem em seguida... é medo do que mais podem fazer comigo

ando esses dias com pavor, te entendo agora Li, síndrome do pânico. tão voltando todas as minhas fobias: limpeza, sexo, insônia, depressão, falar sozinho e escrever neste blog.

minhas conversas são recheadas de pensamentos mórbidos... "e se agora eu morresse? isso realmente faria diferença?"

minhas costas doem de preocupação... e é vexaminoso sentir o olhar de preocupação dos entes queridos... "aceita, Bruno"

pra resumir: me sentindo um merda... e sem poesia!!!!!!!!!

ouvindo: "he is a real nowhere man.... isn´t he a bit like you and me?"

sexta-feira, abril 06, 2007

paul sobre elvis

"sempre achei que o serviço militar foi a ruína de elvis. gostávamos da liberdade do elvis caminhoneiro, do sujeito de jeans que girava os quadris, mas não gostamos de vê-lo no exército, usando cabelo a escovinha e chamanodo todo mundo de senhor. parecia que tinha entrado para o Sistema, e depois daquilo os dicos dele já não eram tão bons....ficamos muito decepcionados e nunca achamos que elvis voltaria a forma. então foi fazer cinema e concluimos que ele tinha ido para o beleléu"

um p.s.

esse é um pedacinho da minha alma que te descolo
meu ser leproso e bem intencionado
quer deitar em seu colo
meu carinho apaixonado
e minha aúrea é púrpura
de sabedoria e paixão
de saber de você e das coisas
do nosso viver e de tantas outras
de gostar em correios como esse
me entregar em pedacinhos aos poucos
é assim, você me ganha de passo em passo
e eu com medo, me gamo de muito em muito
dizendo de um jeito bem novo e descolado
te amo e te amo muito!

aforismos 2

os homens nús estão bem vestidos quando cortam o pênis fora
e as mulheres nuas estão bem vestidas quando abrem suas pernas
e só!

quinta-feira, abril 05, 2007

acidente (para fabrício e outros interessados no cú alheio)

foi assim,
meu pé de quê encontrou um buraco
meu calcanhar de aquiles afundou na poça
minha batata-frita com canela bateu na quina
e minha coxa nem tão sadia pendeu para o lado
meu joelho morreu e virou presunto
minha pélvis não era mais o (vulgo) Rei
a bunda já não tinha bandas
e o olho de baixo eu dei (e dei gostoso)
o umbigo já há muito
não era mais o centro do meu mundo
o bucho só andava de bode por aí
preocupado com as costas castas
o peito afroxou o nó e convulsionou com o ar
a garganta secou os dizeres
o ombro estreitou em asas
meu queixo levitou em admiração
e minha boca de fumo era a mais movimentada
meu nariz desistiu de ser ponta
meus olhos saíram do meio do furacão
minha testa nunca foi de buceta
ou minhas perucas foram ladies
o cabelo é todo meu porra!
...
e por dentro ainda pior,
minha alma desistiu de ser imortal
meu sangue só opera no negativo
minha baba empresto às moças
meu gozo não é personagem dos muppets
minha foda é a vida
meu castelo é menos que areia, é papel molhado
meus vícios me mantem afastado da lucidez
e a loucura, minha amiga de velhas datas,
assume meu cotidiano
e de tudo isso e mais um pouco
posso dizer
sorria você não está sendo filmado
afinal, ninguém se importa com você
desculpas meu deus, afinal
quem mandou me fazer tão debochado?