quinta-feira, abril 05, 2007

acidente (para fabrício e outros interessados no cú alheio)

foi assim,
meu pé de quê encontrou um buraco
meu calcanhar de aquiles afundou na poça
minha batata-frita com canela bateu na quina
e minha coxa nem tão sadia pendeu para o lado
meu joelho morreu e virou presunto
minha pélvis não era mais o (vulgo) Rei
a bunda já não tinha bandas
e o olho de baixo eu dei (e dei gostoso)
o umbigo já há muito
não era mais o centro do meu mundo
o bucho só andava de bode por aí
preocupado com as costas castas
o peito afroxou o nó e convulsionou com o ar
a garganta secou os dizeres
o ombro estreitou em asas
meu queixo levitou em admiração
e minha boca de fumo era a mais movimentada
meu nariz desistiu de ser ponta
meus olhos saíram do meio do furacão
minha testa nunca foi de buceta
ou minhas perucas foram ladies
o cabelo é todo meu porra!
...
e por dentro ainda pior,
minha alma desistiu de ser imortal
meu sangue só opera no negativo
minha baba empresto às moças
meu gozo não é personagem dos muppets
minha foda é a vida
meu castelo é menos que areia, é papel molhado
meus vícios me mantem afastado da lucidez
e a loucura, minha amiga de velhas datas,
assume meu cotidiano
e de tudo isso e mais um pouco
posso dizer
sorria você não está sendo filmado
afinal, ninguém se importa com você
desculpas meu deus, afinal
quem mandou me fazer tão debochado?

Nenhum comentário: