terça-feira, abril 17, 2007

mito da parede

começou com um silêncio
apenas um som engolido
ligeiramente preso na garganta
por medo de chegar aos ouvidos
uma pausa, um seminima nesta orquestra
meu naipe de sopros perdeu o fôlego
e pediu as contas
ao longo dos dias o silêncio virou missão
a pausa virou sinfonia
e o ato foi ficando cada vez mais despercebido
como o bater de asas do beija-flor
que ninguém vê
sou eu a parede
o imutável
o cimento que descasca por dentro
o rio envenenado
o estouro de touros no pantanal
e os vícios dos médicos
é o que ninguém vê mas está sempre lá
o silêncio tomou o corpo, o corpo parou
a mente só sabia dizer:
- o que posso eu fazer?
e o corpo parou...

Nenhum comentário: