quinta-feira, fevereiro 10, 2011

morte feliz

fecha essa boca em meus lábios
procuremos esse silêncio divino
e no escuro de nossos olhos cerrados
navegamos em gostosos delírios

faz arder o ex-tuberculoso
faz ter vida em concreto
faz de mim seu instrumento gostoso
nesta ação sem direito a veto

pega a minha mão nas suas coxas
flagra miha respiração no seu ouvido
é quente, o desejo dessas coisas
que faz sentir como castigo

eu paro e olho de relance
seu último espasmo
sigamos adiante
a noite está em nosso encalço

você diz gostar de meus dedos
eu digo a você, sabes pra que foram feitos
você me faz tremer de tanto desejo
e eu fúria te pego em meus anseios

estamos ainda de pé nesse sonho
as roupas quase possuídas
arfas como um touro
a resistência destruída

eu sigo quilômetro a quilômetro
nestas terras a tanto tempo queridas
galgo tijolo a tijolo
meu bem querer em vida

e a fortuna dos homens sábios
não se mede em peso, ou papéis
está na cara de desprezo plácido

quando a morte chega em seus pés

pois eu tenho a mais pura certeza
que em cada beijo suculento e novo
que plantas em minha fortaleza
me faz feliz, por assim, morrer mais um pouco

Um comentário:

PATRICIA GARCIA disse...

ummm...foda como sempre!