Você senta e espera que sua vida mude radicalmente
Espreita cada fera em busca do que sente
Saber que nesta esfera estamos todos carentes
o que gera menos sorriso entre dentes
talvez eu devesse dizer
aqui e agora como me sinto por você
mas minha cara
não é o que quero ter
e sim o que me falta
360 dias e as respirações continuam
filhotes de margarida sonham pisar na lua
mas meu tom de indignação e a cara dura
afastam qualquer sombra de sua dúvida
Ele é um dos caídos
tinha tudo pra ter sido
um dos grandes dignos
membros honrados dos com caminhos
e o que se deu no percurso?
o Sol na casa certa e achou que resolveria tudo?
o primeiro estágio do luto
é negar o óbvio, meu caro Bruno
quarta-feira, setembro 28, 2011
começamos bem...
primeira palavras ouvidas o meu aniversário:
"não precisa medo não
não precisa da timidez
todo dia é dia de viver"
"não precisa medo não
não precisa da timidez
todo dia é dia de viver"
terça-feira, setembro 27, 2011
homem nu
é chegar em nenhum lugar,
é viver como se tudo ainda estivesse aberto
chorar por um passado refém de um futuro
amanhã negão nos encontramos de novo
todo ano nos vemos...
umas vezes antes,
outras mais adiante
mas sabemos, de amanhã não passa
sempre vêm bater na porta
e não adiantam lágrimas
que o consolo acaba
a cada hora, um passo
vou retirando as roupas
sai a meia dos amigos,
um calçado das boas intenções
a blusa do futuro
e por fim, a cueca de qualquer esperança
vão me despindo das possibilidades
das felicidades
dos bons momentos
pouca gente sabe mas eu tenho uma lista
de bons momentos anotados
é como um amuleto
amanhã essas páginas estarão em branco
eu nu,
e na minha frente vem o golpe final
meus olhos abertos
merda, eles nunca se fecham
minha cabeça presa
os pés acorrentados
e um espelho
um galpão escuro
eu sei que ele é grande pelos ecos das vozes
e suas gargalhadas
mas a única visão que tenho
é de minha figura sem vestimenta
fraca e tísica
cada som que emito é suplantando
por esses sorrisos que ouço
e vozes - que vem de qualquer lugar
às vezes me pergunto: - Quem são esses?
gritam pra todos que possam escutar
os meus defeitos
as minhas horas mais ruins
eu não tenho defesa
não tenho nada
e chorar nem é consolo
o fim já está chegando
acredite!
todas as vezes eles me fazem crer
que vai acabar
que não será assim mais
mas volta e mais volta
eu me encontro ali em pé
nu
sem nada
às vezes acordo querendo dar um beijo na minha mãe
e de repente me lembro que ela não está mais aqui
é assim que me pegam...
eu lembro do que já tive
eu penso no que posso ter
eu sei que existem melhores jeito de se viver
é viver como se tudo ainda estivesse aberto
chorar por um passado refém de um futuro
amanhã negão nos encontramos de novo
todo ano nos vemos...
umas vezes antes,
outras mais adiante
mas sabemos, de amanhã não passa
sempre vêm bater na porta
e não adiantam lágrimas
que o consolo acaba
a cada hora, um passo
vou retirando as roupas
sai a meia dos amigos,
um calçado das boas intenções
a blusa do futuro
e por fim, a cueca de qualquer esperança
vão me despindo das possibilidades
das felicidades
dos bons momentos
pouca gente sabe mas eu tenho uma lista
de bons momentos anotados
é como um amuleto
amanhã essas páginas estarão em branco
eu nu,
e na minha frente vem o golpe final
meus olhos abertos
merda, eles nunca se fecham
minha cabeça presa
os pés acorrentados
e um espelho
um galpão escuro
eu sei que ele é grande pelos ecos das vozes
e suas gargalhadas
mas a única visão que tenho
é de minha figura sem vestimenta
fraca e tísica
cada som que emito é suplantando
por esses sorrisos que ouço
e vozes - que vem de qualquer lugar
às vezes me pergunto: - Quem são esses?
gritam pra todos que possam escutar
os meus defeitos
as minhas horas mais ruins
eu não tenho defesa
não tenho nada
e chorar nem é consolo
o fim já está chegando
acredite!
todas as vezes eles me fazem crer
que vai acabar
que não será assim mais
mas volta e mais volta
eu me encontro ali em pé
nu
sem nada
às vezes acordo querendo dar um beijo na minha mãe
e de repente me lembro que ela não está mais aqui
é assim que me pegam...
eu lembro do que já tive
eu penso no que posso ter
eu sei que existem melhores jeito de se viver
sexta-feira, setembro 23, 2011
Pensando bem....
Pensando bem, em que lugar do Brasil você vê poetas serem elencados ao patamar de mito e receberem carinho e devoção até o fim da vida como nos morros das escolas de Samba? pense nisso quando você usar o termo favelado como sinônimo de inculto ou não civilizado....
o poema do mágico sem manga
mas pra que tanto barulho Deus?
se é fome, que haja comida
se é sede que venham rios
ao calor, um ar condicionado que não seque os tímpanos
e no frio, um blazer pra melhorar em estilo
Pra que tanta punição?
Reclamar que não se esforçam
e quando suam as suas camisas,
um raio lhes cai sobre a cabeça?
ou então pisam no buraco e sofrem torção?
vai entender esse tipo de humor maníaco...
eu não entendo e tento rir,
mas confesso quando é meu caso
dói me sentir assim
Uma criança perguntou à mãe se ele era bonito
a mão lhe respondeu:
- Você é meu filho.
Havia uma certa sílaba narcisa
que não foi pronunciada nessa palavra.
mas que todos nós entendemos. uma pausa debochada.
Então pra que se ilustrar tanto sofrimento
se a carne é tão frágil,
somos imbecis de não construirmos armaduras
que aguentem o elástico?
venho repetindo,
a minha geração é de filhos sem pais,
cínicos
que não se ligam a nada
jogados nas fogueiras das vaidades tecnológicas sem alma
é preciso pagar seu imposto Bruno, eu sei disso
mas juro que não tenho tanto assim, sangue escondido
se é fome, que haja comida
se é sede que venham rios
ao calor, um ar condicionado que não seque os tímpanos
e no frio, um blazer pra melhorar em estilo
Pra que tanta punição?
Reclamar que não se esforçam
e quando suam as suas camisas,
um raio lhes cai sobre a cabeça?
ou então pisam no buraco e sofrem torção?
vai entender esse tipo de humor maníaco...
eu não entendo e tento rir,
mas confesso quando é meu caso
dói me sentir assim
Uma criança perguntou à mãe se ele era bonito
a mão lhe respondeu:
- Você é meu filho.
Havia uma certa sílaba narcisa
que não foi pronunciada nessa palavra.
mas que todos nós entendemos. uma pausa debochada.
Então pra que se ilustrar tanto sofrimento
se a carne é tão frágil,
somos imbecis de não construirmos armaduras
que aguentem o elástico?
venho repetindo,
a minha geração é de filhos sem pais,
cínicos
que não se ligam a nada
jogados nas fogueiras das vaidades tecnológicas sem alma
é preciso pagar seu imposto Bruno, eu sei disso
mas juro que não tenho tanto assim, sangue escondido
menos que um chiste
Ando escrevendo sobre coisas tristes
é normal, está perto do meu aniversário
minha vida anda triste
e ando me sentindo solitário
esse lembrete que todo ano insiste
em vir a galope como um cavalo
mais forte que meus limites
matando minotauros
pra me dizer que ainda existe
fome, miséria e um bocado
de razões pedintes
que não me dão intervalo
nessas datas me agridem
até que eu desmaio
eles nunca desistem
de me mostrar o quanto valho
menos que um chiste
menos que um trocado
e é sempre com requinte
que me levam ao balaio
nesta dança triste
que me faz querer meter um balaço
e acabar com tudo que existe
quem sabe assim, evitar maior estrago?
é normal, está perto do meu aniversário
minha vida anda triste
e ando me sentindo solitário
esse lembrete que todo ano insiste
em vir a galope como um cavalo
mais forte que meus limites
matando minotauros
pra me dizer que ainda existe
fome, miséria e um bocado
de razões pedintes
que não me dão intervalo
nessas datas me agridem
até que eu desmaio
eles nunca desistem
de me mostrar o quanto valho
menos que um chiste
menos que um trocado
e é sempre com requinte
que me levam ao balaio
nesta dança triste
que me faz querer meter um balaço
e acabar com tudo que existe
quem sabe assim, evitar maior estrago?
terça-feira, setembro 13, 2011
um sábio(?)
cena do dia: um maluco, desses meio santos, meio bêbados e meio profetas de rua, andando contrário à minha direção, olhando para o horizonte. vem gritando e andando:
- Tá foda, tá foda...sem dinheiro... é foda, homem duro não arruma mulher!!!!
e eu ri.
- Tá foda, tá foda...sem dinheiro... é foda, homem duro não arruma mulher!!!!
e eu ri.
segunda-feira, setembro 12, 2011
amor de universo
que sua vida entre em um estado eletro plus
as pulgas vão se coçar de olhar como bela está
como sorris tão linda quando alguém fala da vida
e na calçada onde pneus deixam marcas
seus pés estrearão novos passos
abraçados pelo que sempre quis usar
imagina o seu sonho concreto
um dia tranquilo, suas hordas te paparicando
seus olhos lacirimejando somente por rir
faz bem ser amada
fazes bem aos seus amados
e todo dia um bichinho novo
salvo pelo seu coração mãe
maior que Terra
maior que Lua
amor de universo...
e que o que te cerca será leve...
pois quem tentar entrar de sola
será afastado pelo cinturão de remédios
e boas vivas energias.
as pulgas vão se coçar de olhar como bela está
como sorris tão linda quando alguém fala da vida
e na calçada onde pneus deixam marcas
seus pés estrearão novos passos
abraçados pelo que sempre quis usar
imagina o seu sonho concreto
um dia tranquilo, suas hordas te paparicando
seus olhos lacirimejando somente por rir
faz bem ser amada
fazes bem aos seus amados
e todo dia um bichinho novo
salvo pelo seu coração mãe
maior que Terra
maior que Lua
amor de universo...
e que o que te cerca será leve...
pois quem tentar entrar de sola
será afastado pelo cinturão de remédios
e boas vivas energias.
Diário Alien sobre o comportamento da chamada humanidade que habita o planeta Terra:
Diário Alien sobre o comportamento da chamada humanidade que habita o planeta Terra:
parte 1 - Observações gerais.
Trata-se de uma espécie no mínimo complicada de entendermos. Estudos sobre a história recente indicam que eles acreditam estar num processo de melhora civilizatória, no entanto, este relatório apresenta questões que não fazem parte de um Planeta desenvolvido.
Mais teríamos a acrescentar mas sentimos que não podemos ir adiante em nosso relatório sobre este povo, até entendermos a natureza do evento que mais nos intrigou...
- por que as fêmeas da espécie se agacham quando suas imagens vão ser registradas nas chamadas fotografias?
parte 1 - Observações gerais.
Trata-se de uma espécie no mínimo complicada de entendermos. Estudos sobre a história recente indicam que eles acreditam estar num processo de melhora civilizatória, no entanto, este relatório apresenta questões que não fazem parte de um Planeta desenvolvido.
Mais teríamos a acrescentar mas sentimos que não podemos ir adiante em nosso relatório sobre este povo, até entendermos a natureza do evento que mais nos intrigou...
- por que as fêmeas da espécie se agacham quando suas imagens vão ser registradas nas chamadas fotografias?
sexta-feira, setembro 09, 2011
Os poetas que mais me tocam
Ando numa fase Gonzaguinha, o último grande letrista-poeta-cronista da MPB. Ao meu ver, e você pode discordar de mim, um bom poeta, desde os modernistas (até antes deles, desde Machado na verdade), deve incluir paisagens, passagens expressões da sua vida cotidiana na sua obra. senão fica uma coisa apática e superficial...
O que muitos poetas fazem é ir por um caminho superficial, da forma, da fôrma, do engendrado, se esquecem do que sentem para rimar. E assim, o escrito fica uma coisa assim, sei lá... sem vísceras.
Me explica como pode ter um sofrimento do tamanho de uma separação, de uma solidão, de um fim de relação sem um sentimento de "porra" incluso?
Se você foi chutado há o momento do revide, nem que logo depois se acanhe pelas infantilidades, mas o desabafo é necessário, ou então fica tudo muito cirúrgico... "Eu sinto dor, ai de mim, amem o meu poema, mas nem pensem no poeta..."
Não é isso que a poesia é pra mim. As que me alcançam precisam trazer suor, lágrimas verdadeiras e assombros e neste sentido, o Gonzaguinha tem demais.
Veja, o Renato Russo foi um ótimo poeta, mas faltou a ele descer um pouco de seu quarto e conversar mais com o porteiro... dizer coisas mais da vida dele. ok sentimento são universais... ok, eu entendo que desse jeito ele foi universal. E no que fez era bom pra caramba.
Neste sentido, o Cazuza tenta mais. ele tenta se afundar na lama... ele é bom de intenções, tenta ser um ótimo cronista, mas falta a ele um pouco de talento às vezes para o que ele mesmo pretendia fazer.
Vejam, isso é questão de gosto e de estilo...
Lembro uma vez um debate entre mim e o Dan-Dan (companheiro da minha primeira banda Monarchia de Dante - tem link do blog dele aí no lado: http://dacarpe.wordpress.com/), sobre a utilização das palavras trocador, roleta e ônibus... ele achava feio, não soava bem aos ouvidos dele utilizar isso. Já meu ponto de vista é que precisamos usar essas palavras do cotidiano pra fazer poesia...
Mas também não basta apenas usar o seu cotidiano simplesmente, não adianta colocar "Rollerflex", ou usar "Coca-Cola" como Tom e Caetano usaram. É preciso um senso de urgência em utilizar essas coisas... tem de aparecer um Jorge Ben cantando que o Charles deu bobeira e tá preso, por isso os malandros otários tão mandando no morro...
Não adianta cantar "que me acha foda", da Pitty, se você não acha uma merda sair de casa as 6 da matina e voltar mais de 12 horas depois, sem ficar rico...
Essa semana mesmo eu tava pensando nisso... ouvindo o novo CD do Teatro Mágico. Eles têm uma escrita subestimada e superestimada ao mesmo tempo. Para os detratores, eles falam lixo. E para os fãs eles são os novos Vinicius...
Nem tanto ao mar, nem tanto a Terra... tem coisas bem sacadas por ali, e eles tem a intenção de buscar coisas bem sacadas... mas falta um senso de urgência na escrita.
Nem todo romance precisa começar apresentando todos as personagens, dando e dando voltas... Clarice Lispector era mestre nisso.
Às vezes, e eu gosto mais de escritas assim, é preciso cortar esses caminhos... ir direto à questão e ser o mais claro possível
''se eu não consigo mais comer depois que ela foi embora
o vazio do meu estômago é bom
porque assim as paredes se encontram
e nem todos estão sozinhos por aqui"
Eu defendo esse tipo de poesia, de escrita autoral, visceral, chula, debochada. Acho que assim, fica rica e principalmente, verdadeira... um bom poeta tem que, às vezes, descer do salto e dizer umas obviedades para os séquitos. Afinal, há elemento mais poético na corte que o bobo? ninguém dizia mais verdades que ele...
Por isso tudo elejo o Gonzaguinha, o último dos poetas da MPB a fazer isso de forma gigante. Ele sabia tanto dizer sobre um porre tomado, como da perda da amada... ele sabia de floretes e sabia de chumbo grosso no meio da cara...
Assim são os poetas-escritores-pessoas que mais admiro e que mais me tocam... e que tento colocar nas minhas coisas tanto aqui como as do NaLaPa - minha atual banda
É Preciso - Gonzaguinha
Minha mãe no tanque
O que muitos poetas fazem é ir por um caminho superficial, da forma, da fôrma, do engendrado, se esquecem do que sentem para rimar. E assim, o escrito fica uma coisa assim, sei lá... sem vísceras.
Me explica como pode ter um sofrimento do tamanho de uma separação, de uma solidão, de um fim de relação sem um sentimento de "porra" incluso?
Se você foi chutado há o momento do revide, nem que logo depois se acanhe pelas infantilidades, mas o desabafo é necessário, ou então fica tudo muito cirúrgico... "Eu sinto dor, ai de mim, amem o meu poema, mas nem pensem no poeta..."
Não é isso que a poesia é pra mim. As que me alcançam precisam trazer suor, lágrimas verdadeiras e assombros e neste sentido, o Gonzaguinha tem demais.
Veja, o Renato Russo foi um ótimo poeta, mas faltou a ele descer um pouco de seu quarto e conversar mais com o porteiro... dizer coisas mais da vida dele. ok sentimento são universais... ok, eu entendo que desse jeito ele foi universal. E no que fez era bom pra caramba.
Neste sentido, o Cazuza tenta mais. ele tenta se afundar na lama... ele é bom de intenções, tenta ser um ótimo cronista, mas falta a ele um pouco de talento às vezes para o que ele mesmo pretendia fazer.
Vejam, isso é questão de gosto e de estilo...
Lembro uma vez um debate entre mim e o Dan-Dan (companheiro da minha primeira banda Monarchia de Dante - tem link do blog dele aí no lado: http://dacarpe.wordpress.com/), sobre a utilização das palavras trocador, roleta e ônibus... ele achava feio, não soava bem aos ouvidos dele utilizar isso. Já meu ponto de vista é que precisamos usar essas palavras do cotidiano pra fazer poesia...
Mas também não basta apenas usar o seu cotidiano simplesmente, não adianta colocar "Rollerflex", ou usar "Coca-Cola" como Tom e Caetano usaram. É preciso um senso de urgência em utilizar essas coisas... tem de aparecer um Jorge Ben cantando que o Charles deu bobeira e tá preso, por isso os malandros otários tão mandando no morro...
Não adianta cantar "que me acha foda", da Pitty, se você não acha uma merda sair de casa as 6 da matina e voltar mais de 12 horas depois, sem ficar rico...
Essa semana mesmo eu tava pensando nisso... ouvindo o novo CD do Teatro Mágico. Eles têm uma escrita subestimada e superestimada ao mesmo tempo. Para os detratores, eles falam lixo. E para os fãs eles são os novos Vinicius...
Nem tanto ao mar, nem tanto a Terra... tem coisas bem sacadas por ali, e eles tem a intenção de buscar coisas bem sacadas... mas falta um senso de urgência na escrita.
Nem todo romance precisa começar apresentando todos as personagens, dando e dando voltas... Clarice Lispector era mestre nisso.
Às vezes, e eu gosto mais de escritas assim, é preciso cortar esses caminhos... ir direto à questão e ser o mais claro possível
''se eu não consigo mais comer depois que ela foi embora
o vazio do meu estômago é bom
porque assim as paredes se encontram
e nem todos estão sozinhos por aqui"
Eu defendo esse tipo de poesia, de escrita autoral, visceral, chula, debochada. Acho que assim, fica rica e principalmente, verdadeira... um bom poeta tem que, às vezes, descer do salto e dizer umas obviedades para os séquitos. Afinal, há elemento mais poético na corte que o bobo? ninguém dizia mais verdades que ele...
Por isso tudo elejo o Gonzaguinha, o último dos poetas da MPB a fazer isso de forma gigante. Ele sabia tanto dizer sobre um porre tomado, como da perda da amada... ele sabia de floretes e sabia de chumbo grosso no meio da cara...
Assim são os poetas-escritores-pessoas que mais admiro e que mais me tocam... e que tento colocar nas minhas coisas tanto aqui como as do NaLaPa - minha atual banda
É Preciso - Gonzaguinha
Minha mãe no tanque
lavando roupa
minha mãe na cozinha
lavando louça
minha mãe na cozinha
lavando louça
lavando louça,
lavando roupa,
levando a luta, cantando um fog
lavando roupa,
levando a luta, cantando um fog
alegrando a labuta
labutar é preciso menino
lutar é preciso menino
lutar é preciso
labutar é preciso menino
lutar é preciso menino
lutar é preciso
a bola correndo nas pedras redondas da rua São Carlos
deságua no asfaltodo largo do estácio
e o menino atrás, ó lá
meu menino atrás e vai
mais um menino atrás
deságua no asfaltodo largo do estácio
e o menino atrás, ó lá
meu menino atrás e vai
mais um menino atrás
ô Dina é preciso
olhar essa vida,
além desse filme do cine colombo,
saber dessa lama na festa do mangue
olhar essa vida,
além desse filme do cine colombo,
saber dessa lama na festa do mangue
conhecer a fama que cantam da dama,
pois ela com jeito e carinho me chama
me leva à luta sem choro nem grama
pois ela com jeito e carinho me chama
me leva à luta sem choro nem grama
né mãe?
labutar é preciso
ô mãe,
lutar é preciso
labutar é preciso
ô mãe,
lutar é preciso
os tribo dos montes que cruzam no largo
trilhando avenidas, ruelas e becos
me deixam na lapa ou na galeria
ou no cafetania e é lá que eu encontro
papinho no ponto e volto pra casa
com ele cansado, com pouco trocado
trilhando avenidas, ruelas e becos
me deixam na lapa ou na galeria
ou no cafetania e é lá que eu encontro
papinho no ponto e volto pra casa
com ele cansado, com pouco trocado
violão calado
violão calado
violão cansado, calado, cansado
violão calado
violão cansado, calado, cansado
ê mãe,
labutar é preciso
né mãe?
lutar é preciso
ô mãe,
lutar é preciso
labutar é preciso
né mãe?
lutar é preciso
ô mãe,
lutar é preciso
mas mãe não se zangue que as mãos eu não sujo,
apenas eu quis conhecer a cidade,
saber da alegria e da felicidade
que vendem barato em qualquer quitanda,
mas volto arrasado tá tudo fechado,
talvez haja falta não há no mercado
e hoje ô Dina nem é feriado
e hoje ê Dina não é feriado
apenas eu quis conhecer a cidade,
saber da alegria e da felicidade
que vendem barato em qualquer quitanda,
mas volto arrasado tá tudo fechado,
talvez haja falta não há no mercado
e hoje ô Dina nem é feriado
e hoje ê Dina não é feriado
vê mãe labutar é preciso
lutar é preciso
ô mãe lutar é preciso
labutar é preciso
lutar é preciso
ô mãe lutar é preciso
quarta-feira, setembro 07, 2011
carcereiro de mim mesmo
esse é o desespero
de quem entende
que esse momento
é tudo que temos
que a sorte habita
os que já estão navegando
não há lugar para dúvidas
explicações vazias
é certo ou não vai
o que precisar ser feito
vai ser com ou sem você
mesmo que me faça mal
sou obrigado a te deixar
seguir seu próprio caminho
não quero ser Âncora
não quero ser muleta
no máximo sou motor
mas quero parceria
e chega de pensamentos
chega de parênteses
chega de me achar único
de acordar cedo
e achar que sou único na labuta
essa é minha vida,
eu aposto em furadas e persisto
não há nada de heróico nisso
não há nada de bonito também
só o que há é um presídio
que se transmudou em peito
e que guarda com cinco chaves
num pântano-cofre escuro
um carretel de vontades
há um carcereiro cruel
balançando as senhas e passes
na frente da grade
ele sorri e vive dizendo
sou vida, vc está preso.
enquanto seguir considerando tanto
o que outros tem de ferimento
permenecerei sendo
carcereiro de mim mesmo
de quem entende
que esse momento
é tudo que temos
que a sorte habita
os que já estão navegando
não há lugar para dúvidas
explicações vazias
é certo ou não vai
o que precisar ser feito
vai ser com ou sem você
mesmo que me faça mal
sou obrigado a te deixar
seguir seu próprio caminho
não quero ser Âncora
não quero ser muleta
no máximo sou motor
mas quero parceria
e chega de pensamentos
chega de parênteses
chega de me achar único
de acordar cedo
e achar que sou único na labuta
essa é minha vida,
eu aposto em furadas e persisto
não há nada de heróico nisso
não há nada de bonito também
só o que há é um presídio
que se transmudou em peito
e que guarda com cinco chaves
num pântano-cofre escuro
um carretel de vontades
há um carcereiro cruel
balançando as senhas e passes
na frente da grade
ele sorri e vive dizendo
sou vida, vc está preso.
enquanto seguir considerando tanto
o que outros tem de ferimento
permenecerei sendo
carcereiro de mim mesmo
Indenpendência
Sobre a Independência do Brasil
deveríamos agradecer ao governo Lula que nos livrou do FMI
a todas as pessoas que insistiram na tese que o país tava pronto pra sair dessa aba
enquanto tem outras, milhares, que acreditam no contrário
e pior, estas, são ouvidas todos os dias nos jornais até hoje lamentando-se
ou conspirando contra...
deveríamos agradecer ao governo Lula que nos livrou do FMI
a todas as pessoas que insistiram na tese que o país tava pronto pra sair dessa aba
enquanto tem outras, milhares, que acreditam no contrário
e pior, estas, são ouvidas todos os dias nos jornais até hoje lamentando-se
ou conspirando contra...
domingo, setembro 04, 2011
vento frio
e ninguém para esse vento frio
nem portas, nem janelas ou casacos
entra pelas frestas da sua alma
e te lembra quem é que manda em tudo isso...
nem portas, nem janelas ou casacos
entra pelas frestas da sua alma
e te lembra quem é que manda em tudo isso...
nada bem
olhou para o céu e admitiu
estava de saco cheio disso tudo
entrou no ônibus e sentou
no banco mais distante das pessoas
viajou mudo não querendo ser notado
um passageiro invisível
e novas almas iam entrando naquele enlatado
que virava uma caixa mágica
e transformava seres humaos em animais
todos presos enjaulados
queria rugir, queria se esticar mas não podia
aquele barulho dos outros incomodava
o assento estreito doía
os gritos das crianças e adultos levavam à loucura
pensou em torcer alguns pescoços
mas sabia que o que mais mereceia
ser torcido era o seu próprio
estava há mais de duas horas naquele suplício
estava se contendo para não molhar as calças
inutilizou, antes, os arbustos por educação
e arrependeu-se junto com sua bexiga lotada
suava frio a cada parada
daquela montanha de metal
quando subiam cada vez mais almas pro curral
em breve estaria em casa, tentava se animar
mas entravam mais canalhas e nada disso acontecer
pior foi quando veio o salvador de almas
tentando arrancar cobres dos perdidos
ali naquela selva eram todos malditos
e o apontador de erros humanos alheios
saiu sem curar nenhum vício
ainda houve tempo para um facilitador da viagem
que vendia passatempos e gastronômicas festividades
estrategista, parou em f rente aos pequenos anões do tempo
que choravam para seus captores eternos
buscavam uma medalha de seu comportamento mimado
e conseguiram com choro embargado
finalmente chegou em casa,
olhou pra trás, pra isso tudo
e pensou: que morram na estrada
que bata e exploda
e não sobre ninguém
concluiu depois, que não estava bem
nada bem....
estava de saco cheio disso tudo
entrou no ônibus e sentou
no banco mais distante das pessoas
viajou mudo não querendo ser notado
um passageiro invisível
e novas almas iam entrando naquele enlatado
que virava uma caixa mágica
e transformava seres humaos em animais
todos presos enjaulados
queria rugir, queria se esticar mas não podia
aquele barulho dos outros incomodava
o assento estreito doía
os gritos das crianças e adultos levavam à loucura
pensou em torcer alguns pescoços
mas sabia que o que mais mereceia
ser torcido era o seu próprio
estava há mais de duas horas naquele suplício
estava se contendo para não molhar as calças
inutilizou, antes, os arbustos por educação
e arrependeu-se junto com sua bexiga lotada
suava frio a cada parada
daquela montanha de metal
quando subiam cada vez mais almas pro curral
em breve estaria em casa, tentava se animar
mas entravam mais canalhas e nada disso acontecer
pior foi quando veio o salvador de almas
tentando arrancar cobres dos perdidos
ali naquela selva eram todos malditos
e o apontador de erros humanos alheios
saiu sem curar nenhum vício
ainda houve tempo para um facilitador da viagem
que vendia passatempos e gastronômicas festividades
estrategista, parou em f rente aos pequenos anões do tempo
que choravam para seus captores eternos
buscavam uma medalha de seu comportamento mimado
e conseguiram com choro embargado
finalmente chegou em casa,
olhou pra trás, pra isso tudo
e pensou: que morram na estrada
que bata e exploda
e não sobre ninguém
concluiu depois, que não estava bem
nada bem....
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