domingo, setembro 04, 2011

nada bem

olhou para o céu e admitiu
estava de saco cheio disso tudo
entrou no ônibus e sentou
no banco mais distante das pessoas
viajou mudo não querendo ser notado
um passageiro invisível
e novas almas iam entrando naquele enlatado
que virava uma caixa mágica
e transformava seres humaos em animais
todos presos enjaulados
queria rugir, queria se esticar mas não podia
aquele barulho dos outros incomodava
o assento estreito doía
os gritos das crianças e adultos levavam à loucura
pensou em torcer alguns pescoços
mas sabia que o que mais mereceia
ser torcido era o seu próprio
estava há mais de duas horas naquele suplício
estava se contendo para não molhar as calças
inutilizou, antes, os arbustos por educação
e arrependeu-se junto com sua bexiga lotada
suava frio a cada parada
daquela montanha de metal
quando subiam cada vez mais almas pro curral

em breve estaria em casa, tentava se animar
mas entravam mais canalhas e nada disso acontecer
pior foi quando veio o salvador de almas
tentando arrancar cobres dos perdidos
ali naquela selva eram todos malditos
e o apontador de erros humanos alheios
saiu sem curar nenhum vício
ainda houve tempo para um facilitador da viagem
que vendia passatempos e gastronômicas festividades
estrategista, parou em f rente aos pequenos anões do tempo
que choravam para seus captores eternos
buscavam uma medalha de seu comportamento mimado
e conseguiram com choro embargado

finalmente chegou em casa,
olhou pra trás, pra isso tudo
e pensou: que morram na estrada
que bata e exploda
e não sobre ninguém
concluiu depois, que não estava bem
nada bem....

Um comentário:

Snow disse...

Rsrs, é tão engraçado que a raiva é igual em qualquer região do país!
A gente aqui passa as mesmas angústias...
De certa forma, é a identidade do Brasil.
É engraçado e triste.