é chegar em nenhum lugar,
é viver como se tudo ainda estivesse aberto
chorar por um passado refém de um futuro
amanhã negão nos encontramos de novo
todo ano nos vemos...
umas vezes antes,
outras mais adiante
mas sabemos, de amanhã não passa
sempre vêm bater na porta
e não adiantam lágrimas
que o consolo acaba
a cada hora, um passo
vou retirando as roupas
sai a meia dos amigos,
um calçado das boas intenções
a blusa do futuro
e por fim, a cueca de qualquer esperança
vão me despindo das possibilidades
das felicidades
dos bons momentos
pouca gente sabe mas eu tenho uma lista
de bons momentos anotados
é como um amuleto
amanhã essas páginas estarão em branco
eu nu,
e na minha frente vem o golpe final
meus olhos abertos
merda, eles nunca se fecham
minha cabeça presa
os pés acorrentados
e um espelho
um galpão escuro
eu sei que ele é grande pelos ecos das vozes
e suas gargalhadas
mas a única visão que tenho
é de minha figura sem vestimenta
fraca e tísica
cada som que emito é suplantando
por esses sorrisos que ouço
e vozes - que vem de qualquer lugar
às vezes me pergunto: - Quem são esses?
gritam pra todos que possam escutar
os meus defeitos
as minhas horas mais ruins
eu não tenho defesa
não tenho nada
e chorar nem é consolo
o fim já está chegando
acredite!
todas as vezes eles me fazem crer
que vai acabar
que não será assim mais
mas volta e mais volta
eu me encontro ali em pé
nu
sem nada
às vezes acordo querendo dar um beijo na minha mãe
e de repente me lembro que ela não está mais aqui
é assim que me pegam...
eu lembro do que já tive
eu penso no que posso ter
eu sei que existem melhores jeito de se viver
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