segunda-feira, dezembro 18, 2006

anti-polícia

olhe quem vem lá
de azul e de fardas
de pontápés
pé ante pé
de capacete e colete
de torturas e sangues
minha pele sobe
quem não sabe?
quantos gritos esses ouvidos não ouviram
quantas grades são necessárias pra manter a ordem
pra atropelar suas vidas com o progresso
por isso xingo essa bandeira
cuspo esse hino e nem me levanto
mas vem de armas e ódio
minha terna idade sabe
meus medos...
na minha cor seu ódio
e meu desespero
por que mesmo?
meu nariz abatatado?
meus cabelos trançados?
anos e anos no navio negreiro
e me chicoteando
"todo camburão de polícia tem um pouco de navio negreiro"
e que venha o caveirão
pois deus está do nosso lado
levanto a mão ao céu
o punho fechado e grito:
resistir é preciso

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