sexta-feira, agosto 24, 2012
Keith Richards - sobre compor
E porque eu tocava todos os dias, às vezes dois ou três shows por
dia, as ideias estavam fluindo. Uma coisa alimenta a outra. Você podia
estar nadando ou trepando com a sua mulher, mas em algum lugar
fundo da mente está pensando numa sequência de acordes ou em algo
relacionado a uma canção. Não importa o que está acontecendo.
Você pode estar levando um tiro, e ainda vai estar “Oh! That’s the
bridge!”. Não há nada a fazer; você não se dá conta de que está
acontecendo. É completamente subconsciente, inconsciente, o que
for. O radar está ligado, quer você saiba disso ou não. Você não pode
desligá-lo. Você ouve esse pedaço de conversa do outro lado da sala,
“I just can’t stand you anymore” (Eu só não suporto mais você)... Isto
é uma canção. Ela apenas flui. E também, outra coisa sobre ser um
compositor, é que quando você percebe que é um, começa a se tornar
um observador, começa a se distanciar. Você está constantemente
alerta. Essa habilidade se desenvolve ao longo dos anos, observar as
pessoas, como reagem umas às outras. O que, de certa forma, o distancia
de maneira esquisita. Você não devia realmente estar fazendo
isso. É um pouco como Peeping Tom ser um compositor. Você
começa a olhar em volta, e tudo é tema para uma canção. A frase
banal, que é aquela que serve. E você diz: “Não acredito que ninguém
se ligou nessa antes!”. Felizmente existem mais frases do que compositores,
aproximadamente.
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Esta foi a primeira vez que senti a dor profunda. O lance de ser
um compositor é que, mesmo que tenha sido sacaneado, você encontra
consolo em escrever a respeito, e despejar isso. Tudo tem a ver
com tudo; nada está separado. Torna-se uma experiência, um sentimento,
ou um aglomerado de experiências. Basicamente, Linda é
“Ruby tuesday”.
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