quarta-feira, junho 28, 2006

metáforas à lá Lula

é tempo de passar sozinho
rir de velhas piadas
lembrar velhos amores
estar com velhos amigos
eles na sua alma
é tempo de lamber velhas cicatrizes
pensar em velhas feridas
ler antigos contos
do que foi a sua vida
saber dos seus sonhos
trazer suas vitórias
traçar novos planos
e relembrar as histórias
é tempo de deixar-se levar pelo tempo
é tempo de esperar que passe
é tempo de rever o que não deu
é tempo de arder novos machucados
olhar para eles e esperar... só o tempo há de curar
mas tem certas coisas que não passam
tem certos cheiros que marcam
alguns desesperos que ainda incomodam
alguns prejuízos que pesam para sempre
sinto que sempre vou mancar dessa perna
que essa fagulha entrou por demais no meu nervo
e mesmo que restaure o tornozelo
o tecido será mais fraco e gelatinoso
pois é, adeus ao meu sonho
de ser jogador de futebol

um mantra

lema de um amigo que reproduzo

primeiro:
não respeitar nada. nem abaixo, nem acima do céu
segundo:
quando você chegar no limite da paciência dos outros, ultrapasse
terceiro:
encontrar prazer na perversidade
quarto:
devido a humanidade estar no fim (acreditamos),
então resolvemos rir da sitação e se deus quiser,
ganhar um dinheiro com isso!

sábado, junho 24, 2006

prelúdio 2

em breve eu não serei mais eu
já sinto uma fuga de mim
serei outra coisa que não eu mesmo
ou não serei mais nada
é que não sei...
o fato é que ainda há coisas
que precisam ser ditas
enquanto sou eu mesmo
agradecimentos, pensamentos
eu, que em quase 26 anos
aprendi a só entrar em roubadas
em divididas com chuteiras de travas altas
sei que não serei mais eu em breve
e o que eu sou, será apenas memória
ou minha mesmo,
ou dos que me conheceram
esses que espero, lembrem-se de mim
talvez nem me reconheçam mais
quando eu transmudar
talvez me reconheçam mas deixem de gostar
afinal, eu não serei mais eu
se talvez eu for alguma coisa mesmo
ainda está tudo nublado
...
a esses meus obrigados
pelos seus sorrisos, suas histórias
seus abraços e suas lágrimas
fizeram com que permanecesse intacto

talvez por tempo demais
eu tenha tido a ilusão de não ser tragado
mas agora é isso que finda em mim
a base do que era me foi corrompida
e em breve eu não serei mais
(se for alguma coisa)
eu mesmo

lixo orgânico

"Nunca mais vou sonhar, você tinha decidido. não vou mais me expor ao sofrimento. Mas então seu time desempatou, ou então você viu um filme, um anúncio publicitário mostrando Arruba banhada na luz alaranjada do crepúsculo, ou então uma moça que tem mais que uma semelhança vaga com outra com quem você teve um caso no colégio - uma mulher a quem você amou e perdeu - dançando lá no alto, à sua frente, com os olhos brilhantes, e você dissera: 'foda-se, vamos sonhar mais uma vez'"
.
.
.
.
.
.
Sempre foi assim a vida toda, reclamão e isolado, se prende na caverna e reclama solidão, continua fazendo isso, fazendo e fazendo. Sou bobo, tolo e infantil. Gosto de saber o quanto as pessoas me amam e não tenho coragem de perguntar para elas cara a cara. eu sou um monstro. Hoje passei o dia sozinho, quer dizer, quase... fitei-me no espelho o dia todo. DEUS, eu sou um monstro - primeira conclusão!
A segunda, preciso de uma limpeza de pele,
E terceira, estou só...narciso que não se gosta, já viu isso? Apaixonado pela mediocridade que sou eu. cético o suficiente para não ser enganado até pela paixão que cega, que tira o firmamento. Ela é feliz, eu não quero estragar essa moldura. E por que eu o faria? Porque sou ruim e carrego um mal em mim. Eu sou como um aidético transando sem camisinha, passando meu vírus a quem me toca. Todos ficam infelizes do meu lado, sem exceção. Eu sou um lixo. Um dia me junto aos meus, juro!

entre aspas, retirado de sobre meninos e lobos pg. 68

para anjos encarnados em amigos

fugir, o primeiro sentimento
quando abres mão de viver em sofrimento
seria só passageiro
se o mundo não fosse esse aí mesmo
se não houvesse essas grades
se fosses mais bonito
se acordasse mais cedo
se ficasse rico
se eu ainda fosse amado
e agora joão?
(só para não dizer josé)
sufocado dessa podridão
que apaga nossa vontade
dessa miséria que seca lágrimas
desse oceano de mágoas
e redenção em serenidade
quando aceitas curvado
esse destino maldito
esse dente encravado
esse joelho com um pino
esse cabelo encaracolado
porque tudo te faz menos presente
porque jazes em cordas mantidas pelo pensamento da massa
porque és equilibrista sem sorte
porque vives procurando motivos, teimas em fracas devassas
vá. se levante. ande até o espelho
e esse imbróglio de si mesmo
ainda há de triturar o moinho
ainda há de encontrar seu caminho
ainda há de deter os reis
ainda há ...
ainda e aqui, vocês
vocês todos, que apesar de tudo amei

confusão - descanso pra alma

veja, aqui tem de farra e diversão
sinta, o que era medo mas agora é vilão
pois cara, ela vem e não corra não
desmaia mas sem tocar o chão

o preço de ser livre
é se encontrar confuso
o preço de ser livre
é se encontrar confuso

embala as veias de emoção
cala o ódio da aproximação
encara! aqui era uma missão
saia! de tempos em tempos, alucinação

o preço de ser livre
é se encontrar confuso

em que rimas você se esconde
de dizer o mesmo adeus sem nomes
em boates e vícios mirabolantes
eu fujo de tristezas agonizantes

"eu caio no suingue é pra me consolar,
é que essa vida não tá mole,
eu faço assim para me segurar"

o preço de ser livre
é se encontrar confuso...




entre aspas há uma colagem de verso de pedro luis e a parede 'eu caio no suingue'

terça-feira, junho 20, 2006

prelúdio

quando era criança decidi viver em nome de outra menina
ela tinha um vírus que a mataria
ela queria ser professora
ela queria ter a vida que eu tinha pela frente
então decidi viver a minha vida
por ela, em nome dela...

mais tarde descobriram a cura para a sua doença
hoje não preciso mais viver por ninguém
é triste,
só há uns dois motivos pelos quais ainda acordo
e eles estão perto de se extinguirem
assim como eles
finalmente eu descansarei também
é chegada a hora
apertem os cintos

fim do tempo

mas é claro que o mundo é aquilo que empenhamos
e é também muito mais do que isso
é ampulheta de sofrimento
e quando se está quase cessando a areia
algum imbecil, e aqui eu vou chamá-lo de deus,
vem e desvira tudo de novo
eternidade neste teatro
nesta peça mal montada
em que não rio, só choro
o bobo é morto no primeiro ato
o rei não está nú porque ninguém
se interessa por isso hoje em dia
eu sou todas essas personagens
travestido de conto feliz
a princesa se suicidou na contracapa do livro
eu só aguardo... meu momento
a minha contracapa ainda há de chegar também

domingo, junho 18, 2006

primeirão da fila

e o que fazes agora?
queria tanto saber...
só sei do que fizestes...
...fizestes muito bem em se afastar de mim
eu mesmo se pudesse seria o primeirão dessa fila
eu mesmo...

sábado, junho 17, 2006

porco-espinho

essa minha síndrome de porco-espinho
esses meus toques de urticária
esse meu veneno escondido
no sangue e nas minhas lágrimas

tudo em mim faz mal quando toca
tudo em mim apodrece com o tempo
tudo em mim foi criado pra destruir
e eu não sou diferente de qualquer humano

deveríamos ser criados em ilhas...
somos podres....
ah, esquece é só ódio e rancor

nojo

isso que já fui eu
se arrasta em saudades
manca em vergonhas
e deixa apodrecer as feridas

isso que já olhei no espelho
carrega o mundo
se esgueira na vida
e foge para as sombras

isso que já foi paixão
transforma em corte
reluz em choro
e grita ácidos palavrões

isso que já fez parte de mim
vomito quando acordo
escarro quando respiro
e transborda em nossos desencontros

isso que já foram os meus passos
são apenas círculos
são apenas dias e mais dias
indo e voltando em meu encalço

isso que era feliz
consumiu meu sono
e hoje acordo
já sentindo asco
meu primeiro pensamento
e o que sinto
é nojo
nojo de ainda estar vivo

sexta-feira, junho 16, 2006

troféu deprimente

não quero sair de casa nunca mais
quero quebrar todos os espelhos
quero esquecer de minha forma
quero esquecer de mim mesmo

a luz tem de estar apagada
pra eu não avistar nem sombra
desse troço saído da minha mãe
desse encosto sem alma

vê, eu te injuriei
eu te incomodei com meu carinho
isso é vergonhoso
eu sou uma erva-daninha

não quero sair debaixo da coberta
nem quero mãos passando pelo meu corpo
queria esquecer como fui fulgáz
como fui tolo

e meu último ato foi dos mais tristes
agora tens na estante um troféu
de um alucinado
de um ser deprimente

me esquece que eu
se pudesse também me esqueceria

quarta-feira, junho 14, 2006

cliché (a)batido e triste

você não sabe quanto eu queria agora do seu carinho, do seu colo
de qualquer um, pra ser sincero. mas vindo seu
seria tudo mais arco-íris
eu te afastei o quanto pude, é assim que testo as pessoas
eu fui mal. eu fui rude. não vês que é desespero?
não vês que é assombro? que sou um menino assustado?
que te amo e quero ficar ao teu lado
é tão difícil penetrar assim na minha crosta?
não vês que te digo: -não! - te aceitando em mim
e na minha alma
sabe, hoje eu pensei em você o dia todo
é clichê, á batido e infelizmente, é verdade
sua cara me rejeitando, e meu ódio tomando formas
por isso não queria, não podia me apaixonar
isso é uma doença sem cura
e com os amigos longe eu estou só abandonado
e com você longe estou triste, inconsolável
quem me dera ser uma mosquinha e voar para perto de você,
te ver no seu dia-a-dia,
me controlei o dia todo pra não te ligar, mas não dá
simplesmente não dá. a gente cuida daquilo que ama
e eu quero cuidar de você
às vezes quase desisto de minha missão
de me abandonar no mundo por você
mas eu sei que isso é farsa
é que hoje, só hoje, estou sem forças
sozinho e sem amigos. nem meus talismãs estão comigo
precisava tanto de você meu bem, sem palavras.
só botar minha cabeça no teu colo
e morrer um pouco ali
e me entregar, descer do meu cavalo
tirar minha armadura, tomar um banho e chegar
chegar em casa, chegar em meu lar, nos seus braços
sentindo o seu perfume e apaixonado
linda bailarina

pirraça e teima

era e era
não é mais
eras e eras atrás
eu fui
o que todos queriam que fosse
e hoje
ai meu deus
viram os olhos quando passo
fodam-se
lhes digo
fodam-se mais e mais
essa é minha vida
e eu faço o que quiser e puder
pra encontrar minha felicidade
vou errar feio eu sei
mas serão os meus erros
ninguém tem a capacidade
de segurar minhas mãos
nessas horas atormentadas?
então fodam-se
quer achar que eu não presto pra nada?
então foda-se
não presto mesmo
isso é até um elogio
para um narciso
isso é até uma elegia
para um nilista
essa pirraça é só que semearam em mim
anos atrás
bato o pé
não vou ser igual a vocês
não vou ter o mesmo fim!

tragi-comédia shakesperiana

não parece às vezes que a vida
como diria shakespeare
é muito barulho por nada?
que fazemos grandes atuações
em frente ao espelho
só pra nós mesmos
os meus atos mais nobres
foram solitários
como daquela vez que refreei
uma paixão por um amigo poder viver a sua
como daquela vez que mudei o mundo
jogando meu lixo e dos outros na caçamba
ou então quando fiquei com toda a turma até o fim do trabalho
mesmo o meu já tendo acabado fazia e jazia algum tempo
é no silêncio que acontece a vida
são nas metáforas que as coisas podem ser entendidas senão
não o serão
veja, ou se percebe ou não
é assim mesmo, um corte
e você minha cara perdeu essa,
não viu meu ato mais humano e desesperado,
eu rendido e esperançoso
sonhador enfim,
pedindo um carinho do seu lado
e salvação
essa você perdeu
e perdi eu
sempre perco eu!

POIS É- LOS HERMANOS

a música que está no meu ouvido, mente e sentimentos...


Pois é, não deu
Deixa assim como está sereno
Pois é de Deus
Tudo aquilo que não se pode ver
E ao amanhã a gente não diz
E ao coração que teima em bater
avisa que é de se entregar o viver
avisa que é de se entregar o viver

Pois é, até
Onde o destino não previu
Sei mas atrás vou até onde eu consegui
Deixa o amanhã e a gente sorri
Que o coração já quer descansar
Clareia minha vida, amor, no olhar
Clareia minha vida, amor, no olhar

segunda-feira, junho 05, 2006

chega

é isso aí
seis horas
mais uma noite que eu aguentei
as piores horas já passaram
agora todos acordam
e podem finalmente me embalar os pensamentos
e eu contra todos os prognósticos
estou vivo
nesta selva de pedra contra tudo e contra todos
fazendo e fazendo mal
a tudo que encosto
mesmo quando quero dar carinho
chega de pedir desculpa por eu ser eu mesmo
chega

sortilégio dos querem-morte

ah você não sabia
que passo a madrugada
me coçando em despedidas?

afinal o quê
um ser solitário
e debochado vai fazer?

a esta hora
de desabrochar meninas
de contos de suicidas...

como diriam nas festas juninas:
- é mentira!

voluntários...

entendo os suicidas
tomam nas mãos
seu destino cão
sentem frio mas ao ranger dos dentes
mordem a língua porque o sangue é morno
é consolo
queimam seus braços quando abraçam
mas não quando seguram navalhas e instrumentos de dor
acham que tudo está errado
(e está mesmo)
são os voluntários pra pegar esse bilhete de saída
de partida
há quem espera voltar num ambiente melhor
e há quem não
há os simplesmente que não suportam mais
desses eu entendo

a volta

sim reconheço
é o mesmo veneno
me atingindo
me tomando o corpo
me fazendo o copo
descer pela guela
me incendiando
e me jogando da janela

eu sei, achei que sobreviveria a mais uma primavera
sem essas andanças, sem essas mordaças
mas aqui estou em pé em frente a esse velho amigo
seus contornos que conheço, velho abismo
eu olho pra baixo e continuam as placas que deixei enquanto subia
dizendo: os sonhos não tem vez, deixe passar o dia
melindres da minha mais do que sofrida personagem
encarnada em alma neste mundo de águas sujas
e a placa mais decorativa no fundo dessa barragem:
- o que você precisa é de um impulso, vá lá Pula!

manual de pequenas coisas práticas 2

coisas que sei...
manchas na sua roupa te impedem de conseguir emprego
as "manchas" de pele também
pessoas sorriem quando estão nervosas
e choram quando querem atenção
as paredes são claustrofóbicas
as portas também
o que pode te salvar, geralmente, pode te esmagar
conselhos são oriundos de vidas não vividas
o poder é para poucos usufruírem
aos muitos sobram o resto, o vislumbre e a ganância
existem várias formas de batalha mas a mais cruel
é a de tentar...
os homens em geral estão em extinção
as mulheres estão masculinizadas demais
as crianças estão adultas
daqui a pouco nem os bebês se salvam
os adultos pôem seus sonhos nas costas das outras gerações
a vida é passageira
é dor e
é sofrimento
90% dos seus sonhos não se concretizarão
metade dos humanos é descartável e a outra metade também
você que lê isso discorda de 60% das coisas que estão escritas acima
(mas sentiu os mesmos 60% em algum momento da sua vida)
você sorri quando alguém te diz que é idiota continuar vivendo
você pensa que pensa sozinho sem interferências da midia
(ou apenas ignora essa interferência)
você pode até achar que eu sou louco mas algo diz aí que tenho um pouco de razão
você está errado até nisso, eu não tenho razão
...
e quanto aos sonhos?
eles são para quem dorme
eu sou insômine

quinta-feira, junho 01, 2006

não estão dando tão certo assim

estou achando que está voltando minha vontade de partir o mundo
e me partir nele
que seria, na verdade,
minha despedida
esse último ato nem quero pra mim mais (por enquanto)
quero só essa pretensa liberdade
de ser dono do chão que pisa minha sombra e só
isso acontece quando as coisas não estão dando tão certo assim
e elas de fato, não estão

poesia = carinho

devia de haver mais poesia na vida
sem ironias, sem histórias educativas
apenas poesia

arte, pelo simples pulsar do seu coração
pela simples razão de se sentir mais vivo
pela desobstrução dos seus sentidos

que houvesse poesia
que dela nos permitíssemos um alívio
uma pausa dessa constante vida
desse cinza martírio

que do tempo houvesse a hora do espetáculo
surgissem os fatos mais lindos
fôssemos levados
como expectadores passivos
arrebatados e colhidos

que a poesia surgisse
salvando corações da incerteza
pois veja
dessa vida triste
só a poesia nos daria a grandeza
de aguentarmos todos esses xistes
manias de esperteza,
armadilhas..., e de brinde

teríamos a confiança tal
de que a poesia
bela e fulgáz
nos alcamaria de qualquer espécie de mal