sexta-feira, junho 16, 2006

troféu deprimente

não quero sair de casa nunca mais
quero quebrar todos os espelhos
quero esquecer de minha forma
quero esquecer de mim mesmo

a luz tem de estar apagada
pra eu não avistar nem sombra
desse troço saído da minha mãe
desse encosto sem alma

vê, eu te injuriei
eu te incomodei com meu carinho
isso é vergonhoso
eu sou uma erva-daninha

não quero sair debaixo da coberta
nem quero mãos passando pelo meu corpo
queria esquecer como fui fulgáz
como fui tolo

e meu último ato foi dos mais tristes
agora tens na estante um troféu
de um alucinado
de um ser deprimente

me esquece que eu
se pudesse também me esqueceria

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