terça-feira, julho 25, 2006

iguaba pit stop

outro dia já vai passar
e eu não sei o que esperar
mas o que será?
mas o que será?
.
.
.
onde isso vai dar?
.
.
vai dar!
vai dar!
vai dar!


primeira letra e música (um sambinha) de uma amiga em especial que tem me resgatado à humanidade e salvado toda ela, postei aqui para me lembrar que muitas são as rochas, mas muitas são as flores também, obrigado, amo você

conselhos de amigos 2

ele negociou a sua alma
mas não teve o que queria
segurar um grão da praia
para sempre não podia
e agora acordar
e a cama vazia
tocar a vida em frente
nesta apatia

seguindo conselho de amigos
tentando encontrar artifícios
mi gusta de todo los otros
que não tem nada a ver comigo

um tratado
de paz sem guerra
um beijo já sem amor
morte na fila de espera
o grito que nunca ecoou
o esforço que não foi visto
o homem chorou e sangrou
e esta sensação que eu sinto:

que o mundo parou e mudou

conselhos de amigos 1

rezar por força toda manhã
aceitar que tudo que passas é para seu crescimento
vislumbrar que o bom quer te abraçar tanto quanto o mal
deixar-se sentir alegria por coisas boas
respirar
sorrir
esperar o que deve ser esquecido assentar
se desesperar menos
e nestes momentos: volte ao começo...
rezar...

quarta-feira, julho 12, 2006

um cantar de pneus...

pronto!
partir, ir
enfim e melancolicamente
agir em defesa própria
uma mudança de ares é sempre bem-vinda não?
uma proteção a mais sempre cai bem não?
vejam, esse é meu escudo...
e é só isso que terão de mim
eu que nasci uma flor
hoje aprendi em ser espinhos
vencer qualquer dor
e aceitar qualquer destino
eu que estou de verdade indo
não adianta nem me procurar
out of control
out of this world
entrei numa viajem em mim mesmo
e só saio pra lhes dizer:
nós os juízes abaixo assinado declaramos
este indivíduo: normal
não mais um páira, não mais um unique
não mais um gauche, ou um anjo-torto
igual a todos
igual e igual
e morto, por não aceitar essa condenação
mas antes teve de nós um tratamento justo
disse eu te amo a quem amava de verdade
deixou encaminhada as suas coisas
deixou até 20 harmonias numa fita gravada
ese ser que passou a atravessar ruas de olhos fechados
rir então do perigo
andava se equilibrando em meio-fios
batia a cabeça contra a parede
cortava até as pernas em tentativa de alívio
pois bem, enfim tudo acabou
a passagem redentora de estado afastou tudo isso dele
e nessa justiça. nós confiamos
desesperança, frustração e redenção!

nós, o tribunal de causas pequenas!

sobre efeito borboleta...

veja, desde criança esperam que eu seja veado
pois que seja, eu o sou
por repúdio total ao sexo oposto me declaro: gay
e por repúdio total à espécie humana me declaro: celibatário
agora vai ser assim na minha vida: sem contatos
sem maiores afagos
sem renúncias verdadeiras
só máscaras e ninguém vai desobstruir minha passagem
é isso que esperam de mim?
pois vou seguir sua cartilha
é ódio e redenção
sobre o que estou falando?
é ódio mortal
é pisar nos outros
usá-los e rir disso
é achar mais bonita minha vitória em cima dos seus tropeços
e sentir qualquer horizonte chegar mais perto
andando em cima de seus corpos boiando mortos

aqui me declaro, me abro
eu não sou mais eu
não tentem mais procurar por mim
porque eu já parti

aprendi a afastar pessoas de mim
e deixá-las seguirem seus rumos distantes
e mais felizes sem minha presença nefasta
sem meu toque de midas agorento

pois vão borboletas
liberdade para vós!

sábado, julho 08, 2006

do ultimo miterrand

"amar a indiferença aos acontecimentos"
.
.
.
"você ainda sofre demais"

lixo orgânico 2

"mereces de mim minha mão em tua fuça
pra ver se aprende a ser gente"
quisera eu ser homem de bater
e não de apanhar
quisera você um dia a mim?
fostes como todas as ondas da minha vida
trouxe deslumbramento, rendição e afogamento
fostes como todas as pedras cortantes
só abriu mais ainda meus pulsos
olhastes dentro de mim e vomitou lá dentro
essa sua loucura, esse seu drama
lavo minhas mãos
como maluco declarado
não posso ser doutor em nada
exceto em abraçar a mim mesmo
que é o que me basta
pois estão todos sempre ocupados demais
(e eles estão certos nisto)
em viver suas malditas vidas

sexta-feira, julho 07, 2006

quase

quase...

quase um passo pra fora disso tudo
quase respiro aliviado então
porque é alívio que busco
é fuga dessa prisão
é medo de continuar neste turbilhão
de atos e desculpas
de tristezas e falsas esperanças
sinto que não me adapto, só isso
acho que estou no lugar errado
alguém deve ter se enganado
...
quase tudo isso virava apenas letras
lágrimas secas
quase...

ontem, a quase um passo pra fora disso tudo
finalmente eu cairia no mundo
e transgeneceria meu todo
sempre escondido
sem recados, sem avisos
em uma semana iam dar falta de mim
imagina onde eu já estaria...

quase...quase

eu sei o que me me segurou
o meu cinto de segurança
são os mesmos sonhos tolos
que costumam sapatear tanto pelo meu túmulo
e amigo, quando eu digo quase, foi quase mesmo!

precisando de vigilância
help, please!

quarta-feira, julho 05, 2006

JúFêFranDú e eu

nós somos cinco
somos diferentes em quase tudo
mas nos amamos mesmo assim
nós estudamos juntos
mas já passou e hoje
é só vontade de ficarmos uns com os outros
mesmo que só de vez em quando

uma, é um sorriso alaranjado
um sol de aconchego
viagens em sandálias e saias curtas
é criança brincando com seus brinquedos
é riso, fanfarronice e ternura
é força de rocha na beira de uma cascata
é "construidora" dos melhores abraços
é bonita como a Angelina
especialmente quando apaixonada
é vontade de sempre seu carinho receber
e como ela diria daquela forma engraçada:
- pode querer!

outra, é paixão, é fogo
é vulcão, é arrasa-quarteirão
é um chicote e quando se menos espera
é paz de mãe
é um colo o seu seio
é risada estraçalhada, vingativa e maquiavélica
mas é só fachada
essa assassina ideal que só veste preto
há muito está de férias
segue a cartilha de roma:
aos seus tudo, mas tudo mesmo!
todo o carinho do seu berço

outro, e digo meu companheiro masculino desse grupo
impossível não sorrir de pensar em você
desengonçado, atrapalhado, muquirana e feliz
invejosamente feliz
eu viveria mil vezes dentro do seu cérebro
o lugar mais legal que já vi
um tropeço de carinho
as melhores palavras
os gestos mais bonitos
em sinceros encontros de almas
é assim,um pouco mambene, um pouco atrapalhão
um pouco filho, muito sorriso,
muito gostoso (ai que inveja)
e mais que tudo um irmão

outra, é a inicial, muito obrigado
foi quem me chamou pr´essa roda
minha eterna dívida com você
carinho encarnado
há quem te veja quase um estrondo
há quem queira te atropelar
ela pede colo em silêncio
e balbucia adeus quando te abraça
é força da natureza, nada a pára
nada a retém, a não ser quando ela deixa
e num pote de amizades eu te peneirei
algumas e algumas vezes
é doce, simples assim
é quem muitas vezes chega mais perto de mim

e eu os assisto, os vejo
não acredito
que mereço
deles uma boa ação
pois, são todos lindos!
são maravilhosos
talvez o que me console neste mundo é saber que tenho bom gosto
de andar com eles
de amá-los, a todos!
os amo meus amigos
e obrigado por tudo

domingo, julho 02, 2006

uma boa mijada...

precisava falar sabe?
Precisava encher bêbado de palavra o meu soluço noturno
Me perder em passeios românticos
As constelações entrando em sua barraca
O verso livre e a cabeça pesada
Sentindo entrar o estado vegetativo
Que paralisa suas respirações vazias
O meu coração é cheio de ódio
E o meu pulmão é uma desgraça
Tusso o mundo que sou obrigado a engolir
O filho que devo acolher entre as minhas pernas
Que não pari, que ninguém pariu
E todos lavam suas mãos
Sobre o sangue do profeta
Que palavrão este último
é tanto que mereço um castigo
Mas hoje me dou um tempo
Ao menos...
Para uma boa mijada

selado e entregue

esta semana meu ato mais feliz foi o mais desesperado
foi sem esperança, rancoroso e desarmado
embaraçoso e até nauseante

hoje não me olho mais
tamanho desconforto
mas no dia
eu merecia
tudo de bom do vinho
e da vida
eu me desfiz em estilhaços
eu me despi em letras e tinta
eu me afugentei em uma carta
singela carta de amor
e adeus
um adeus de toda esperança
de todas as mudanças boas
de qualquer embrião de que eu seja diferente
e naquele papel, mais do que um sonho desfragmentado
estavam minhas vontades e eu mesmo indo selados
fundidos em dor, ódio e mágoa
resumidos em desespero
eu que não me aguento desses grandes gestos, dessas grandes piadas
eu que não me aguento mais
sem orgulho
e triste
por saber que não tem chance e
por estar rendido, rendido por fantasmas que não habitam esse plano
entregue...

e em um último ato de navegança,
me jogar contra o mar
pois é do cais que vem essa saudade do mar
pois, todo cais é uma saudade de pedra

asfixiado

acordei asfixiado sem respirar
por um momento senti alívio
enfim era chegada a hora tão sonhada
o fim desse drama
mas mesmo assim meu instinto me traiu
a natureza me venceu mais uma vez
tentei puxar um pouco de ar e o maldito veio
assim como a sensação de estar sufocado
porque ele veio mas não sem arder meus pulmões
pensei e me vi nitidamente enclausurado
numa jaula contra um vidro impressado

essa asfixia, esse drama, esse sufoco
essa clausura, essa impressão
eu sei de onde vêm
vem do meu silêncio
do meu abafar sentimentos
da minha gargantilha apertada
do meu cala boca
da minha restrição
tudo que não posso mais falar
tudo que não devo mais sentir...

"Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo."

entre aspas parte do poema de sete faces do drummond maior de todos

E Agora, José? -Poema de Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
E agora, José?

Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

essa é a sensação de agora bem melhor dito pelo maior de todos