sábado, agosto 26, 2006

parábola da humanidade

é o que se espera de todos não?
um pouco de coleguismo afinal estamos todos no mesmo barco
então por que não alcanças nem o que podes com seu braço
pra fazer carinho em que os outros se sintam mais animados
se desvia o olhar quando um outro ser humano lhe suplica
quando procuras abrigos em viagens de seringas
o que é natural ao ser humano? e o que é artificial?
é normal ou comum... eu pergunto
viver um dia após o outro sem um abraço
se sentir fragilizado
tanto assim?
tudo isso pelo quê?
se sentir mais dono de si mesmo?
mais universo em si mesmo?
presas estão as mãos,
mas sonham estar de mãos dadas
vivemos neste mundo do toque sem contato
do olhar sem ver
ou pior, de desviar a vista quando alguém lhe pede ajuda
eu sou assim também
fujo de assaltantes dos outros com medo de sobrar para mim
atravesso a rua quando vejo alguém vindo na minha direção
na verdade, os outros fazem isso por mim: eu sou negro!
que esfera de medo é essa que nos cerca
somos tão ruins assim?
às vezes acho que sim,
às vezes acho que não
mas sempre acho que não vale a pena seguir deste jeito
se vamos continuar que seja para melhorar
ou então desistamos de tudo
apertem o botão e que recomece toda essa tragicomédia barata
em letras garrafais seu título:
PARÁBOLA DA HUMANIDADE
começo meio e fim
e sempre perdidos como cegos em tiroteio

sexta-feira, agosto 25, 2006

natascha-fênix?

rastejar oito anos em metros quadrados
vizualizar só meu agressor
esquecer meu nome
ser apenas um buraco
um depósito
aprender as novas regras desse mundo mundo
nem tão vasto assim mundo
de parede e paredes
de saber quando vêns
quando me entrará a porta e as carnes
em meu intímo não sabes
mas desde criança faço piadas
com suas caretas
com partes do seu corpo
é onde guardo o pouco de humano que não me tomastes
chamo de julgador seu dedo
que é quem me fere primeiro
e de futuro o seu pé
pois é para onde olho na maioria das vezes que quero fugir
é onde vislumbro meu futuro
e um dia eu vou sair
e acho bom que te peguem morto
por que senão....

presa esses anos todos numa garagem
vê se pode?
qualquer um pode fazer isso
como confiar de novo em alguém vivo?
o que me satisfaz é pensar em seu corpo balançando
enforcado depois de se matar
só isso...

depois de todas essas cinzas
nem sei ao certo
o que esperar....

quinta-feira, agosto 24, 2006

balada para amigo distante 2 (e boboca)

o que eu sei de você e suas necessidades
é o que sei de mim neste estado
e talvez isso seja uma força
um axé, oxalá que seja boa!
acho que o tenho em meu peito
o suficiente para te chamar de amigo
acho que sagrada é a vida
tenho para mim que essas experiências serão infinitas
e nos corredores de lamaçais ou de pradarias
um olhar bem vindo é mais que um carinho
e meu ninho é assim,
feito de palavras, consolos
meio gay, eu sei
mas cheio de risos

às vezes e pelos outros, eu consigo ser diferente
cantar uma nota no ritmo dos felizes
não ser deprimente
não viver de medos, às vezes...
me desço das minhas certezas
dos meus cipós envenenados que me sacolejam com tanta veêmencia
para pairar no chão e lhes dizer: até que não é tão mal!
me esqueço, me destronco e por isso agradeço
hoje, amigo vou pensar em você
é quase um abrigo, é um carinho
é um abraço póstumo, talvez tardio
mas é o que posso fazer
além é claro de te transportar pras minhas bregerices
e contos mal sucedidos
que irão lhe afastar outros mal pensamentos por um segundo
ou mais...

talvez estejamos todos na mesma merda
mas eu te digo: estamos juntos
em linhas cumpridas e tortas,
é mais do que me importa

quinta-feira, agosto 17, 2006

mundo: pistas de você

acho que seria mais feliz preso em uma cela
livre do mundo
pelo menos por um bom tempo
o que me dói é ver
olhar tudo isso
meninos de rua
paquidermes transando e se proliferando
a lógica dos justos operando pela frente
e por trás te roubando a alma

mas o que mais me aguda o espírito
é sentir no mundo
em tudo que me viro nele
que tudo, tudo mesmo,
irônica e tristemente
me faz lembrar de você.

for no one - beatles

Your day breaks, your mind aches,
You find that all her words of kindness linger on,
When she no longer needs you.
She wakes up, she makes up,
She takes her time and doesn’t feel she has to hurry,
She no longer needs you.
And in her eyes you see nothing,
No sign of love behind the tears cried for no one,
A love that should have lasted years.
You want her, you need her,
And yet you don’t believe her,
When she says her love is dead,
You think she needs you.
And in her eyes you see nothing,
No sign of love behind the tears cried for no one,
A love that should have lasted years.
You stay home, she goes out,
She says that long ago she knew someone but now,
He’s gone, she doesn’t need him.
Your day breaks, your mind aches,
There will be times when all the things she said will fill your head,
You won’t forget her.
And in her eyes you see nothing,
No sign of love behind the tears cried for no one,
A love that should have lasted years

Por Ninguém
(Lennon/McCartney)

Seu dia nasce, sua mente dói
Você descobre que todas as suas palavras carinhosas
Continuam ressoando
Quando ela já não precisa mais de você
Ela acorda, se maquia
Ela utiliza seu tempo
E não sente (que) tenha que se apressar
Ela já não precisa mais de você

E em seus olhos você não vê nada
Nenhum sinal de amor atrás das lágrimas
Choradas por ninguém
Um amor que deveria ter durado anos

Você a quer, você precisa dela
E no entanto você não acredita nela
Quando ela diz que o amor dela está morto
Você acha que ela precisa de você

E em seus olhos você não vê nada
Nenhum sinal de amor atrás das lágrimas
Choradas por ninguém
Um amor que deveria ter durado anos

Você fica em casa, ela sai
Ela diz que há muito tempo ela conheceu alguém
Mas agora ele se foi
Ela não precisa dele
Seu dia nasce, sua mente dói
Haverá momentos
Quando todas as coisas que você disse
Encherão sua mente
Você não a esquecerá

E em seus olhos você não vê nada
Nenhum sinal de amor atrás das lágrimas
Choradas por ninguém
Um amor que deveria ter durado anos


as vezes palavras já ditas dizem muito mais pela gente que as nossas próprias

quarta-feira, agosto 16, 2006

auto afirmação sanatorial

por enquanto chega disso
desse lamúrio gotejante
afinal eu também sou escracho
eu sou vinho quente
seda rasgada
e veias entupidas
sorrisos sem dentes
com a alma limpa
mas veja você
a lua em forma de melancia
da cor de O.B. usado
de joelhos recém curados das crianças
tudo isso pra esquecer
que quero...
e não ouso falar neste escrito o quê
este está salvo
será debochado
louco
imperdível
- venham, comentem o quanto eu sou fantástico
desde o Bozo todos adoram um palhaço
especialmente os loucos
eu até babo,
dependendo do espetáculo
eu até cuspo todo meu escárnio
e ódio por isso tudo
por estar comendo pão amassado
e ter que buscar meu destino em entulhos

sabe do que mais?
foda-se
eu rio e ninguém pode tirar esse riso da minha cara
estou vivo até que me provem o contrário

altos e baixos- por esses dias

por esses dias eu jorrei sangue e sorri
achei que ia morrer e senti Deus
cai em depressão e perdi um sonho
não durmi e não senti alívio
senti saudade e senti rejeição
me senti querido e fui amado
desprezado e contido
tocado e esquecido
preterido até pelo Diabo...

por esses dias venci um medo
perguntei uma pergunta e ouvi a resposta
escutei que nada faz mesmo sentido e sorri
dancei e fui flagrado
odiei e amei a companhia
me rendi um pouco menos aos meus medos
e me desesperei de vez em quando
chorei quando voltava para casa
chorei indo para o trabalho
quis fugir da vida
e me despedir de tudo
fiquei e vi meu pai
meu medo concretizado em futuro
"serás ainda assim" sussurra o destino
mas minha irmãzinha estava lá comigo
segurando a minha mão e rindo para mim
e eu a amei como nunca

por esses dias
vi olhos de amor para mim e agradeci
dei de volta um pouco da minha aflição
mas também do meu desejo e afeto
e assim vamos nos entendendo

por esses dias voltei a olhar coisas esquecidas
que na verdade me são proibidas de olhar
e juro que tento, perdoar e pedir perdão
só quero fazer passar, só isso
mas minhas costas ainda dõem
e meu primeiro pensamento ainda é lamento...

por esses dias fiz a coisa mais foda da minha vida
toquei minha guitarra num show
toquei até gaita
por esses dias eu vivi um sonho
que desde os treze me acompanha
nem sei como isso me toca
é difícil mencionar como tudo isso está ligado

um amor, uma paixão, um fim, um destino, a morte de outro
a saudade, a depressão, o perdão...a vida

em resumo: por esses dias houve vida
para o bem e para o mal

e houve o show da banda! com seus altos e baixos
tudo com com seus "sims" e poréns.

sábado, agosto 05, 2006

escolhas de rota

o que é que tem? ser zen
sem tijolos, sem grandes mulharas?
vencidas as batalhas
o homem enfrenta a si mesmo e perde
cai em choro
mais uma história desperdiçada
o momento que mais me identifico com jesus
é o do: - pai por que me abandonastes?
e depois disso?
faremos como o musashi, ajudar o mundo para ajudarmos a nós mesmos?
voluntários nesta busca de si mesmo?
qualquer causa é nobre se a empreitada é a melhora pessoal ou coletiva
(cara, eu odeio auto-ajuda, mas não tô dando conta de encarar tudo isso)
o meu cinismo não me deixa ver essa felicidade que se compra na tv
é foda
eu queria ser ignorante, tomar cachaça, "cumer" puta na v.m.,
querer ter filhos, trabalhar de pino a pino, e votar no alckmin
eu queria ser mais um desses filhos padrões da classe "mérdia"
vomitam boas ações e engravidam a filha da empregada
condenam chacinas e dirijem bêbados
ouvem madonna e estupram mulheres à noite
ou dá ou desce
é assim que queria encarar a vida
rir dos plebeus
e ignorar minha burrice diante do mundo

talvez um dia eu consiga me transformar nisso
é tudo que o mundo precisa mesmo, mais um pelego,
só me reservo o direito sagrado e exclusivo
de chorar respeitosamente quando o Fidel morrer.

cartilha, confissão e conclusão

tento lembrar de tentar ser mais feliz
tento lembrar de esquecer o que me dói
me adaptar, me esvair em suas marés, vida
tomar de assalto isso que nos cabe
apenas isso: o momento
e fazer disso a chave do meu tesouro
esquecer sofrimentos
esquecer sofrimentos
repito pra mim mesmo uma oitava acima
pela frente uma inteira vida
apagar o que vem de trás...
ser uma tábula rasa
ser um quadro de giz
adivinhar sorte e espelhar sorrisos
e quando aquela montanha barrenta e lamascenta me ferir
esquecer...
não olhar mais
aprender a "perdoar e a pedir perdão"
ser menos que tudo e mais do que nada
e me comportar de acordo

...

é engraçado que ainda tenho medo das pessoas
1,82 de altura, jovem, quase forte, "dou porrada"
e assim, um pluft com medo dos vivos
veja você, é que me desespero com facilidade
é que teimo em ser frágil
quando deveria transpor tudo que me incomoda
ou melhor, não deixar me atingir nada disso que me tritura
me despedaça e ri da minha desgraça

é que a vida é jogadora
e eu, queria apenas observar fora do tabuleiro
mas somos todos peões
somos todos peões...

quarta-feira, agosto 02, 2006

previsões

a tempestade ainda virá
daquelas que destrõem até dutos subterrãneos
seremos atropelados em nosso destino cruel
serão devaneios o que nos tomam quando abrimos os olhos?
sim! são devaneios
não passa de ilusão essa sua força mas é o que tens
não passa de desespero essa sua ação, mas é o que podes fazer
mas calma!
seremos todos montadores de fords 1000 em série
seremos todos exemplos da produção em cadeia
seremos todos guiados e levados por combustível bio-diesel-degradável
ela não deixou escapar nada
com uma mão segura o futuro e com a boca (con)vence o passado
essa mesma boca que passeei
que me viu arder e chorar
hoje faz a festa em ouro com outro alguém
hoje não me fez nem um roçar
e eu sei tristemente que não importa o que fizer
rezar, espernear,sorrir, viver...
tenho em mim uma certeza encravada
como farpa em ferida seca
a tempestade ainda virá....