deixa

deixa eu te olhar
passar meus olhos por você
e esquecer um pouco toda a tristeza
desse imundo mundo
deixa eu ver sua beleza
deixa eu sentir seu toque
e viajar em desejos
que nem me pertenciam antes
que nem me reconheço mais
e que nunca ouvirás da minha boca dizer
turrão que sou
finjo que não sempre
deixa eu te beijar
deixa vai?
deixa eu encostar meu nariz em tua nuca
e te cheirar
me apropriar do seu cheiro de sabonete
que me leva em viagens de invejar papai noel
e peter pan
pois vou muito mais longe
minha imaginação e seu corpo
são propulsores de vôos em velocidade da luz
em que percorro todo o universo
deixa eu sentir seu gosto
agridoce, molhado
gosto de vulcão, de pelúcia e tecido desfiado
mistura de sentidos
deixa eu te abraçar por trás
sentir cada pêlo da sua nuca no meu lábio
se deixe arrepiar e me passe a sua unha na coxa
aperte a minha bunda e me pegue de jeito
deixa meus dedos brincarem em você
fazer melancolicamente esse trajeto
com calma e ternura
deixa...
deixa de ficar tão longe
e vem mais pra perto
que assim eu esqueço
das minhas faltas e falhas
deixa eu te enlaçar os pés
e enrroscá-los nos meus
em balé de amantes e pelicanos
deixa nossas pernas roçarem
nossa pele em atrito
e meu peito em tuas costas
deixa e sinta o que você faz comigo
me colocando de castigo
me atiçando e fugindo
com asas que deus te deu
anjo que és
linda que és
deixa eu me aventurar em seu corpo
seu dentro
meu inteiro
e nós dois usados e suados
você me perguntando:
-você quer me torturar?
mais do que você me aflige meu algoz?-lhe pergunto eu
sabes como é passar o dia nesta tensão?
as roupas apertam a carne
as roupas ásperas.
machuca de vontade de te ter aqui agora
quase saiu um "e sempre"
mas eu me prometi não percorrer
mais esses caminhos
tenho medo do que me causas
te quero mas não quero por inteiro
por que não posso nem quero me dar
por nada mais neste mundo quero me perder
a não ser temporariamente
que é o que faço com você
pelo menos por enquanto
minha mais que encanto
minha nada,
esquece isso!
deixa de ser babaca menino
e pára de ser um sonhador babão