Adeus nome meu
carrega pra longe esses velhos ossos
tanta tranqueira
história de mortos
e alegrias passageiras
Adeus rascunho de ser humano
você esmiuçado pelos olhares agudos
pelas fofocas obtusas
de velhinhas sentadas no portão
sentiu na antiga pele as chibatas
e seu maior erro
foi tentar colocar um prego
no meio da cachola
desses que só pensam em seguir adiante
A dúvida, deusa da sua antiga vida
quando se chamava crente
foi suplantada
não há força maior que a necessidade
não há gravidade mais forte
que faça tremer nas suas bases
e te fazer ficar de joelhos
de boca aberta e esperando o coito
e viva o dinheiro, esse sádico!
sábado, dezembro 22, 2012
quarta-feira, novembro 21, 2012
meu silêncio compra inimigos
meu silêncio compra inimigos
e afasta pessoas
bem, entrem na fila do parquinho
um bilhete e uma pipoca
no mural um aviso
reitero minha escolha
de oferecer com quem é digno
um pedaço de torta
mas ei, isso é só um circo
palhaços, chicletes e lona
não leve tão sério isso
ouça a canção que entoa
na jukebox um disco
uma brisa boa
assim não se corre riscos
guerrear à toa
eu guardo meus sorrisos
pra quem comigo apregoa
mas nem por isso
uso pau e pedras contra quem me caçoa
eu sigo
na minha bolha
seguindo um hino, indo e indo
palavra que voa
...
aventurar-se até onde é possível
mesmo que doa
viver bem em um dia lindo
mesmo que chova
e afasta pessoas
bem, entrem na fila do parquinho
um bilhete e uma pipoca
no mural um aviso
reitero minha escolha
de oferecer com quem é digno
um pedaço de torta
mas ei, isso é só um circo
palhaços, chicletes e lona
não leve tão sério isso
ouça a canção que entoa
na jukebox um disco
uma brisa boa
assim não se corre riscos
guerrear à toa
eu guardo meus sorrisos
pra quem comigo apregoa
mas nem por isso
uso pau e pedras contra quem me caçoa
eu sigo
na minha bolha
seguindo um hino, indo e indo
palavra que voa
...
aventurar-se até onde é possível
mesmo que doa
viver bem em um dia lindo
mesmo que chova
domingo, outubro 28, 2012
Marchinha Rubro-negra!
E esse povo sofrido?
É rubro-negro!
E essa gente alegre?
É rubro-negra!
E o povo brasileiro?
É rubro-negro!
Feliz dia do flamenguista a todos bem nutridos de sonhos
de raça, amor e paixão
Nós que acreditamos no impávido, no impossível
e testamos os limites das certezas
Somo tantos que dizem só há o Flamengo no mundo
o que não é Flamengo é anti-matéria.
E esse povo sofrido?
É rubro-negro!
E essa gente alegre?
É rubro-negra!
E o povo brasileiro?
É rubro-negro!
É rubro-negro!
E essa gente alegre?
É rubro-negra!
E o povo brasileiro?
É rubro-negro!
Feliz dia do flamenguista a todos bem nutridos de sonhos
de raça, amor e paixão
Nós que acreditamos no impávido, no impossível
e testamos os limites das certezas
Somo tantos que dizem só há o Flamengo no mundo
o que não é Flamengo é anti-matéria.
E esse povo sofrido?
É rubro-negro!
E essa gente alegre?
É rubro-negra!
E o povo brasileiro?
É rubro-negro!
segunda-feira, outubro 08, 2012
Carioca fugidio (um manifesto)
Manifesto,
Esse é o Rio que não me representa
Esse oba-oba, paraíso artificial de paixões humanas
E de natureza imbatível
Essa pecha ilusória de bom samaritano que finge estar amoado
Pelos seus pares que pegam três horas de trânsito diário
Essa fixação em parecer povo e pisar constantemente nele
O autoritarismo do silêncio às críticas, às vezes por dinheiro
Às vezes por bala mesmo
Nada disso reconheço Carioca
Não é isso que eu vejo...
O que eu vejo e o que eu sou
A cidade que minha mãe escolheu viver e me pariu é mui mais que isso
Mui mais que esses...
Pobre de nós que vamos ficar à mercê destes homens que podem tudo
E não fazem nada,
Que escolhem sempre o pior para os melhores
E o melhor para eles mesmos
Eu vou viver ainda mais um tempo nesta cidade, nasci e cresci aqui
Mas arrumo as malas, aos poucos e parto
Aqui é terra de homens maus que te cospem, te usam
Eu perdi o estômago há tempos
Pra acompanhar essa chacina
Infelizmente, não há nada que eu possa fazer, só lamentar...
Arrumar minha trouxa, trouxa que somos, e partir...
Esse é o Rio que não me representa
Esse oba-oba, paraíso artificial de paixões humanas
E de natureza imbatível
Essa pecha ilusória de bom samaritano que finge estar amoado
Pelos seus pares que pegam três horas de trânsito diário
Essa fixação em parecer povo e pisar constantemente nele
O autoritarismo do silêncio às críticas, às vezes por dinheiro
Às vezes por bala mesmo
Nada disso reconheço Carioca
Não é isso que eu vejo...
O que eu vejo e o que eu sou
A cidade que minha mãe escolheu viver e me pariu é mui mais que isso
Mui mais que esses...
Pobre de nós que vamos ficar à mercê destes homens que podem tudo
E não fazem nada,
Que escolhem sempre o pior para os melhores
E o melhor para eles mesmos
Eu vou viver ainda mais um tempo nesta cidade, nasci e cresci aqui
Mas arrumo as malas, aos poucos e parto
Aqui é terra de homens maus que te cospem, te usam
Eu perdi o estômago há tempos
Pra acompanhar essa chacina
Infelizmente, não há nada que eu possa fazer, só lamentar...
Arrumar minha trouxa, trouxa que somos, e partir...
sexta-feira, agosto 31, 2012
Viva Jards Macalé
Ando apaixonado por dois homens! E velhos! Keith Richards e Jards Macalé. Sobre o segundo, só num país com tantos gênios esse homem pode andar na rua impunemente com vestes de normal.
Acho mui loquaz e cheio de significados profundos que me tocam e arrepiam a alma, quando eu vejo o Macalé tocando seu violãozinho com cerca de 70 anos na cabeça, no meio da ocupação do Canecão e toda a juventude cantando todas as músicas...
Essa mesma juventude que adota o Transa como o melhor do Caetano, sendo que as gerações passadas nem ouviram direito este LP (e tinha o Jards na banda e arranjos, pode ouvir e sacar como a sonoridade é parecida com o LP "Jards Macalé" e todas as questões que fazem os contemporâneos gostarem de um, tanto quando do outro).
Essa música misturada e moderna, viva, cheia de mudanças de ritmos, re-afirmativa e re-inaugurativa de um estilo: brasileiro.
Essas músicas que (algumas ) mesmo em inglês só cabem na identificação de MPB. por exemplo:
Num momento que estou reunindo coragem para compor minhas músicas para um novo Cd é ótimo entrar em contato com essas coisas...
No programa do Provocador Abujamra peguntado sobre as razões da música antigamente ser melhor que a atual ele responde:
"A inventividade, o descompromisso em ter de fazer sucesso...
não o sucesso obrigatório, mas primeiro a invenção, a aventura da invenção"
Jards, gênio...
Essa é foda!
Acho mui loquaz e cheio de significados profundos que me tocam e arrepiam a alma, quando eu vejo o Macalé tocando seu violãozinho com cerca de 70 anos na cabeça, no meio da ocupação do Canecão e toda a juventude cantando todas as músicas...
Essa mesma juventude que adota o Transa como o melhor do Caetano, sendo que as gerações passadas nem ouviram direito este LP (e tinha o Jards na banda e arranjos, pode ouvir e sacar como a sonoridade é parecida com o LP "Jards Macalé" e todas as questões que fazem os contemporâneos gostarem de um, tanto quando do outro).
Essa música misturada e moderna, viva, cheia de mudanças de ritmos, re-afirmativa e re-inaugurativa de um estilo: brasileiro.
Essas músicas que (algumas ) mesmo em inglês só cabem na identificação de MPB. por exemplo:
Num momento que estou reunindo coragem para compor minhas músicas para um novo Cd é ótimo entrar em contato com essas coisas...
No programa do Provocador Abujamra peguntado sobre as razões da música antigamente ser melhor que a atual ele responde:
"A inventividade, o descompromisso em ter de fazer sucesso...
não o sucesso obrigatório, mas primeiro a invenção, a aventura da invenção"
Jards, gênio...
Essa é foda!
terça-feira, agosto 28, 2012
Vida - Keith Richards
Algumas partes do livro autobiográfico do Keith Richards dos Stones, por quem aliás, acabei desenvolvendo uma extrema apreciação carinhosa e aumentou após o livro.
Então, os primeiros tempos da arte mágica de tocar com a
guitarra começaram. Você saca o que é capaz de fazer quando toca
guitarra junto com outro músico, e o que os dois podem fazer é elevado
à décima potência, e então você traz mais gente. Tem uma
coisa que é linda, amistosa e elevada quando um bando de músicos se
junta pra fazer um som. Esse mundo, pequeno e maravilhoso, que é
inexpugnável. É realmente um trabalho de equipe, um dando força
para o outro, e todos em busca de um único objetivo, e por algum
tempo não surge nenhuma nuvem no horizonte. E ninguém está conduzindo
o processo. Depende totalmente de você. É jazz de verdade:
eis o grande segredo. Rock and roll é somente jazz com forte acentuação
na cabeça do tempo.
Uma das primeiras coisas que aprendi sobre como tocar guitarra
foi que nenhum desses caras estava de fato tocando acordes diretos.
Tem alguma coisa que jogaram no meio dele, um toquinho a mais.
Nunca nada era só um acorde maior e pronto. Sempre um amálgama,
uma coisa que vinha com a notinha de contrabando, um tequinho de
som, mínimo apêndice. Não tem nada “como deve ser”, tem só o que
você sente, como você acha que é. Tem de descobrir a sua forma no
meio daquilo tudo. Basicamente, um mundo bem sujo. Tocando meus
instrumentos, o que eu descobri, principalmente, foi que, na verdade,
quero tocar alguma coisa que deveria estar sendo tocada por outro instrumento.
Eu me percebo tentando tocar na guitarra as frases do
sopro, o tempo todo. Quando eu estava aprendendo a fazer essas
músicas, percebi que geralmente existe uma nota só fazendo alguma
coisa e que a coisa toda funciona por causa dela. Em geral, é um
acorde suspenso. Não é um acorde cheio, é uma mistura de acordes
que adoro usar até hoje. Se você está fazendo um acorde tradicional,
qualquer coisa que aconteça em seguida tem de vir com um extra
qualquer. Se for um acorde em lá, pode ser uma pitada de ré. Ou, se é
uma música com um clima diferente, se for um acorde em lá, uma pitada
de sol deve entrar em algum momento, o que cria uma sétima e
esta então pode te mostrar por onde ir em seguida. Os leitores que
preferirem podem pular essa parte do Keef’s Guitar Workshop, mas
mesmo assim estou revelando estes segredos, que criaram os riffs com
acordes abertos algum tempo depois, aquelas progressões que estão
em “Jack Flash” e “Gimme shelter”.
Tem quem goste de tocar guitarra.
Nosso negócio era tocar blues de Chicago. Era para aí que levávamos
tudo o que sabíamos. Era nosso ponto de partida, Chicago. Olhe
o rio Mississippi. De onde ele sai? Para onde vai? Siga o rio, subindo
291/752
sempre, e você vai dar em Chicago. Também acompanhe a forma
como esses artistas gravavam. Sem regras. Se você seguisse a maneira
normal de gravar, sairia tudo errado. Mas o que é certo e errado? O
que importa é o que chega ao ouvido. O blues de Chicago é cru, rouco,
cheio de energia. Se quiser gravá-lo clean, esqueça. Quase todos os
discos de blues de Chicago que a gente ouve saem de uma soma
enorme, carregando o som em camadas de várias espessuras. Ouça
uma gravação de Little Walter. Ele dá a primeira nota e a banda desaparece
até a nota terminar, porque ele sobrecarrega a nota. Quando se
faz uma gravação, basicamente procuram-se distorções. É essa a liberdade
que a gravação lhe dá, a de ficar brincando com o som. Não é
uma questão de força bruta, é sempre uma questão de experimentar e
tocar. Ei, este microfone é legal, mas se o colocarmos um pouco mais
perto do amplificador, e depois usar um amplificador menor no lugar
do maior e afastar o microfone, deixando-o bem na frente do amplificador,
e cobrir o microfone com uma toalha, vamos ver no que vai
dar? O que você está procurando é onde os sons se misturam e você
percebe a batida por trás. O resto tem que se entrelaçar e rolar através
de tudo. Se mantiver tudo separado, fica insípido. O que se quer obter
é força e poder, sem volume — uma força interior. Achar uma
maneira de aproximar tudo o que se está fazendo no estúdio e criar
um som. Não são duas guitarras, piano, baixo e bateria, são uma coisa
só, não cinco. Você está lá para criar.
“Flash”. Porra, que gravação! Toda a minha parte se organizou e
ficou pronta em um gravador cassete. Com “Jumpin’ Jack Flash” e
“Street fighting man” eu tinha descoberto que podia tirar um som
novo do violão acústico. Aquele som, tormentoso, sujo, saía daqueles
moteizinhos de terceira nos quais a única coisa que você tinha para
gravar era aquela nova invenção, o gravador cassete. E ele não incomodava
ninguém. De repente, você tem na mão um superminiestúdio.
Tocando o violão, você dá uma sobrecarga no gravador Philips
até o ponto da distorção. Assim, quando se toca outra vez, o que se
tem é efetivamente uma guitarra elétrica. Você usa o gravador cassete
como captador e amplificador ao mesmo tempo. Você força o som
do violão através do aparelho e o que sai do outro lado é infernalmente
elétrico. É uma guitarra elétrica pulando viva em suas mãos. A
mesma coisa que pegar um peixe-elétrico. O som do violão acústico é
muito seco e você tem que tocá-lo de maneira diferente. Mas, se você
eletrificar esse som diferente, consegue um timbre e um som espantosos.
Sempre gostei muito de tocar violão acústico. Aí pensei, se eu
puder lhe dar um pouco mais de potência, sem torná-lo elétrico, vou
conseguir um som diferente. Ele zune um pouco no alto. É inexplicável,
mas foi uma coisa que me fascinou na época.
No estúdio, pluguei o cassete numa caixa acústica pequena de extensão
e coloquei um microfone em frente à caixa acústica de extensão,
para dar um pouco mais de amplitude e profundidade. Aí,
liguei a fita. Esta foi a base da trilha. Não há instrumentos elétricos
em “Street fighting man”, a não ser o baixo, que eu gravei depois em
playback. Usamos só violões acústicos. O mesmo com “Jumpin’ Jack
Flash”. Gostaria de ter continuado até hoje, mas não fabricam mais
aparelhos daquele tipo. Um pouco depois, colocaram um limitador no
aparelho, de modo que não é mais possível dar a sobrecarga. Logo
que você estava conseguindo fazer alguma coisa, puseram a tranca na
porta. O resto da banda achou que eu estava maluco, mas de algum
jeito aceitou, para me agradar. Mas eu ouvia o som que podia tirar do
dispositivo. E Jimmy imediatamente comprou a ideia. “Street fighting
man”, “Jumpin’ Jack Flash” e metade de “Gimme shelter” foram feitos
assim, num aparelho cassete. Às vezes, há até oito violões nessas
faixas. Você mistura e manda. A bateria de Charlie Watts em “Street
fighting man” é um kit para aprender bateria da década de 30, uma
maletinha na qual se batia, um prato pequeno e um pandeiro com
metade do tamanho normal, que era usado para aumentar a ressonância.
Foi assim que fizemos aquele trabalho, com refugos, em quartos
de hotel, com nossos brinquedinhos.
Levitação é provavelmente a analogia mais próxima do que eu
sinto — seja em “Jumpin’ Jack”, “Satisfaction” ou “All down the
line” — quando percebo que apanhei o ritmo certo e a banda está me
seguindo. É o mesmo que decolar num Learjet. Perco a sensação de
meus pés pisando o chão. Sinto-me elevado ao espaço exterior. Tem
gente que me pergunta por que eu não paro. Só vou me aposentar
quando bater as botas. Acho que eles não entendem o que isso me dá.
Não é só pelo dinheiro ou por você. Faço isso por mim.
Entre os músicos que conheci pessoalmente (embora Otis Redding,
a quem não conheço, também possa entrar nessa definição), os
dois que mostraram ter uma atitude com relação à música igual à
minha foram Gram Parsons e John Lennon. Esta atitude é: qualquer
carapuça que o business queira pôr em você é imaterial, é só um
ponto de venda, um meio para tornar as coisas mais fáceis. Você vai
ser mastigado para este ou aquele bolso porque assim fica mais fácil
para eles fazerem seus gráficos e descobrirem quem está vendendo.
Mas Gram e John foram músicos puros de verdade. Eles só gostavam
de música e de repente se viram no meio do jogo. E quando isso
acontece, você se prepara para aceitar ou combater. Tem gente que
nem entende como o jogo funciona. E Gram era um cara corajoso.
Ele nunca teve um álbum que fosse um hit. Alguns venderam bem,
mas nenhum chegou lá em cima. Mesmo assim, sua influência hoje é
maior do que em qualquer outra época. Basicamente, não haveria
Waylon Jennings, não haveria o movimento outlaw inteiro sem Gram
Parsons. Ele lhes mostrou uma abordagem nova, a de que a country
music não é só aquela coisa limitada da qual os rednecks gostam. E ele
fez isso sozinho. Não era um cruzado ou uma coisa assim. Amava a
música country, mas realmente não gostava do business da música
country e não achava que ela deveria ter alcance só em Nashville. A
música é maior do que isto. Deve ser sentida por todos.
O fato de você poder misturar essas coisas gostosas na letra de
uma música, inserindo fatos da atualidade ou manchetes, ou apenas o
que parecia ser uma narrativa comum do dia a dia, estava muito distante
da pop music, mas também de Cole Porter ou Hoagy Carmichael.
“Eu a vi hoje na recepção” estava bem claro. Não tinha dinâmica,
o sentido de para onde estava indo. Acho que Mick e eu olhávamos
um para o outro e dizíamos, bem, se John e Paul podem... Os
Beatles e Bob Dylan mudaram as coisas, de maneira bem grande, nas
atitudes das pessoas com relação à voz. Bob não tinha uma voz especialmente
grande, mas era bem expressiva, ele sabia como colocá-la e
isso é mais importante que as belezas técnicas da voz. É quase como
um anticanto. Mas, ao mesmo tempo, o que você ouve é real.
Entre os músicos, há uma coisa estranha,
mistura de admiração com respeito e vontade de ser aceito.
Quando outros caras chegam para você e pedem para mostrar um
trechinho, uns caras a quem você vem ouvindo há anos, chegou a
hora de você se sentir fazendo parte do meio. Ok, posso não acreditar,
mas estou no primeiro time, estou entre os melhores. A outra
grande coisa entre os músicos, pelo menos na maioria deles, é a reciprocidade,
a generosidade que mostram um com o outro. Pegou
aquele pedacinho? Faça assim. Na maior parte das vezes, não há segredos,
todos trocam ideias. Como você chegou a isso? Ele mostra e
você percebe que é uma coisa simples.
Nunca achei que
compor fosse como escrever um diário, embora às vezes, pensando
sobre o assunto, você acabe por achar que é qualquer coisa
semelhante.
O que faz você querer compor canções? De certo modo, você
quer se ampliar até tocar os corações das outras pessoas. Quer se
plantar ali, ou pelo menos conseguir uma ressonância, onde as outras
pessoas se tornem um instrumento maior do que aquele no qual você
está tocando. Tocar outras pessoas torna-se uma quase obsessão.
Escrever uma música que seja lembrada e levada ao coração é uma
conexão, um toque nas bases. Uma trama que se estende por todos
nós. Um golpe no coração. Às vezes, acho que compor música é apertar
as fibras do coração o máximo que for possível sem provocar um
ataque cardíaco.
E Mick sabe compor! É inacreditável
como era produtivo. Às vezes ficava admirado de como ele podia criar
tanta coisa. Nos dias bons, ele aparecia com tantas letras que
acabava entupindo as ondas sonoras. Não estou me queixando. É
muito bonito ser capaz disso. Não é a mesma coisa de escrever poesia
ou mesmo pôr uma letra no papel. É fazer as coisas caberem em algo
que já foi criado. Pois é isto o que é um letrista — um sujeito que
pega uma melodia e determina como vão ser os vocais. Nisso, Mick é
brilhante.
Boas canções se compõem sozinhas. Você só se
deixa levar pelo olfato, ou pelos ouvidos. O talento é não interferir
demais. Ignore a inteligência, ignore tudo: vá para onde ela te leva.
Você não tem participação nenhuma, e de repente ela está lá. “Oh, eu
sei como isso acontece”, e você não acredita, pois acha que nada
aparece assim. Você fica imaginando de quem a roubou. Não, não é
original — bem, o máximo de originalidade que você pode obter. E
compreende que canções se escrevem sozinhas, você só as transporta.
Mas uma música deve vir do coração. Nunca penso sobre o que
vou escrever. Simplesmente pego a guitarra ou vou ao piano e deixo a
coisa chegar. Alguma coisa virá. Está chegando. E, se não chega, toco
uma música composta por outra pessoa. Nunca cheguei ao ponto de
dizer: “Agora vou escrever uma música”. Nunca compus assim.
Quando descobri que era capaz de compor, fiquei imaginando se conseguiria
fazer outra. Aí descobri que elas rolavam de meus dedos
como pérolas. Nunca tive dificuldade para compor. É um prazer total.
É um dom magnífico que eu não sabia que tinha. Isso me espanta.
Um ego inflado é sempre algo difícil de se lidar numa banda, principalmente
uma banda que está junta há muito tempo, que é bastante
unida e que realmente tem como respaldo uma conduta íntegra, ainda
que um tanto bizarra, pelo menos entre os integrantes. A banda é uma
equipe. De certo modo, é algo bem democrático. As coisas têm que
ser decididas por todo mundo — não tem esse negócio de alguém
querer falar mais alto. Qualquer um que tente se elevar acima dos outros
está se colocando numa posição perigosa. Charlie e eu revirávamos
os olhos, como quem diz: “Você consegue acreditar numa coisa
dessas?”. E por algum tempo fomos aguentando, enquanto Mick
tentava dominar tudo. Quando você para para pensar, nós já estávamos
juntos havia uns vinte e cinco anos quando a merda voou no
ventilador. A opinião geral é de que mais cedo ou mais tarde isso
tinha de acontecer. É algo que acontece mais dia, menos dia com todas
as bandas, e havia chegado a hora do teste. Será que nós conseguiríamos
segurar essa?
Quando você tem de cantar todas as porras
das músicas, precisa desenvolver o pulmão. Você está fazendo um
show de cerca de uma hora todos os dias, não só cantando, mas se
581/752
mexendo muito e tocando guitarra, o que trouxe a minha voz à tona.
Algumas pessoas odeiam o jeito como eu canto, outras adoram. É
uma voz que tem personalidade. Não sou nenhum Pavarotti, mas
também não gosto nem um pouco da voz do Pavarotti. Ser o vocalista
principal de uma banda é um negócio exaustivo. Cantar uma
música atrás da outra é o suficiente para derrubar a maioria das pessoas.
Você despende uma quantidade incrível de oxigênio. Então nós
fazíamos um show e, assim que saíamos do palco, eu ia para a cama.
Às vezes virávamos a noite e ficávamos acordados até o próximo
show, é claro, mas muitas vezes eu simplesmente dizia “Nem
pensar!”. Nós vivemos uma das melhores épocas de nossas vidas com
os Winos. A plateia aplaudia de pé em quase todos os shows. Costumávamos
tocar em teatros pequenos com lotação esgotada. Não
tínhamos lucro, mas também não tínhamos prejuízo. O calibre da
musicalidade daqueles shows era impressionante. O pessoal tocava
demais em todos os shows, a música fluía de um jeito muito louco.
Nós voávamos. Era realmente mágico.
E a Luenni me pede pra não arrumar confusão com as pessoas do meio, olha isso--->
Uma figura importante na indústria da música veio até Montserrat
a convite de Mick para discutir um contrato que tinha algo a
ver com uma turnê. O cara obviamente era hiperseguro de suas
próprias habilidades como produtor, porque nós estávamos no estúdio
escutando um take de “Mixed emotions”, que seria o
primeiro single do álbum. Keith estava lá de pé segurando sua guitarra,
Mick estava lá, e nós estávamos escutando o take. Quando a
música terminou, o cara disse: “Keith, essa música é realmente
muito boa, cara, mas vou lhe dizer uma coisa, acho que se você
fizesse o arranjo de um jeito um pouquinho diferente ela ficaria
muito melhor”. Então Keith foi até a sua maleta, pegou uma faca e
a atirou, e ela foi parar exatamente entre as pernas do sujeito, boinggg.
Foi bem no estilo de Guilherme Tell; foi demais. Keith disse:
“Escute, filhinho, eu já estava compondo músicas antes que você
fosse um espermatozoide no pau do seu pai. Não se atreva a me
dizer como eu devo compor”. Ele saiu do estúdio. E Mick teve
que apaziguar a situação, mas foi fantástico. Eu nunca vou me
esquecer.
As turnês eram a única forma de a banda sobreviver. Os royalties
dos discos mal pagavam as despesas gerais; você não podia mais fazer
uma turnê só para promover um álbum como se fazia antigamente.
As megaturnês passaram a ser o sustentáculo dessa organização. Não
dava mais para fazer turnês menores e garantir muito mais do que um
mero retorno dos investimentos. Os Stones eram uma raridade no
mercado musical porque os shows que enchiam os estádios ainda
eram baseados apenas na música — e em nada mais. Você não vai ao
show para assistir a coreografias de dança ou ver um vídeo. Você vai
para escutar e ver os Stones.
No caso de Don Was (produtor), A visão que ele tem do
código genético de toda banda é que mais cedo ou mais tarde os dois
componentes principais acabam se virando um contra o outro,
porque um deles sempre fica puto quando percebe que, se quiser que
a banda cresça, terá que trabalhar com o outro cara, e portanto precisará
que ele seja bem-sucedido, e para isso terá no mínimo que escutar
o que ele tem a dizer. Isso faz você odiar o outro sujeito. Bem, no
meu caso isso não aconteceu, porque o que eu realmente queria era
que nós dois dependêssemos um do outro e levássemos o trabalho
adiante.
Logo depois de Exile, começaram a surgir tantas tecnologias
novas que mesmo os engenheiros de som mais inteligentes não conseguiam
entender o que estava acontecendo. Como explicar o fato de
que antigamente eu conseguia um ótimo som de bateria na Denmark
Street usando apenas um microfone, mas agora, com quinze microfones,
o som da bateria parecia alguém cagando num teto de zinco?
Todo mundo se deixou levar pela tecnologia, mas agora as pessoas estão
começando a voltar atrás. Em música clássica, por exemplo, eles
estão regravando tudo que foi gravado digitalmente nos anos 80 e 90,
porque essas gravações simplesmente não chegam aos pés das anteriores.
Eu sempre senti que estava lutando contra a tecnologia, que ela
não me ajudava nem um pouco. E é por isso que eu levava tanto
tempo para fazer as coisas. Fraboni já passou por tudo isso, por
aquele conceito de que se você não tiver quinze microfones apontados
para a bateria, você não sabe o que está fazendo. Com isso, o som
do baixista fica abafado e os músicos são obrigados a ficar isolados,
cada um em seu cubículo. Então você está tocando nessa sala enorme,
mas quase não está usando o espaço. Essa ideia de separação é uma
antítese total do rock and roll, que significa simplesmente captar o
som de um bando de caras tocando juntos numa sala. O barato é o
som que eles fazem juntos, não separados. Essa merda mítica de estéreo
e alta tecnologia e som Dolby, tudo isso vai totalmente contra a
essência do que a música deveria ser.
Ninguém tinha colhões para desmascarar esse mito. Então eu me
perguntei o que me motivava a fazer as coisas. E cheguei à conclusão
de que eram esses caras que faziam discos em uma sala com três microfones.
baixo. Eles estavam gravando o som da sala. Você não consegue obter
essas coisas indefiníveis se desmantelar o som todo. O entusiasmo,
o espírito, a alma, chame como quiser, que microfone você vai usar
para captar isso? Os discos poderiam ter sido bem melhores nos anos
80 se nós tivéssemos percebido isso antes e não tivéssemos deixado a
tecnologia nos arrastar pelo nariz.
Na verdade, você não precisa de um estúdio. Você precisa de uma sala. O
segredo é onde você coloca os microfones.
Se você não tocar
com outras pessoas, acaba ficando preso na própria gaiola. E depois,
se você se acomodar e ficar ali sentado no poleiro, você pode até
ser levado pelo vento.
Nós deveríamos comer apenas quando estamos com fome. Mas
fomos treinados desde a primeira infância a fazer três refeições por
dia, é toda essa ideia remanescente das grandes fábricas e da revolução
industrial de como as pessoas devem comer. Antes não era assim.
Você comia um pouquinho em pequenos intervalos, de hora em hora.
Mas eles decidiram nos regular: “Muito bem, pessoal, está na hora de
comer!”. É disso que trata a escola. Esqueça a geografia, a história e a
matemática, o que eles estão ensinado é como trabalhar numa fábrica.
Quando a buzina toca, você come.
Então, os primeiros tempos da arte mágica de tocar com a
guitarra começaram. Você saca o que é capaz de fazer quando toca
guitarra junto com outro músico, e o que os dois podem fazer é elevado
à décima potência, e então você traz mais gente. Tem uma
coisa que é linda, amistosa e elevada quando um bando de músicos se
junta pra fazer um som. Esse mundo, pequeno e maravilhoso, que é
inexpugnável. É realmente um trabalho de equipe, um dando força
para o outro, e todos em busca de um único objetivo, e por algum
tempo não surge nenhuma nuvem no horizonte. E ninguém está conduzindo
o processo. Depende totalmente de você. É jazz de verdade:
eis o grande segredo. Rock and roll é somente jazz com forte acentuação
na cabeça do tempo.
Uma das primeiras coisas que aprendi sobre como tocar guitarra
foi que nenhum desses caras estava de fato tocando acordes diretos.
Tem alguma coisa que jogaram no meio dele, um toquinho a mais.
Nunca nada era só um acorde maior e pronto. Sempre um amálgama,
uma coisa que vinha com a notinha de contrabando, um tequinho de
som, mínimo apêndice. Não tem nada “como deve ser”, tem só o que
você sente, como você acha que é. Tem de descobrir a sua forma no
meio daquilo tudo. Basicamente, um mundo bem sujo. Tocando meus
instrumentos, o que eu descobri, principalmente, foi que, na verdade,
quero tocar alguma coisa que deveria estar sendo tocada por outro instrumento.
Eu me percebo tentando tocar na guitarra as frases do
sopro, o tempo todo. Quando eu estava aprendendo a fazer essas
músicas, percebi que geralmente existe uma nota só fazendo alguma
coisa e que a coisa toda funciona por causa dela. Em geral, é um
acorde suspenso. Não é um acorde cheio, é uma mistura de acordes
que adoro usar até hoje. Se você está fazendo um acorde tradicional,
qualquer coisa que aconteça em seguida tem de vir com um extra
qualquer. Se for um acorde em lá, pode ser uma pitada de ré. Ou, se é
uma música com um clima diferente, se for um acorde em lá, uma pitada
de sol deve entrar em algum momento, o que cria uma sétima e
esta então pode te mostrar por onde ir em seguida. Os leitores que
preferirem podem pular essa parte do Keef’s Guitar Workshop, mas
mesmo assim estou revelando estes segredos, que criaram os riffs com
acordes abertos algum tempo depois, aquelas progressões que estão
em “Jack Flash” e “Gimme shelter”.
Tem quem goste de tocar guitarra.
Nosso negócio era tocar blues de Chicago. Era para aí que levávamos
tudo o que sabíamos. Era nosso ponto de partida, Chicago. Olhe
o rio Mississippi. De onde ele sai? Para onde vai? Siga o rio, subindo
291/752
sempre, e você vai dar em Chicago. Também acompanhe a forma
como esses artistas gravavam. Sem regras. Se você seguisse a maneira
normal de gravar, sairia tudo errado. Mas o que é certo e errado? O
que importa é o que chega ao ouvido. O blues de Chicago é cru, rouco,
cheio de energia. Se quiser gravá-lo clean, esqueça. Quase todos os
discos de blues de Chicago que a gente ouve saem de uma soma
enorme, carregando o som em camadas de várias espessuras. Ouça
uma gravação de Little Walter. Ele dá a primeira nota e a banda desaparece
até a nota terminar, porque ele sobrecarrega a nota. Quando se
faz uma gravação, basicamente procuram-se distorções. É essa a liberdade
que a gravação lhe dá, a de ficar brincando com o som. Não é
uma questão de força bruta, é sempre uma questão de experimentar e
tocar. Ei, este microfone é legal, mas se o colocarmos um pouco mais
perto do amplificador, e depois usar um amplificador menor no lugar
do maior e afastar o microfone, deixando-o bem na frente do amplificador,
e cobrir o microfone com uma toalha, vamos ver no que vai
dar? O que você está procurando é onde os sons se misturam e você
percebe a batida por trás. O resto tem que se entrelaçar e rolar através
de tudo. Se mantiver tudo separado, fica insípido. O que se quer obter
é força e poder, sem volume — uma força interior. Achar uma
maneira de aproximar tudo o que se está fazendo no estúdio e criar
um som. Não são duas guitarras, piano, baixo e bateria, são uma coisa
só, não cinco. Você está lá para criar.
“Flash”. Porra, que gravação! Toda a minha parte se organizou e
ficou pronta em um gravador cassete. Com “Jumpin’ Jack Flash” e
“Street fighting man” eu tinha descoberto que podia tirar um som
novo do violão acústico. Aquele som, tormentoso, sujo, saía daqueles
moteizinhos de terceira nos quais a única coisa que você tinha para
gravar era aquela nova invenção, o gravador cassete. E ele não incomodava
ninguém. De repente, você tem na mão um superminiestúdio.
Tocando o violão, você dá uma sobrecarga no gravador Philips
até o ponto da distorção. Assim, quando se toca outra vez, o que se
tem é efetivamente uma guitarra elétrica. Você usa o gravador cassete
como captador e amplificador ao mesmo tempo. Você força o som
do violão através do aparelho e o que sai do outro lado é infernalmente
elétrico. É uma guitarra elétrica pulando viva em suas mãos. A
mesma coisa que pegar um peixe-elétrico. O som do violão acústico é
muito seco e você tem que tocá-lo de maneira diferente. Mas, se você
eletrificar esse som diferente, consegue um timbre e um som espantosos.
Sempre gostei muito de tocar violão acústico. Aí pensei, se eu
puder lhe dar um pouco mais de potência, sem torná-lo elétrico, vou
conseguir um som diferente. Ele zune um pouco no alto. É inexplicável,
mas foi uma coisa que me fascinou na época.
No estúdio, pluguei o cassete numa caixa acústica pequena de extensão
e coloquei um microfone em frente à caixa acústica de extensão,
para dar um pouco mais de amplitude e profundidade. Aí,
liguei a fita. Esta foi a base da trilha. Não há instrumentos elétricos
em “Street fighting man”, a não ser o baixo, que eu gravei depois em
playback. Usamos só violões acústicos. O mesmo com “Jumpin’ Jack
Flash”. Gostaria de ter continuado até hoje, mas não fabricam mais
aparelhos daquele tipo. Um pouco depois, colocaram um limitador no
aparelho, de modo que não é mais possível dar a sobrecarga. Logo
que você estava conseguindo fazer alguma coisa, puseram a tranca na
porta. O resto da banda achou que eu estava maluco, mas de algum
jeito aceitou, para me agradar. Mas eu ouvia o som que podia tirar do
dispositivo. E Jimmy imediatamente comprou a ideia. “Street fighting
man”, “Jumpin’ Jack Flash” e metade de “Gimme shelter” foram feitos
assim, num aparelho cassete. Às vezes, há até oito violões nessas
faixas. Você mistura e manda. A bateria de Charlie Watts em “Street
fighting man” é um kit para aprender bateria da década de 30, uma
maletinha na qual se batia, um prato pequeno e um pandeiro com
metade do tamanho normal, que era usado para aumentar a ressonância.
Foi assim que fizemos aquele trabalho, com refugos, em quartos
de hotel, com nossos brinquedinhos.
Levitação é provavelmente a analogia mais próxima do que eu
sinto — seja em “Jumpin’ Jack”, “Satisfaction” ou “All down the
line” — quando percebo que apanhei o ritmo certo e a banda está me
seguindo. É o mesmo que decolar num Learjet. Perco a sensação de
meus pés pisando o chão. Sinto-me elevado ao espaço exterior. Tem
gente que me pergunta por que eu não paro. Só vou me aposentar
quando bater as botas. Acho que eles não entendem o que isso me dá.
Não é só pelo dinheiro ou por você. Faço isso por mim.
Entre os músicos que conheci pessoalmente (embora Otis Redding,
a quem não conheço, também possa entrar nessa definição), os
dois que mostraram ter uma atitude com relação à música igual à
minha foram Gram Parsons e John Lennon. Esta atitude é: qualquer
carapuça que o business queira pôr em você é imaterial, é só um
ponto de venda, um meio para tornar as coisas mais fáceis. Você vai
ser mastigado para este ou aquele bolso porque assim fica mais fácil
para eles fazerem seus gráficos e descobrirem quem está vendendo.
Mas Gram e John foram músicos puros de verdade. Eles só gostavam
de música e de repente se viram no meio do jogo. E quando isso
acontece, você se prepara para aceitar ou combater. Tem gente que
nem entende como o jogo funciona. E Gram era um cara corajoso.
Ele nunca teve um álbum que fosse um hit. Alguns venderam bem,
mas nenhum chegou lá em cima. Mesmo assim, sua influência hoje é
maior do que em qualquer outra época. Basicamente, não haveria
Waylon Jennings, não haveria o movimento outlaw inteiro sem Gram
Parsons. Ele lhes mostrou uma abordagem nova, a de que a country
music não é só aquela coisa limitada da qual os rednecks gostam. E ele
fez isso sozinho. Não era um cruzado ou uma coisa assim. Amava a
música country, mas realmente não gostava do business da música
country e não achava que ela deveria ter alcance só em Nashville. A
música é maior do que isto. Deve ser sentida por todos.
O fato de você poder misturar essas coisas gostosas na letra de
uma música, inserindo fatos da atualidade ou manchetes, ou apenas o
que parecia ser uma narrativa comum do dia a dia, estava muito distante
da pop music, mas também de Cole Porter ou Hoagy Carmichael.
“Eu a vi hoje na recepção” estava bem claro. Não tinha dinâmica,
o sentido de para onde estava indo. Acho que Mick e eu olhávamos
um para o outro e dizíamos, bem, se John e Paul podem... Os
Beatles e Bob Dylan mudaram as coisas, de maneira bem grande, nas
atitudes das pessoas com relação à voz. Bob não tinha uma voz especialmente
grande, mas era bem expressiva, ele sabia como colocá-la e
isso é mais importante que as belezas técnicas da voz. É quase como
um anticanto. Mas, ao mesmo tempo, o que você ouve é real.
Entre os músicos, há uma coisa estranha,
mistura de admiração com respeito e vontade de ser aceito.
Quando outros caras chegam para você e pedem para mostrar um
trechinho, uns caras a quem você vem ouvindo há anos, chegou a
hora de você se sentir fazendo parte do meio. Ok, posso não acreditar,
mas estou no primeiro time, estou entre os melhores. A outra
grande coisa entre os músicos, pelo menos na maioria deles, é a reciprocidade,
a generosidade que mostram um com o outro. Pegou
aquele pedacinho? Faça assim. Na maior parte das vezes, não há segredos,
todos trocam ideias. Como você chegou a isso? Ele mostra e
você percebe que é uma coisa simples.
Nunca achei que
compor fosse como escrever um diário, embora às vezes, pensando
sobre o assunto, você acabe por achar que é qualquer coisa
semelhante.
O que faz você querer compor canções? De certo modo, você
quer se ampliar até tocar os corações das outras pessoas. Quer se
plantar ali, ou pelo menos conseguir uma ressonância, onde as outras
pessoas se tornem um instrumento maior do que aquele no qual você
está tocando. Tocar outras pessoas torna-se uma quase obsessão.
Escrever uma música que seja lembrada e levada ao coração é uma
conexão, um toque nas bases. Uma trama que se estende por todos
nós. Um golpe no coração. Às vezes, acho que compor música é apertar
as fibras do coração o máximo que for possível sem provocar um
ataque cardíaco.
E Mick sabe compor! É inacreditável
como era produtivo. Às vezes ficava admirado de como ele podia criar
tanta coisa. Nos dias bons, ele aparecia com tantas letras que
acabava entupindo as ondas sonoras. Não estou me queixando. É
muito bonito ser capaz disso. Não é a mesma coisa de escrever poesia
ou mesmo pôr uma letra no papel. É fazer as coisas caberem em algo
que já foi criado. Pois é isto o que é um letrista — um sujeito que
pega uma melodia e determina como vão ser os vocais. Nisso, Mick é
brilhante.
Boas canções se compõem sozinhas. Você só se
deixa levar pelo olfato, ou pelos ouvidos. O talento é não interferir
demais. Ignore a inteligência, ignore tudo: vá para onde ela te leva.
Você não tem participação nenhuma, e de repente ela está lá. “Oh, eu
sei como isso acontece”, e você não acredita, pois acha que nada
aparece assim. Você fica imaginando de quem a roubou. Não, não é
original — bem, o máximo de originalidade que você pode obter. E
compreende que canções se escrevem sozinhas, você só as transporta.
Mas uma música deve vir do coração. Nunca penso sobre o que
vou escrever. Simplesmente pego a guitarra ou vou ao piano e deixo a
coisa chegar. Alguma coisa virá. Está chegando. E, se não chega, toco
uma música composta por outra pessoa. Nunca cheguei ao ponto de
dizer: “Agora vou escrever uma música”. Nunca compus assim.
Quando descobri que era capaz de compor, fiquei imaginando se conseguiria
fazer outra. Aí descobri que elas rolavam de meus dedos
como pérolas. Nunca tive dificuldade para compor. É um prazer total.
É um dom magnífico que eu não sabia que tinha. Isso me espanta.
Um ego inflado é sempre algo difícil de se lidar numa banda, principalmente
uma banda que está junta há muito tempo, que é bastante
unida e que realmente tem como respaldo uma conduta íntegra, ainda
que um tanto bizarra, pelo menos entre os integrantes. A banda é uma
equipe. De certo modo, é algo bem democrático. As coisas têm que
ser decididas por todo mundo — não tem esse negócio de alguém
querer falar mais alto. Qualquer um que tente se elevar acima dos outros
está se colocando numa posição perigosa. Charlie e eu revirávamos
os olhos, como quem diz: “Você consegue acreditar numa coisa
dessas?”. E por algum tempo fomos aguentando, enquanto Mick
tentava dominar tudo. Quando você para para pensar, nós já estávamos
juntos havia uns vinte e cinco anos quando a merda voou no
ventilador. A opinião geral é de que mais cedo ou mais tarde isso
tinha de acontecer. É algo que acontece mais dia, menos dia com todas
as bandas, e havia chegado a hora do teste. Será que nós conseguiríamos
segurar essa?
Quando você tem de cantar todas as porras
das músicas, precisa desenvolver o pulmão. Você está fazendo um
show de cerca de uma hora todos os dias, não só cantando, mas se
581/752
mexendo muito e tocando guitarra, o que trouxe a minha voz à tona.
Algumas pessoas odeiam o jeito como eu canto, outras adoram. É
uma voz que tem personalidade. Não sou nenhum Pavarotti, mas
também não gosto nem um pouco da voz do Pavarotti. Ser o vocalista
principal de uma banda é um negócio exaustivo. Cantar uma
música atrás da outra é o suficiente para derrubar a maioria das pessoas.
Você despende uma quantidade incrível de oxigênio. Então nós
fazíamos um show e, assim que saíamos do palco, eu ia para a cama.
Às vezes virávamos a noite e ficávamos acordados até o próximo
show, é claro, mas muitas vezes eu simplesmente dizia “Nem
pensar!”. Nós vivemos uma das melhores épocas de nossas vidas com
os Winos. A plateia aplaudia de pé em quase todos os shows. Costumávamos
tocar em teatros pequenos com lotação esgotada. Não
tínhamos lucro, mas também não tínhamos prejuízo. O calibre da
musicalidade daqueles shows era impressionante. O pessoal tocava
demais em todos os shows, a música fluía de um jeito muito louco.
Nós voávamos. Era realmente mágico.
E a Luenni me pede pra não arrumar confusão com as pessoas do meio, olha isso--->
Uma figura importante na indústria da música veio até Montserrat
a convite de Mick para discutir um contrato que tinha algo a
ver com uma turnê. O cara obviamente era hiperseguro de suas
próprias habilidades como produtor, porque nós estávamos no estúdio
escutando um take de “Mixed emotions”, que seria o
primeiro single do álbum. Keith estava lá de pé segurando sua guitarra,
Mick estava lá, e nós estávamos escutando o take. Quando a
música terminou, o cara disse: “Keith, essa música é realmente
muito boa, cara, mas vou lhe dizer uma coisa, acho que se você
fizesse o arranjo de um jeito um pouquinho diferente ela ficaria
muito melhor”. Então Keith foi até a sua maleta, pegou uma faca e
a atirou, e ela foi parar exatamente entre as pernas do sujeito, boinggg.
Foi bem no estilo de Guilherme Tell; foi demais. Keith disse:
“Escute, filhinho, eu já estava compondo músicas antes que você
fosse um espermatozoide no pau do seu pai. Não se atreva a me
dizer como eu devo compor”. Ele saiu do estúdio. E Mick teve
que apaziguar a situação, mas foi fantástico. Eu nunca vou me
esquecer.
As turnês eram a única forma de a banda sobreviver. Os royalties
dos discos mal pagavam as despesas gerais; você não podia mais fazer
uma turnê só para promover um álbum como se fazia antigamente.
As megaturnês passaram a ser o sustentáculo dessa organização. Não
dava mais para fazer turnês menores e garantir muito mais do que um
mero retorno dos investimentos. Os Stones eram uma raridade no
mercado musical porque os shows que enchiam os estádios ainda
eram baseados apenas na música — e em nada mais. Você não vai ao
show para assistir a coreografias de dança ou ver um vídeo. Você vai
para escutar e ver os Stones.
No caso de Don Was (produtor), A visão que ele tem do
código genético de toda banda é que mais cedo ou mais tarde os dois
componentes principais acabam se virando um contra o outro,
porque um deles sempre fica puto quando percebe que, se quiser que
a banda cresça, terá que trabalhar com o outro cara, e portanto precisará
que ele seja bem-sucedido, e para isso terá no mínimo que escutar
o que ele tem a dizer. Isso faz você odiar o outro sujeito. Bem, no
meu caso isso não aconteceu, porque o que eu realmente queria era
que nós dois dependêssemos um do outro e levássemos o trabalho
adiante.
Logo depois de Exile, começaram a surgir tantas tecnologias
novas que mesmo os engenheiros de som mais inteligentes não conseguiam
entender o que estava acontecendo. Como explicar o fato de
que antigamente eu conseguia um ótimo som de bateria na Denmark
Street usando apenas um microfone, mas agora, com quinze microfones,
o som da bateria parecia alguém cagando num teto de zinco?
Todo mundo se deixou levar pela tecnologia, mas agora as pessoas estão
começando a voltar atrás. Em música clássica, por exemplo, eles
estão regravando tudo que foi gravado digitalmente nos anos 80 e 90,
porque essas gravações simplesmente não chegam aos pés das anteriores.
Eu sempre senti que estava lutando contra a tecnologia, que ela
não me ajudava nem um pouco. E é por isso que eu levava tanto
tempo para fazer as coisas. Fraboni já passou por tudo isso, por
aquele conceito de que se você não tiver quinze microfones apontados
para a bateria, você não sabe o que está fazendo. Com isso, o som
do baixista fica abafado e os músicos são obrigados a ficar isolados,
cada um em seu cubículo. Então você está tocando nessa sala enorme,
mas quase não está usando o espaço. Essa ideia de separação é uma
antítese total do rock and roll, que significa simplesmente captar o
som de um bando de caras tocando juntos numa sala. O barato é o
som que eles fazem juntos, não separados. Essa merda mítica de estéreo
e alta tecnologia e som Dolby, tudo isso vai totalmente contra a
essência do que a música deveria ser.
Ninguém tinha colhões para desmascarar esse mito. Então eu me
perguntei o que me motivava a fazer as coisas. E cheguei à conclusão
de que eram esses caras que faziam discos em uma sala com três microfones.
baixo. Eles estavam gravando o som da sala. Você não consegue obter
essas coisas indefiníveis se desmantelar o som todo. O entusiasmo,
o espírito, a alma, chame como quiser, que microfone você vai usar
para captar isso? Os discos poderiam ter sido bem melhores nos anos
80 se nós tivéssemos percebido isso antes e não tivéssemos deixado a
tecnologia nos arrastar pelo nariz.
Na verdade, você não precisa de um estúdio. Você precisa de uma sala. O
segredo é onde você coloca os microfones.
Se você não tocar
com outras pessoas, acaba ficando preso na própria gaiola. E depois,
se você se acomodar e ficar ali sentado no poleiro, você pode até
ser levado pelo vento.
Nós deveríamos comer apenas quando estamos com fome. Mas
fomos treinados desde a primeira infância a fazer três refeições por
dia, é toda essa ideia remanescente das grandes fábricas e da revolução
industrial de como as pessoas devem comer. Antes não era assim.
Você comia um pouquinho em pequenos intervalos, de hora em hora.
Mas eles decidiram nos regular: “Muito bem, pessoal, está na hora de
comer!”. É disso que trata a escola. Esqueça a geografia, a história e a
matemática, o que eles estão ensinado é como trabalhar numa fábrica.
Quando a buzina toca, você come.
segunda-feira, agosto 27, 2012
monotom e/ou Lego
Estou feliz e triste
como sempre
pedaços dessa mente desfragmentada
vejo em meus amigos
um pouco do esquecido mim
um pouco do desconhecido de mim
é como se ver em um espelho retorcido
e a cada novo ângulo se perguntar
se você mesmo aprova ou desaprova
sua figura recém criada
você olha e olha e tenta
se encontrar naqueles abraços perdidos
nas situações, menores que possam parecer
uma parte cínica de você
acha esse esforço inconsequente
pra que se desmanchar por completo
nos vulcões ardentes das necessidades dos outros?
sem nenhuma garantia que sua alma lego
será novamente montada?
mas não há garantia nem na morte
que dirá nos seres vivos?
entretanto qual o preço de uma boa risada
ao lado de pessoas que você ama?
e quando eu revivo dias passados
como dias presentes
sempre dá uma pontinha de saudades
assim como um desejo de mudança
é estranho saber que eu soma das atitudes passadas
e mesmo assim, querer fazer diferente
decisões retomadas
mas continuar sendo a mesma pessoa
paradoxal me prender a mim mesmo
querendo mudar tudo que me forjou
somos todos prisioneiros
das escolhas do passado
e refém de nossos desejos de futuro
e ainda dizem que só há o presente
hoje acordei com o gosto de ontem
e temendo o amanhã
o que me aguarda?
mais uma trilha de pecados imperdoáveis
e uma vontade de dias melhores
estes, nunca chegarão
em uma vida com tantos aspectos
que deixam a desejar
seria monótono o suficiente
apenas nomeá-los aqui
como sempre
pedaços dessa mente desfragmentada
vejo em meus amigos
um pouco do esquecido mim
um pouco do desconhecido de mim
é como se ver em um espelho retorcido
e a cada novo ângulo se perguntar
se você mesmo aprova ou desaprova
sua figura recém criada
você olha e olha e tenta
se encontrar naqueles abraços perdidos
nas situações, menores que possam parecer
uma parte cínica de você
acha esse esforço inconsequente
pra que se desmanchar por completo
nos vulcões ardentes das necessidades dos outros?
sem nenhuma garantia que sua alma lego
será novamente montada?
mas não há garantia nem na morte
que dirá nos seres vivos?
entretanto qual o preço de uma boa risada
ao lado de pessoas que você ama?
e quando eu revivo dias passados
como dias presentes
sempre dá uma pontinha de saudades
assim como um desejo de mudança
é estranho saber que eu soma das atitudes passadas
e mesmo assim, querer fazer diferente
decisões retomadas
mas continuar sendo a mesma pessoa
paradoxal me prender a mim mesmo
querendo mudar tudo que me forjou
somos todos prisioneiros
das escolhas do passado
e refém de nossos desejos de futuro
e ainda dizem que só há o presente
hoje acordei com o gosto de ontem
e temendo o amanhã
o que me aguarda?
mais uma trilha de pecados imperdoáveis
e uma vontade de dias melhores
estes, nunca chegarão
em uma vida com tantos aspectos
que deixam a desejar
seria monótono o suficiente
apenas nomeá-los aqui
como um (amigo)
e então foi sagrado
eu vi nossas continuações superiores
se transformarem de membros
em cascas grossas
eles correram perpendiculares ao nosso corpo
e foram até o chão
depois se encontraram por cima de nossas cabeças
e naquela oca
mítica que parecia ser uma prisão
foi pra nós uma benção
pudemos nos agarrar e sussurrar segredos
em pé do ouvido um do outro
o que era uma gaiola
era a nossa liberdade
um pé ali, não havia multidão
amigos, famílias - essas não estavam mesmo
sociedade ou mundo gritarem aos pés de nossa mureta
faziam tremer nossa cerca
e começaram a rachar as paredes
nossos ossos gritaram por mais
mais chamego
mais silêncio
mais ternura
e sobretudo, mais tempo
pra sermos o que somos
um do outro
um com o outro
como o outro, um
eu vi nossas continuações superiores
se transformarem de membros
em cascas grossas
eles correram perpendiculares ao nosso corpo
e foram até o chão
depois se encontraram por cima de nossas cabeças
e naquela oca
mítica que parecia ser uma prisão
foi pra nós uma benção
pudemos nos agarrar e sussurrar segredos
em pé do ouvido um do outro
o que era uma gaiola
era a nossa liberdade
um pé ali, não havia multidão
amigos, famílias - essas não estavam mesmo
sociedade ou mundo gritarem aos pés de nossa mureta
faziam tremer nossa cerca
e começaram a rachar as paredes
nossos ossos gritaram por mais
mais chamego
mais silêncio
mais ternura
e sobretudo, mais tempo
pra sermos o que somos
um do outro
um com o outro
como o outro, um
sexta-feira, agosto 24, 2012
Keith Richards - sobre compor
E porque eu tocava todos os dias, às vezes dois ou três shows por
dia, as ideias estavam fluindo. Uma coisa alimenta a outra. Você podia
estar nadando ou trepando com a sua mulher, mas em algum lugar
fundo da mente está pensando numa sequência de acordes ou em algo
relacionado a uma canção. Não importa o que está acontecendo.
Você pode estar levando um tiro, e ainda vai estar “Oh! That’s the
bridge!”. Não há nada a fazer; você não se dá conta de que está
acontecendo. É completamente subconsciente, inconsciente, o que
for. O radar está ligado, quer você saiba disso ou não. Você não pode
desligá-lo. Você ouve esse pedaço de conversa do outro lado da sala,
“I just can’t stand you anymore” (Eu só não suporto mais você)... Isto
é uma canção. Ela apenas flui. E também, outra coisa sobre ser um
compositor, é que quando você percebe que é um, começa a se tornar
um observador, começa a se distanciar. Você está constantemente
alerta. Essa habilidade se desenvolve ao longo dos anos, observar as
pessoas, como reagem umas às outras. O que, de certa forma, o distancia
de maneira esquisita. Você não devia realmente estar fazendo
isso. É um pouco como Peeping Tom ser um compositor. Você
começa a olhar em volta, e tudo é tema para uma canção. A frase
banal, que é aquela que serve. E você diz: “Não acredito que ninguém
se ligou nessa antes!”. Felizmente existem mais frases do que compositores,
aproximadamente.
.
.
.
.
Esta foi a primeira vez que senti a dor profunda. O lance de ser
um compositor é que, mesmo que tenha sido sacaneado, você encontra
consolo em escrever a respeito, e despejar isso. Tudo tem a ver
com tudo; nada está separado. Torna-se uma experiência, um sentimento,
ou um aglomerado de experiências. Basicamente, Linda é
“Ruby tuesday”.
terça-feira, agosto 21, 2012
sexta-feira, agosto 10, 2012
Cícero melhor que O Terno
Eu vou fazer uma música alegre e engraçadinha
sem compromisso com nada
que misture um pouco de nossas antenadas vidas
como uma boa piada
uma pitada de moderninha
pra ser aceita nas melhores casas
dos hipsters paulistinhas
e quem sabe vou no MTV na Brasa
a letra vai ser escrita
sem nenhuma desgraça
pinheirinho, Cachoeira, mídia?
o enfoque é a paulistada
augusta, madalena, Corinthians,
os manos e suas quebradas
talvez dê pra sacanear a Dilma
aí apareço até no Folha ilustrada
desculpa meu cinismo
não é bairrismo
é um aviso
eu já vi isso
e o resultado não é bonito
o monstro nascendo
e se apaixonando por si mesmo
e vamos ser sinceros
o Cícero é muito melhor que O Terno rs
sem compromisso com nada
que misture um pouco de nossas antenadas vidas
como uma boa piada
uma pitada de moderninha
pra ser aceita nas melhores casas
dos hipsters paulistinhas
e quem sabe vou no MTV na Brasa
a letra vai ser escrita
sem nenhuma desgraça
pinheirinho, Cachoeira, mídia?
o enfoque é a paulistada
augusta, madalena, Corinthians,
os manos e suas quebradas
talvez dê pra sacanear a Dilma
aí apareço até no Folha ilustrada
desculpa meu cinismo
não é bairrismo
é um aviso
eu já vi isso
e o resultado não é bonito
o monstro nascendo
e se apaixonando por si mesmo
e vamos ser sinceros
o Cícero é muito melhor que O Terno rs
quarta-feira, agosto 08, 2012
fora
quando era menino eu roía as unhas
vivia tendo os dedos infeccionados
a mão rejeitava esses agrados dos dentes
não foram feitos um para o outro
mesmo assim eu continuava
era um dos poucos prazeres certos
que eu sentia nesta vida
eu entendo os fumantes
mesmo aquilo me fazendo mal eu seguia
fazendo mal aos dedos infeccionados diga-se
porque eu sentia uma calma ao roê-las
era um passeio pela orla
molhar os pés na praia
e jogar água do mar na nuca
os anos passaram
e o hábito feio parecia grudar mais que cola
e então veio a guitarra, o violão
era preciso deixar de sangrar os dedos
para eles sangrarem nos instrumentos
eu troquei uma paixão por outra
e só quem fica entre dois amores sabe o quê passei
mas aquela quentura antiga continua no peito
fala comigo e pede uma visita
eu dou um aceno e volto pro amor atual
fiel que costumo ser
mas o amor de hoje em dia anda velho e ressequido
e eu pensando em abandoná-lo
meu primeiro ato:
uma unha roída
e lá se vai uma parte da minha vida...
vivia tendo os dedos infeccionados
a mão rejeitava esses agrados dos dentes
não foram feitos um para o outro
mesmo assim eu continuava
era um dos poucos prazeres certos
que eu sentia nesta vida
eu entendo os fumantes
mesmo aquilo me fazendo mal eu seguia
fazendo mal aos dedos infeccionados diga-se
porque eu sentia uma calma ao roê-las
era um passeio pela orla
molhar os pés na praia
e jogar água do mar na nuca
os anos passaram
e o hábito feio parecia grudar mais que cola
e então veio a guitarra, o violão
era preciso deixar de sangrar os dedos
para eles sangrarem nos instrumentos
eu troquei uma paixão por outra
e só quem fica entre dois amores sabe o quê passei
mas aquela quentura antiga continua no peito
fala comigo e pede uma visita
eu dou um aceno e volto pro amor atual
fiel que costumo ser
mas o amor de hoje em dia anda velho e ressequido
e eu pensando em abandoná-lo
meu primeiro ato:
uma unha roída
e lá se vai uma parte da minha vida...
terça-feira, agosto 07, 2012
sem passos
Eu não gosto de mim mesmo
eu não tenho tal apreço
eu nem finjo mais
o banho que tomo nem me conforta
é apenas escapatória
é tudo uma desilusão
nunca tardia
sempre vigora
alguns chamam de depressão
eu sei o que é
uma mancha de luz fria
levantada ao seu quase tocar
para correres em direção dos quereres
e esqueceres do penar
mas eu sei o fim desta história
o rabo do cão
não é tão suculento assim
me pergunto, se tenho essa certeza
o que ainda faço aqui
para que essa respiração
essas mãos suadas
compensar o quê?
a quem?
viver ainda é nadar
em vômitos quentes de terceiros
que estão mais interessadas
em tripudiar do que ajudar
eu mesmo, cínico,
quando vejo uma alma feliz e simplória
sapateio e rio
amaldiçoando em silêncio por corredores vazios
eu não presto
tenho meus motivos
eu não gosto de mim mesmo
ultimamente o que me atrai
são fogos de artifício
bem, não na verdade
foi só pra rimar
nada me atrai
um talvez, cisco de esperança
talvez um outro nadar...
eu não tenho tal apreço
eu nem finjo mais
o banho que tomo nem me conforta
é apenas escapatória
é tudo uma desilusão
nunca tardia
sempre vigora
alguns chamam de depressão
eu sei o que é
uma mancha de luz fria
levantada ao seu quase tocar
para correres em direção dos quereres
e esqueceres do penar
mas eu sei o fim desta história
o rabo do cão
não é tão suculento assim
me pergunto, se tenho essa certeza
o que ainda faço aqui
para que essa respiração
essas mãos suadas
compensar o quê?
a quem?
viver ainda é nadar
em vômitos quentes de terceiros
que estão mais interessadas
em tripudiar do que ajudar
eu mesmo, cínico,
quando vejo uma alma feliz e simplória
sapateio e rio
amaldiçoando em silêncio por corredores vazios
eu não presto
tenho meus motivos
eu não gosto de mim mesmo
ultimamente o que me atrai
são fogos de artifício
bem, não na verdade
foi só pra rimar
nada me atrai
um talvez, cisco de esperança
talvez um outro nadar...
domingo, agosto 05, 2012
Olhos tristes
E esses olhos tristes
são de primaveras passadas
ou invernos futuros?
essas portas semicerradas
um olhar pra baixo
certificando-se do próprio rumo
ou é a visão descompensada
mirando sempre os próprios passos
espera ter a certeza da caminhada?
ha ha ha ha, eis um burro!!!!!
segunda-feira, julho 30, 2012
re-canto
Talvez tudo bem
não seja mais bom o suficiente
Eu não estou com frio
não seja mais bom o suficiente
Eu não estou com frio
só não quero acordar os vivos
então fecho as janelas
então fecho as janelas
eu não me sinto sozinho
só estou coçando a minha pele
pra se ter certeza
pra se ter certeza
nem inveja são os meus passos
que me levam até seu encalço
a matéria é pueril
e nós somos seres famintos
quem da Bastilha diria
vamos sobreviver à loucura
ao tempo e à fome
se a maior saga de todas está em respirar
ir e vir em ondas do mar
afogar-me nesse instante sem séquito
sem sombra
sem fonte
e com mais motivos de parar do que continuar
me faz tremer de enxaqueca cada parabéns
que me obrigo a dar
pelo destino equivocado das pessoas
e o doutor do sanatório
que foi parar entre as suas fileiras
aponta pra mim e diz:
você será o próximo
quando cessará minha vontade de regurgitar
de rir do enfadonho que é essa ópera?
quando meu personagem entrará neste figurino
com tralhas, mariposas e traças
a corroer as bordas da calça
ele nasceu menino, cresceu adulto e fugiu de qualquer escravidão
apesar da cor da sua pele
e sempre por isso, continuo réu cativo
andar nessas dunas pelos meus próprios pés
no meu próprio ritmo
escolhendo meu próprio caminho
parece ser egoísmo
parece uma falta grave
vai ver que alguma peça falha
deste motor que ronca
já ficou em um curva
e nem percebemos nas nossas voltas
vai por mim
não queira amarrar nenhum camelo à essa parada
aqui os caminhoneiros são realmente sujos
e abusam de crianças
que se vendem maliciosamente na beira da estrada
quarta-feira, julho 25, 2012
segunda-feira, julho 23, 2012
Chamada do NaLaPa pro nosso próximo show
GoAnimate.com: NaLaPa+-+chamada+pro+show+no+marun by bandanalapa
Like it? Create your own at GoAnimate.com. It's free and fun!
No dia 05/8/2012
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No dia 05/8/2012
sexta-feira, julho 20, 2012
Companheiro
Deixa eu te dizer que ando separando tranqueiras
tirando o pó de gavetas
jogando fora o que está encostado
e abrindo espaço pra você na minha vida
provavelmente nós nunca vamos ser
o que você idealiza,
mas quero que estejamos juntos
eu acho que isso que importa
mais que nomes ou convenções
e sim carinho, afeto e cuidado
amor, paixão e respeito
e uma vida batalhada
um ao lado do outro
ajudando no que podendo
e compartilhando
isso é o verdadeiro
companheiro
tirando o pó de gavetas
jogando fora o que está encostado
e abrindo espaço pra você na minha vida
provavelmente nós nunca vamos ser
o que você idealiza,
mas quero que estejamos juntos
eu acho que isso que importa
mais que nomes ou convenções
e sim carinho, afeto e cuidado
amor, paixão e respeito
e uma vida batalhada
um ao lado do outro
ajudando no que podendo
e compartilhando
isso é o verdadeiro
companheiro
segunda-feira, julho 02, 2012
Adryan, o novo 10 da Gávea
Eu me lembro da primeira
vez que vi o Sávio jogar. Foi pela televisão. E desde então apostei minhas
fichas nele. Conseguia ver que aquele jovem franzino ia longe com o manto
sagrado. E por alguns anos ele foi um grande ídolo. Acompanhei seu futebol no
Real e sempre emanei bons pensamentos para a carreira dele. Mais ou menos como
a nação hoje em dia faz com o Renato Augusto. A gente quer ver esses jogadores
que nós criamos vencendo mundo afora.
Também me lembro da
primeira vez que vi o Adriano jogar. Foi ao vivo no maracanã, numa partida dos
juniores antes de algum jogo do profissional. De cara, fiquei espantado com o
tamanho do jogador, que pela estatura geralmente é utilizado na defesa, mas ele
tava no ataque e pasmem, aquele moleque corria e se posicionava como um grande
finalizador – fez gol inclusive. Não deu outra, meses depois ele tava estreando
no time principal e até hoje é um dos melhores atacantes que vi jogar. Também
com ele eu acordava no domingo pra ver os jogos da Inter e torcer por ele. Até
durante o campeonato paulista eu via os jogos do São Paulo por ele.
A nação rubro negra tem
esse carinho pelos seus. Alguns comentaristas falam que nós fazemos nascer um
Zico a cada geração e ao notarmos que eles não são o Zico, nós queimamos um bom
potencial.
Eu prefiro ver isso de
outra forma. Não há clube que os torcedores tenham mais carinho pela sua
divisão de base que o Flamengo. Isto já vem antes dessa nova era Santos e
Barcelona da vida. Nós temos uma tradição de ver esses meninos e entregar nossa
esperança e nosso amor para eles, em troca de raça e paixão. Tudo dentro da lei
e sem pedofilia, óbvio.
E ontem, dia primeiro de
julho eu vi nascer mais um desses que eu vou acompanhar pela vida toda. Sei no
fundo de meus pensamentos que posso estar enganado e meu lado cínico manda que
tome cuidado com mais uma promessa que é queimada nas divisões de base do
flamengo. Mas esse garoto tem uma estrela que vai além desse cinismo.
Vejamos...
A primeira vez que o vi
jogar foi na campanha que ele foi importante e campeão da copa de Juniores
sub-17. Acompanhando os jogos dava pra perceber que o garoto tinha uma ótima
técnica de bola, visão de jogo e chute. Além de ser veloz e chamar o jogo para
si, sem se esconder como muitos habilidosos por aí fazem. E ele tinha menos
idade que os outros.
Depois acompanhei na
seleção ele se tornar maestro e daí em diante sempre procurei ver como ia sua
carreira. Ele tinha 16 anos, depois 17...
No começo do ano, teve
sua primeira oportunidade nos profissionais. Campeonato Carioca. Time cheio de
garotos e ele fez um gol. Eu vi pela TV e fiquei arrepiado com a alegria
daquele moleque que não sabia nem como comemorar o gol dele e se ajoelhou
chorando olhando para a torcida. Foi sem palavras. Enredo holywood.
Desde então, os mandantes
do futebol tentam dar lições de caráter ao jogador, para que ele fique humilde
e não seja mais um, ou não seja o Neymar. Sendo assim, deixaram ele nos
juniores e até na reserva dos juniores ele andou. O flamengo moldando seu
caráter – essas são as desculpas...
Primeira coisa que ele
fez foi tirar o cabelo moicano que usava, depois as tiaras brancas nos dois
pulsos todos copiados de outros jogadores e se transformou nele mesmo. Não
queira ser ninguém, seja você apenas.
E ontem eu vi nascer um
jogador, mais um da base do flamengo que é diferenciado, que a nação vai
abraçar. Ele entrou no segundo tempo, na primeira bola botou na cabeça do Diego
Maurício. Depois veio o gol e a comemoração com os companheiros. E aí veio
o mais importante para mim, ele correu, marcou, cobriu o lateral, segurou a
bola, deu passe pro Vagner Love sofrer falta pro terceiro gol... e cansou.
Ontem eu vi nascer de vez
Adryan o nosso novo 10, ou melhor, o A10 da Gávea. Não acredita? Ele pode não
ser agora, afinal nem sei se o corpo dele agüenta 90 minutos ainda nos
profissionais. Pode nem ser no ano que vem, mas em breve ele será e sabe como
eu sei disso? A mesma sensação que tive quando vi o Sávio e o Adriano e olha no
que deu...
Boa sorte A10, que você
tenha uma longa e bela carreira!
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Ps. previsão mãe Dinah:
Em dois anos a gente vai estar exigindo ele na Copa
terça-feira, junho 26, 2012
terça-feira, junho 19, 2012
Parabéns Chico Buarque....
Peço licença ao Pedro Sanches
e aos que odeiam a sua irmã
peço um silêncio aos que amavam só Caetano
e por tabela te detestavam
Chico, dos olhos
de dizerem mil contos
Chico, da voz miúda
de cantar a milhões de almas femininas
todas querendo parir um filho seu
Chico, o escritor, solitário como qualquer outro
solidário nas palavras
um dos maiores entre todos
o compositor...
Chico Buarque de Holanda
(e da mangueira)
Feliz aniversário
e muitos anos de vida
uma das novas que mais gosto dele
e claro, umas clássicas...
e aos que odeiam a sua irmã
peço um silêncio aos que amavam só Caetano
e por tabela te detestavam
Chico, dos olhos
de dizerem mil contos
Chico, da voz miúda
de cantar a milhões de almas femininas
todas querendo parir um filho seu
Chico, o escritor, solitário como qualquer outro
solidário nas palavras
um dos maiores entre todos
o compositor...
Chico Buarque de Holanda
(e da mangueira)
Feliz aniversário
e muitos anos de vida
uma das novas que mais gosto dele
e claro, umas clássicas...
segunda-feira, junho 04, 2012
mundo Drummondiano
Sou um dos apaixonados pelo Drummond
acho-o o maior de todos
as suas troças que mais me embalam
principalmente o seu cinismo
não o cinismo dos vencedores
do garanhão James Bond
mas o cinismo do pequeno homem
que se agiganta nas piores situações
que vem de baixo
uma visão dos que foram massacrados
que consegue ver justamente por isso
por baixo das saias das moças
Drummond é um povo acostumado em levar socos e pontapés
e fazer o menos barulho possível
virar para seu torturador após massivos golpes
e perguntar com sorriso nos lábios:
- Já acabou, meu senhor?
e de se despedir do mesmo dizendo
- Passar bem.
Gosto da elegância do Drummond
que europeus gostam de repercutir: subserviência
o que não sabem é que no fundo daqueles olhos
atrás daqueles óculos vez e vezes roubado
reside um homem, que galhofa de todos nós
corredores em uma pista oval.
Drummond, o maior de todos
a fala pequena
a voz suave
a máquina de escrever que não deveria fazer barulho ao digitar
Estalava os dedos e ria de toda a opressão
e se libertava daquela mediocridade
que de repente, somos todos obrigados a conviver
Ele apenas mudava o foco e pronto
novo mundo
mundo novo Drummondiano
surgia
e era quase cópia do nosso
estavam a fome, delírios, violência e manchas
mas existia respiro, um breve respiro
E qual não é o maior dos alívios senão
a a pausa entre intermitentes suplícios?
Drummond é e sempre será isso...
acho-o o maior de todos
as suas troças que mais me embalam
principalmente o seu cinismo
não o cinismo dos vencedores
do garanhão James Bond
mas o cinismo do pequeno homem
que se agiganta nas piores situações
que vem de baixo
uma visão dos que foram massacrados
que consegue ver justamente por isso
por baixo das saias das moças
Drummond é um povo acostumado em levar socos e pontapés
e fazer o menos barulho possível
virar para seu torturador após massivos golpes
e perguntar com sorriso nos lábios:
- Já acabou, meu senhor?
e de se despedir do mesmo dizendo
- Passar bem.
Gosto da elegância do Drummond
que europeus gostam de repercutir: subserviência
o que não sabem é que no fundo daqueles olhos
atrás daqueles óculos vez e vezes roubado
reside um homem, que galhofa de todos nós
corredores em uma pista oval.
Drummond, o maior de todos
a fala pequena
a voz suave
a máquina de escrever que não deveria fazer barulho ao digitar
Estalava os dedos e ria de toda a opressão
e se libertava daquela mediocridade
que de repente, somos todos obrigados a conviver
Ele apenas mudava o foco e pronto
novo mundo
mundo novo Drummondiano
surgia
e era quase cópia do nosso
estavam a fome, delírios, violência e manchas
mas existia respiro, um breve respiro
E qual não é o maior dos alívios senão
a a pausa entre intermitentes suplícios?
Drummond é e sempre será isso...
sexta-feira, maio 25, 2012
É assim...
É assim...
os espíritas zombam dos evangélicos
que riem dos católicos
que apedrejam os islâmicos
que perseguem os budistas
que lutam contra os satanistas
que humilham os umbandistas
que discutem com os ateus
que mandam a todos se foderem
.
.
.
.
.
.
e no meio disso tudo uma menina
tenta se livrar de de um outro menino
que habita seu corpo
e foi posto lá
por homens maus...
os espíritas zombam dos evangélicos
que riem dos católicos
que apedrejam os islâmicos
que perseguem os budistas
que lutam contra os satanistas
que humilham os umbandistas
que discutem com os ateus
que mandam a todos se foderem
.
.
.
.
.
.
e no meio disso tudo uma menina
tenta se livrar de de um outro menino
que habita seu corpo
e foi posto lá
por homens maus...
quinta-feira, maio 24, 2012
grandes crianças
Cansado das pessoas que olham pro próprio umbigo apenas... os capazes de sorrir na sua cara enquanto apunhalam seu espírito.
Pessoas que não tem um pingo de empatia pelos outros quando o interesse delas está em jogo.
Sorriem e pedem com jeitinho mas não entendem, por imaturidade, que são apenas um caminhão sem freio movido por vontades pessoais.
E quando recebem um não, apenas transformam tudo na pior situação e quem disse o "não" é mau, feio e cara de bobão...
Cansado desses ditos adultos que se comportam como crianças...
Enfim, momento desabafo da semana.
terça-feira, maio 22, 2012
uma lei no meu mundo
vamos legalizar a prostituição
e que Deus dê um bônus
às mulheres que se comportam
como putas ente quatro paredes
em troca "apenas" de diversão
Eu aprovo!
e que Deus dê um bônus
às mulheres que se comportam
como putas ente quatro paredes
em troca "apenas" de diversão
Eu aprovo!
sexta-feira, maio 18, 2012
NaLaPa (show laranjeiras 24/04/12)
Foi tanta correria nestes dias que esqueci de postar aqui os vídeos da apresentação em Laranjiras da minha banda...
Apenas um peão em seu jogo (política)
E como sempre é usada a tática de dissolver e conquistar contra a esquerda neste país.
e mais uma vez suas lideranças caem nisso.
Aqui no RJ o Marcelo Freixo tem todos os motivos pra se voltar contra o Cabral (principal força política atual do estado - excluindo a Globo, óbvio). É contra o grupo de Cabral que ele tem se batido e feito a sua carreira (milicianos e etc..) mas...
aqui cabe uma discussão, até que ponto interesses locais devem sobrepujar os nacionais? Ou vice-versa?
Por exemplo, o PT do RJ afundou toda a esquerda por aqui pra garantir a eleição de Lula em aliança com Garotinho (irc) e desde então a esquerda do estado foi pro saco. (acabando por tabela com a carreira política de mais um fenômeno social e que um dia poderia via a ser a presidenta deste país para calar a boca de muita gente: a Benedita da Silva, mas enfim...)
A que custo?
Hoje o RJ se vê dividido entre forças políticas de direita e centro direita enquanto a esquerda está nula, nula...
valeu a pena?
Pro resto do país e humanidade sim mas pro RJ só o tempo pode dizer...
há recuperação disso?
Eu acho que sim, mas é preciso maturidade política dos agentes de esquerda daqui do Rio pra reverter este quadro.
Que o Cabral está metido nos negócios mais escusos e imundos, acho que ninguém tem dúvida desde a queda do helicóptero e isso um dia vai cobrar na conta dele, mas esse é o momento disso acontecer?
Vale a pena o Marcelo Freixo virar toda a sua munição contra (apenas) ele em um episódio tolo como o do Vacarezza? - lembremos que até agora nos áudios, o Cabral apareceu bem de longe nos negócios de Cachoeira - pelo menos em comparação com outras forças políticas do país.
Que acho que ele deva ser investigado? óbvio..
Mas se neste momento é mais importante pegar um Cabral que tem calças curtas em outros assuntos e que neste aparentemente ele só tem poucas sombras... bem, se isso é mais importante do que pegarmos e irmos atrás de quem de fato, manda e desmanda neste país
e que ultimamente tem servido apenas para atrasar a reforma e revolução social que queremos (nós de esquerda e humanistas - por filosofia) empregar por aqui?
é apenas questão de tática... primeiros vamos pegar os inimigos e depois vamos atropelar os semi-aliados, ou aliados "receosos"...
Ainda mais quando eu vejo um PSOL da vida aparecer nos meios midiáticos repercutindo a mesma lenga-lenga do pessoal de PSDB...
e aí acho burrice, porque eles se transformam em mais um peão em seu jogo...
Por isso escrevi no twitter uma série de coments que vou colar aqui embaixo e aproveito para colocar também uma música do Bob Dylan pra esquerda pensar...
"Quanto mais o Marcelo Freixo se mobiliza para jogar no colo da CPI o Cabral, (sem q tenha feito esforço algum ou menor sobre a Veja ou outros)...
e sem perceber que isso é jogo de fumaça por parte da oligarquias midiáticas pra confundir e pautar a CPI, mais ele vai perdendo meu voto
essa esquerda buldogue que atira nos vizinhos e se esquece contra o q lutamos.
O cabral vai ser indiciado, qq dia ele cai, esse é o momento da Veja e afins. nunca esteve tão palpável#aliançaestratégicacontraVeja"
Por isso chamo a esquerda a razão, assistam os jornais de logo mais e vejam se vocês querem que esse acinte continue na nossa democracia.
A mídia ri e sapateia em cima dos cadáveres que ousaram discutí-la, que tiveram a petulância de questioná-la. Até quando?
e mais uma vez suas lideranças caem nisso.
Aqui no RJ o Marcelo Freixo tem todos os motivos pra se voltar contra o Cabral (principal força política atual do estado - excluindo a Globo, óbvio). É contra o grupo de Cabral que ele tem se batido e feito a sua carreira (milicianos e etc..) mas...
aqui cabe uma discussão, até que ponto interesses locais devem sobrepujar os nacionais? Ou vice-versa?
Por exemplo, o PT do RJ afundou toda a esquerda por aqui pra garantir a eleição de Lula em aliança com Garotinho (irc) e desde então a esquerda do estado foi pro saco. (acabando por tabela com a carreira política de mais um fenômeno social e que um dia poderia via a ser a presidenta deste país para calar a boca de muita gente: a Benedita da Silva, mas enfim...)
A que custo?
Hoje o RJ se vê dividido entre forças políticas de direita e centro direita enquanto a esquerda está nula, nula...
valeu a pena?
Pro resto do país e humanidade sim mas pro RJ só o tempo pode dizer...
há recuperação disso?
Eu acho que sim, mas é preciso maturidade política dos agentes de esquerda daqui do Rio pra reverter este quadro.
Que o Cabral está metido nos negócios mais escusos e imundos, acho que ninguém tem dúvida desde a queda do helicóptero e isso um dia vai cobrar na conta dele, mas esse é o momento disso acontecer?
Vale a pena o Marcelo Freixo virar toda a sua munição contra (apenas) ele em um episódio tolo como o do Vacarezza? - lembremos que até agora nos áudios, o Cabral apareceu bem de longe nos negócios de Cachoeira - pelo menos em comparação com outras forças políticas do país.
Que acho que ele deva ser investigado? óbvio..
Mas se neste momento é mais importante pegar um Cabral que tem calças curtas em outros assuntos e que neste aparentemente ele só tem poucas sombras... bem, se isso é mais importante do que pegarmos e irmos atrás de quem de fato, manda e desmanda neste país
e que ultimamente tem servido apenas para atrasar a reforma e revolução social que queremos (nós de esquerda e humanistas - por filosofia) empregar por aqui?
é apenas questão de tática... primeiros vamos pegar os inimigos e depois vamos atropelar os semi-aliados, ou aliados "receosos"...
Ainda mais quando eu vejo um PSOL da vida aparecer nos meios midiáticos repercutindo a mesma lenga-lenga do pessoal de PSDB...
e aí acho burrice, porque eles se transformam em mais um peão em seu jogo...
Por isso escrevi no twitter uma série de coments que vou colar aqui embaixo e aproveito para colocar também uma música do Bob Dylan pra esquerda pensar...
"Quanto mais o Marcelo Freixo se mobiliza para jogar no colo da CPI o Cabral, (sem q tenha feito esforço algum ou menor sobre a Veja ou outros)...
e sem perceber que isso é jogo de fumaça por parte da oligarquias midiáticas pra confundir e pautar a CPI, mais ele vai perdendo meu voto
essa esquerda buldogue que atira nos vizinhos e se esquece contra o q lutamos.
O cabral vai ser indiciado, qq dia ele cai, esse é o momento da Veja e afins. nunca esteve tão palpável
Por isso chamo a esquerda a razão, assistam os jornais de logo mais e vejam se vocês querem que esse acinte continue na nossa democracia.
A mídia ri e sapateia em cima dos cadáveres que ousaram discutí-la, que tiveram a petulância de questioná-la. Até quando?
Only A Pawn In Their Game
A bullet from the back of a bush
took Medgar Evers' blood
A finger fired the trigger to his name.
A handle hid out in the dark
A hand set the spark
Two eyes took the aim
Behind a man's brain
But he can't be blamed
He's only a pawn in their game
A South politician preaches to the poor white man
"You got more than the blacks, don't complain
You're better than them,
you been born with white skin," they explain
And the Negro's name
Is used it is plain
For the politician's gain
As he rises to fame
And the poor white remains
On the caboose of the train
But it ain't him to blame
He's only a pawn in their game
The deputy, sheriffs, the soldiers
The governors get paid
And the marshals and cops get the same
But the poor white man's used
In the hands of them all like a tool
He's taught in his school
From the start by the rule
That the laws are with him
To protect his white skin
To keep up his hate
So he never thinks straight
'Bout the shape that he's in
But it ain't him to blame
He's only a pawn in their game
From the poverty shacks
He looks from the cracks to the tracks
And the hoof beats pound in his brain
And he's taught how to walk in a pack
Shoot in the back
With his fist in a clinch
To hang and to lynch
To hide 'neath the hood
To kill with no pain
Like a dog on a chain
He ain't got no name
But it ain't him to blame
He's only a pawn in their game
Today, Medgar Evers was buried
From the bullet he caught
They lowered him down as a king
But when the shadowy sun sets on the one
That fired the gun
He'll see by his grave
On the stone that remains
Carved next to his name
His epitaph plain:
Only a pawn in their game
APENAS UM PEÃO EM SEU JOGO:
Uma bala por detrás dos arbustos
tirou o sangue de Medgar Evers
Um dedo puxou o gatilho a seu nome
Um encosto escondeu no escuro
Uma mão deu a faísca
Dois olhos fizeram mira
Atrás, o cérebro de um homem
Mas ele não pode ser culpado
Ele é apenas um peão em seu jogo
Um político do sul prega para o pobre homem branco
"Você tem mais do que os negros, não reclame
Você é melhor do que eles,
você nasceu com pele branca." ele explicou
E o nome Negro
É usado obviamente
Para o lucro do político
Enquanto ele sobe em fama
E o pobre branco permanece
No vagão do trem
Mas não é ele a se culpar
Ele é apenas um peão em seu jogo
O deputado, o xerife, os soldados
Os governadores são pagos
E os delegados e policiais recebem o mesmo
Mas o pobre homem branco é usado
Nas mãos de todos estes como uma ferramenta
Ele está preso em sua educação
Desde o inicio pela regra
Que a lei está com ele
Para proteger sua pele branca
Manter o seu ódio
Para que nunca pense direito
No estado que ele está
Mas não é ele a culpar
Ele é apenas um peão em seu jogo
Dos barracos da pobreza
Ele enxerga pelas frestas os trilhos
E a batida das patas ecoam na sua mente
E ele é ensinado como andar em grupo
Atirar pelas costas
Com seu punho cerrado
Enforcar em um linchamento
Se esconder atrás de uma capa
Matar sem dó
Como um cachorro na corrente
Ele não tem nome
Mas ele não é de se culpar
Ele é apenas um peão em seu jogo
Hoje Medgar Evars foi enterrado
Pela bala que o pegou
Eles o abaixaram como um rei
Mas quando as sombras do sol que se põem sobre aquele
Que atirou a pistola
Ele verá sua cova
Na pedra que permanece
Talhado ao lado de seu nome
O epitáfio explicando:
Apenas um peão em seu jogo
sexta-feira, maio 11, 2012
doente
meus pés alcançam minhas mãos
nessa incrível dança de cor lilás
são pulseiras esparramadas ao chão
e ladeiras de curvas e quintais
serenos partem em caminhão
apontam na marina fulgás
ancoram o seu timão
e esbarram no conceito de mar
e o que espera ter dessa visão
senão a beira do que virá
pirulitos caem de montão
a estrela segue a caminhar
quem os soldados são
e essa bandeira a carregar?
o que representam
se apenas duvidar
é o que são
e o que sabem gritar
a torta, a amiga e o irmão
são contos de ninar
afastam sua atenção
da quimera terra-lunar
assopram, assopram e inflam
o seu ego de ficar
cheio até o chão
como paredes de tijolo e ar
se é no povo que pisam
esquece até do porquê lutar
se é em ti que uivam
os lobos flutuam a te pegar
corre, grita e parte até que não
te sufoques mais por lá
quem me dera essa benção
fechar meus olhos e acordar
no dia, a noite e o amanhã
que vivo sem certeza de tocar
nessa incrível dança de cor lilás
são pulseiras esparramadas ao chão
e ladeiras de curvas e quintais
serenos partem em caminhão
apontam na marina fulgás
ancoram o seu timão
e esbarram no conceito de mar
e o que espera ter dessa visão
senão a beira do que virá
pirulitos caem de montão
a estrela segue a caminhar
quem os soldados são
e essa bandeira a carregar?
o que representam
se apenas duvidar
é o que são
e o que sabem gritar
a torta, a amiga e o irmão
são contos de ninar
afastam sua atenção
da quimera terra-lunar
assopram, assopram e inflam
o seu ego de ficar
cheio até o chão
como paredes de tijolo e ar
se é no povo que pisam
esquece até do porquê lutar
se é em ti que uivam
os lobos flutuam a te pegar
corre, grita e parte até que não
te sufoques mais por lá
quem me dera essa benção
fechar meus olhos e acordar
no dia, a noite e o amanhã
que vivo sem certeza de tocar
terça-feira, maio 08, 2012
----) ir (---- ?
Eu te amo
por isso deixo-te
-----) ir (-----
em qualquer direção
eu, você
somos passageiros irreais de um cometa
não há um brinco especial
pra cada orelha
eu te amo
e deixo-me ir
por conta disso
eu te amo
me deixa?
por isso deixo-te
-----) ir (-----
em qualquer direção
eu, você
somos passageiros irreais de um cometa
não há um brinco especial
pra cada orelha
eu te amo
e deixo-me ir
por conta disso
eu te amo
me deixa?
sábado, maio 05, 2012
guarda-chuvas abandonados
numa escala de 1 a 5
estamos a 6
mais tristes na história
na conta do lápis azul
sobrou caderno
e faltou borracha
nestas páginas
enquanto atravesso a rua
ignorando os lados
meu tênis rebate minhas incertezas
o chão continua áspero
a vida segue imparável
e praga de mãe
nem existe porque mãe se foi há tempos
outro dia eu tive uma boa lembrança
que já se escondeu da memória
foi pra trás dos muros dos lamentos
agachada no balcão onde procuramos
um lugar no qual devem estar
todos os guarda-chuvas deixados pra trás no mundo
estamos a 6
mais tristes na história
na conta do lápis azul
sobrou caderno
e faltou borracha
nestas páginas
enquanto atravesso a rua
ignorando os lados
meu tênis rebate minhas incertezas
o chão continua áspero
a vida segue imparável
e praga de mãe
nem existe porque mãe se foi há tempos
outro dia eu tive uma boa lembrança
que já se escondeu da memória
foi pra trás dos muros dos lamentos
agachada no balcão onde procuramos
um lugar no qual devem estar
todos os guarda-chuvas deixados pra trás no mundo
andando descalço na avenida solidão
Deixa um pouco de coberta
pra quando eu precisar
esse canto da parede
que tanto tem a contar
retas que seguem em frente
ao teto e disparar
com as mãos agasalhadas
eu canso de me perguntar
por que?
pra onde?
e então?
Veja como desperta
a beleza de um gostar
passa o dia, os meses
e vira se preocupar
com tranqueiras, prateleiras
a nos atrapalhar
não adianta dizer isso
que ninguém vai me escutar
por que?
Porque não faz mais sentido
Pra onde?
até quando for o caminho
e então?
como sempre coroado sozinho
andando descalço na avenida solidão
pra quando eu precisar
esse canto da parede
que tanto tem a contar
retas que seguem em frente
ao teto e disparar
com as mãos agasalhadas
eu canso de me perguntar
por que?
pra onde?
e então?
Veja como desperta
a beleza de um gostar
passa o dia, os meses
e vira se preocupar
com tranqueiras, prateleiras
a nos atrapalhar
não adianta dizer isso
que ninguém vai me escutar
por que?
Porque não faz mais sentido
Pra onde?
até quando for o caminho
e então?
como sempre coroado sozinho
andando descalço na avenida solidão
terça-feira, abril 24, 2012
Show do NalaPa hoje
Hoje tem show do NaLaPa e eu só penso em descansar
esse mês fiquei doente e mesmo assim fui trabalhar
já fui à São Paulo algumas vezes e em nenhuma dela sorri
um pouco de banzo e muito cansaço
quero uma semana de vida, de ar
quero ir ao cinema
até agora nem o Raul eu vi
mas hoje tem show do NaLaPa
e haja fonte de energias
a cabeça ainda tenta encontrar espaço pras brumas
mas elas não existem...
bom, e merda para a gente!!!!
esse mês fiquei doente e mesmo assim fui trabalhar
já fui à São Paulo algumas vezes e em nenhuma dela sorri
um pouco de banzo e muito cansaço
quero uma semana de vida, de ar
quero ir ao cinema
até agora nem o Raul eu vi
mas hoje tem show do NaLaPa
e haja fonte de energias
a cabeça ainda tenta encontrar espaço pras brumas
mas elas não existem...
bom, e merda para a gente!!!!
domingo, abril 08, 2012
Fala - Secos e Molhados
Música do momento...
Fala - Secos e Molhados com o melhor frontman que o Brasil já produziu... Ney Matogrosso
Fala - Secos e Molhados com o melhor frontman que o Brasil já produziu... Ney Matogrosso
quarta-feira, março 14, 2012
Insônia
Doou toda a sua fortuna para as panificadoras da cidade, escreveu em seu testamento:
"Não há companhia melhor que um pão quente com queijo derretido para um escritor solitário em mais uma noite densa de trabalho"
Insônia.
"Não há companhia melhor que um pão quente com queijo derretido para um escritor solitário em mais uma noite densa de trabalho"
Insônia.
quinta-feira, março 08, 2012
quarta-feira, fevereiro 29, 2012
domingo, fevereiro 26, 2012
Status Operandi
De quando em quando uma boa ação
e uns sorrisos platinados
nos seres viventes
suas caras francas
e almas em paz
até que dobram a esquina e começa tudo de novo
o chefe chato
o salário pouco
a fome retinente
a dieta eterna
a cabeça em obra
não por pensamentos
mas por britadeiras
os olhos querem sangrar lágrimas
as meninas querem conforto
até sob o sol escaldante
os meninos querem direito
a se sentirem dessa forma
ainda há tantas selvas
tantos índios que não sabemos os nomes
fora os amigos esquecidos
e recém retornados
e quanto aos amores
eles ficam pendurados
na vírgula dessa vida cão
quando não fazem parte
deste Partido da Opressão
se eu me sinto constrangido
com os sorrisos alheios
imagina minha sombra
que é mais tímida
que uma marmota longe do Inverno.
e uns sorrisos platinados
nos seres viventes
suas caras francas
e almas em paz
até que dobram a esquina e começa tudo de novo
o chefe chato
o salário pouco
a fome retinente
a dieta eterna
a cabeça em obra
não por pensamentos
mas por britadeiras
os olhos querem sangrar lágrimas
as meninas querem conforto
até sob o sol escaldante
os meninos querem direito
a se sentirem dessa forma
ainda há tantas selvas
tantos índios que não sabemos os nomes
fora os amigos esquecidos
e recém retornados
e quanto aos amores
eles ficam pendurados
na vírgula dessa vida cão
quando não fazem parte
deste Partido da Opressão
se eu me sinto constrangido
com os sorrisos alheios
imagina minha sombra
que é mais tímida
que uma marmota longe do Inverno.
quinta-feira, fevereiro 23, 2012
eterna pergunta
tem dias que a vida te fere
e você barbante se rompe infinito
mas volta triunfante
em dias de elástico
com o orgulho ferido
até quantas primaveras viveremos disso?
eu sou sombra e poeira
eu sou vigor e cansaço
eu sou coragem e temor
de reviver sempre os mesmos fracassos
meu timão encostado em alguma baía por aí
sonhando com o mar que poderia vir
sabes mui bem do que falo
daquela respiração tardia
do gol perdido
e o grito abafado por mãos sujas na garganta
ainda sendo oprimido pelo simples ato de viver
eu vacilante sigo sem querer lembrar o porquê
tem dias que a vida é mãe
tem dias que é madrasta
ou uma tia bem intencionada que só quer seu bem
ou um bloco de carnaval
que você espera ser a apoteose de seus sonhos
mas sai mais cedo por que está passando mal...
no fim da noite
no fechar de pálpebras
a única certeza:
dor,
não sei da vida,
a ela é eterna pergunta
e você barbante se rompe infinito
mas volta triunfante
em dias de elástico
com o orgulho ferido
até quantas primaveras viveremos disso?
eu sou sombra e poeira
eu sou vigor e cansaço
eu sou coragem e temor
de reviver sempre os mesmos fracassos
meu timão encostado em alguma baía por aí
sonhando com o mar que poderia vir
sabes mui bem do que falo
daquela respiração tardia
do gol perdido
e o grito abafado por mãos sujas na garganta
ainda sendo oprimido pelo simples ato de viver
eu vacilante sigo sem querer lembrar o porquê
tem dias que a vida é mãe
tem dias que é madrasta
ou uma tia bem intencionada que só quer seu bem
ou um bloco de carnaval
que você espera ser a apoteose de seus sonhos
mas sai mais cedo por que está passando mal...
no fim da noite
no fechar de pálpebras
a única certeza:
dor,
não sei da vida,
a ela é eterna pergunta
sábado, fevereiro 18, 2012
quinta-feira, fevereiro 16, 2012
quarta-feira, fevereiro 15, 2012
terça-feira, fevereiro 14, 2012
segunda-feira, fevereiro 13, 2012
domingo, fevereiro 12, 2012
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