quinta-feira, março 23, 2006

minha eterna companheira

um ronco
e o gosto amargo de coisa morta
entendo mui bem os vegetarianos
essa carne mal-passada que se esgueira por aí
acha que está certo em ser egoísta
caralho, cada vez tenho mais asco de mim mesmo
eu sou um vômito ambulante um trambolho esquecido
e aquela luz piscando perto do fim
quer saber quem pensa mais em morte?
aquele que sorri a cada instante
da vida sinistra
eu que me tornei o que mais me arrepiava
eu fugi, e fugi desse rótulo
desse formato e aqui estou descalço
e de joelhos, rendido com uma em minha direção
se me mantiver nesse curso serei mais ainda meu ódio encarnado
veja o que aprendi nesta vida:
roubar muito acaba bem
é preciso mentir pra sobreviver
se quiseres ficar sozinho arrume uma companheira
se quiseres algo não o terás assim,
será amargo, algo que te deixe com uma vontade de voltar atrás
aprendi a ter muto medo da vida
essa deusa vingativa
e minhas únicas armas são o cinismo e a falta de moral
que nem me são pesadas e ninguém desconfia
só sentem mas aqui, nesse mundo vulgar
não se tendo provas
é aceito qualquer fato revisado
qualquer versão
vira consumada se bem defendida

veja, até tem pesssoas que acham que gostam de mim
eu, o quase príncie da baixeza moral
afasto pessoas e reclamo solidão
sinto o mundo perdido cada hora desgraçada que respiro
e sou incapaz de dar uma esmola
sem achar que estou sendo enganado
não boto uma bala na cabeça por que ela já está cheia
e essa noite quem me embala?
quem dará colo a essa trouxa de mal elementos
quem? eu pergunto
há de me dar uma paz
pelo menos essa noite eu precisava muito
mas o mundo dorme
na frente do computador
só eu e a solidão
minha eterna companheira

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