sexta-feira, setembro 01, 2006

escultor de mágoas

nunca soube lidar bem com os meus fracassos
os ergo em medalhas esculpidas em aço
carrego-as junto ao meu corpo
cada vez mais cansado e pesado

ando metros que parecem léguas
sinto vacilar as pernas
lembro de todas as desventuras (minhas)
penso que essa mágoa será eterna

os braços duros de tanto carregar
achar que não há mais força mas há
para esculpir outra medalha e carregar
carregá-la até me entregar

quando olho para frente não consigo ver
é tanta mágoa para dissolver
quando olho para trás consigo enxergar
claramente, cada pecado do teu olhar

é claro que mesmo amargo continuarei
a lembrar de suas ações ordinárias
pais para sempre serei
um eterno escultor de mágoas

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