domingo, dezembro 31, 2006

desejo de ano novo para uma amiga

meu muito mais que desejo de te ver bem
andando por venturas inabrigáveis
por sensações indizíveis
e sorrisos sem fim
que olhe para o lado e veja um companheiro
te amando e respeitando
e te olhe como como você me olha
como eu já te olhei um dia...

sábado, dezembro 23, 2006

minha(s) natureza(s)

todos tem medos, todos tem monstros
os meus são de fazer mal a mim
e às outras pessoas
me afasto de amigos, sumo da família
só carrego-os comigo em saudades boas
ás vezes, penso em morte
em alguma solidão definitiva
fugir por entre grades da vida
e escorregar rumo ao chão
colher sozinho minhas recompensas
pelos meus atos macabros
em dias assim quase não falo
quase não respiro
dói me locomover
quer saber? isto é só um retrato
é só um quadro de um tempo que passou
de tentar esquecer o passado e depois: desespero e dor
hoje, há feliz, há a cidade
há a junção e um nome:
Lua
que tanto me diz
que tanto me traz
que de mim quer o que tantas querem de outros
e (rindo safadamente) mais um pouco
diz espoleta e sai da sala rebolando
me faz rir e me apaixonar
e em dias assim eu tenho certeza
é da minha natureza amar esta moça
amá-la é da minha natureza

segunda-feira, dezembro 18, 2006

anti-polícia

olhe quem vem lá
de azul e de fardas
de pontápés
pé ante pé
de capacete e colete
de torturas e sangues
minha pele sobe
quem não sabe?
quantos gritos esses ouvidos não ouviram
quantas grades são necessárias pra manter a ordem
pra atropelar suas vidas com o progresso
por isso xingo essa bandeira
cuspo esse hino e nem me levanto
mas vem de armas e ódio
minha terna idade sabe
meus medos...
na minha cor seu ódio
e meu desespero
por que mesmo?
meu nariz abatatado?
meus cabelos trançados?
anos e anos no navio negreiro
e me chicoteando
"todo camburão de polícia tem um pouco de navio negreiro"
e que venha o caveirão
pois deus está do nosso lado
levanto a mão ao céu
o punho fechado e grito:
resistir é preciso

anna e o rei (sob efeito da Lua)

meus passos são mais calmos e decididos
quando vão em sua direção
mesmo com todos ajoelhados em nossa vista
meus joelhos são mais varões
meus pés são mais firmes quando
meu corpo urge encontrar o seu
e minha boca mais sedenta quando penso
em tua língua como fonte
quando misturo um pouco de nosso jeito
com o jeito do mundo
um pouco de nossa vida com o destino do mundo
e sigo adiante, ou melhor,
a partir de então, seguimos adiante
você me aponta novos horizontes e ri
eu apaixonado, comovido e tocado choro
são lágrimas de felicidade
de tanto que dá vontade de dizer como te adoro
como te amo, mas isso é pouco
são só dizeres
deixa o tempo passar
e eu poder demonstrar isso dia a dia
e o que mais?
casa, filhos, futuro? vida!
seja lá o que for... com você tá bom :)

novas redenções- o que quero

quero soltar o verbo e rachar as costas
quero tremer em cima de você
sentir seu olho lacrimejar
de tanto suor e vontade
fazer em você uma oração
bem-vinda te dizer no ouvido
e deixar-te louca com meus devaneios

durmo em cima de nosso ninho
deixou aqui sua marca, seus vestígios
para que eu só pensasse em você
e em meus momentos só meus
são dedicados a você princesa
senhora do Atlântico
do Pacífico e do Índico
confesso que as vezes ainda dói viver
respirar não é um ato mecânico
mas minha muleta é meu sonho
e você é a cereja
cherry, eu me apaixono cada vez mais
e a novo instante tropeço em novas redenções
um "aceitamento" de mim mesmo e de tudo
das coisas que fazem bem
das coisas que fazem mal
e como eu posso e devo querer
mudar tudo isso

à lá nós

andando monarquicamente neste recinto ogro velho e macabro
cuspindo dizeres a favor de loucos putrefados

não há esperança para nós não querem neste bolo outro confeito
fomos descartados a ordem é evitar conflitos

mas a rajada é de palavras e elas vivem de suas próprias pernas
voam como borboletas lindas inspiradoras: ex-larvas

do que foi dantesco, do que foi caótico
do que se propôs, até que não sobrou tanto ódio

os anos passam e nós continuamos, tragédias atrás de tragédias
mas veja no fim do túnel: continuam nascendo humanos

neste vidro quebrado, nestas horas tristes
o que escancaramos sempre são olhos sorrindo

gritos vem e vão e são importantes
mas ninguém consegue registrar nossa maior façanha
AMAR O IMPERFEITO

domingo, dezembro 17, 2006

uma nova situação (rsrsrsrs)

o dia traz mais de carinho que aguenta em teu corpo
traz mais de sorrisos e um torpor silencioso
faz de um mal juízo um gosto de novo
e de prejuízos o melhor sabor: gostoso

é como comer bem em restaurantes de grã-finos
é nadar na onda pegando jacaré sem prancha
é ouvir de repente pra elevar os ânimos
e descobrir que tudo não passou de falso atrito

quarta-feira, dezembro 06, 2006

o velho poeta

amadureceu e ficou louco
as buchechas aumentaram
as costas curvaram
e o que escreveu foi pouco
ao poeta maior
vizinho de sonhos
ao poeta-mor
não vou ao seu velório
pois é aqui que choro por ti
quando o fogo te abraçou
e fostes puxado para o palco
contra a sua vontade
e de lá cantou assim
para quem quisesse ouvir:
"a noite cai, os passos findam
e eu deito
ai, que terra doce
que cama aconchegante
essa cama de terra molhada"
das trevas acompanhando sua voz
desceram lágrimas
elas se encontraram junto aos seus
e no nosso adeus
você ainda foi de afeto
ainda foi de sorriso
"- Adeus, Bruninho!"

nostalgia

talvez uma vontade de chorar
por um passado que não passou
todos que começam a escrever
querem ser o Renato ou Arnaldo Jabor
a noite me pegou levou para o canto e me finalizou
me deu de mamar, me deu o que pensar
quando olhei velhos cadáveres remoçando
quando um irmão me confundiu com outro
quando éramos irmãos da meia noite
e escrevíamos nos elevadores nossos nomes
quando estávamos todos unidos como dedos em uma luva
o problema é que todo mundo
que começa a escrever já quer ser Cazuza
quis chorar,
lá estavam eles, os gigantes do meu passado
estavam todos menores do que eu
meus medos me assombravam
até que se fechou a porta e quem partiu fui eu
crimes de juventude
são não viver sua potencialidade
crime da velhice
é só viver em nulidades
chorei poe um futuro que não vingou
lembrei de um passado que não passou

sexta-feira, dezembro 01, 2006

mais de conselhos

já começou seu destino de novo
já trouxe desgraça e enfermidade
aos trouxas que ama
ô serzinho criado pra ficar sozinho
ô menininho em seu quarto calado
assim não faz mal a ninguem
ô porco-espinho cheio de abraços
e os seus seguem machucados
com um falso sorriso no rosto
te dizem: - não é bem assim,
você só quer é fugir
ficar e lutar é muito difícil

o melhor de toda história de amor é o começo
como acabam? nem importa muito
afinal comoo diria o john:
"a vida é o que acontece
quando você está ocupado fazendo outras coisas"
o amor te pegou
a vida te pegou
não tem pra onde fugir
nem o porquê fugir
ela é linda
você está encantado e sorridente
aceite este fato (não como um fardo)
e simplesmente... viva

segunda-feira, novembro 27, 2006

novas notícias do front

são de verões os meus dias
são versões de uma mesma vida
até a chuva é colorida
quando está do seu lado
o motivo que te faz sorrir
malandro, te pegaram de jeito
o que era para ser passatempo
passou o tempo e ficastes adicto
numa onda boa, isso é fato
percebo o mundo de peito aberto
seja para maldades, minhas criancisses
ou até aos olhos de crianças
ingênuos pueris e encantadores
meu lábio como o de todos os outros seres humanos
abre como de imediato para elas agora
me pego em flagrante cantarolando
peças felizes e tristezas acabadas
meu quê de maldade uso para rir
rir do mundo acompanhado é muito melhor

segunda-feira, novembro 20, 2006

curvado

olhe para as minhas costas
são marcas de outras vidas
são traços de outros sofrimentos
são saudades desse velho carquético
e é isso
um pouco de falta de um carinho
muito de preocupação
talvez um quê de inconformismo
afinal, por que os seres humanos são assim?
eu me pergunto para que fazer tanto alarde
para que tocar o alarme por apenas um sopro de vida
vocês não sabem o que é isso pra mim...
ouvir um eu te amo
saber das estrelas e dos achados
de tudo que pertence ao mundo do que amo
me acalenta saber que me viram feliz
eu sei o porque e nada vai interfirir nisto

volta mundo- para fernando

rajada cortando a carne
funil no cú com óleo diesel
ratos enjaulados, em seus olhos a saída
enfiar garfos sob as unhas
amarrar o intestino sem anestesia
fazer comer pregos
fazer sair esses pregos
talvez assim,
eu me vingasse um pouco de você
essas regras do mundo
esse amor pelas normas
esse clamor pela disputa
afinal naquela casa quem tem o pau maior?
não é você
você não é ninguém
pobre coitado que como eu está de penetra convidado
e ainda quer fazer de mim capacho?
na boa, vá tomar no cú
você e sua amante,
seja lá quem for...

pequena cópia de meu pai
na vida atual
fizeste muito mal
mexeu com o que mais amo agora
fizeste chorar quem de mim tem mais que um bem
um dia eu sei, isso volta
o mundo meu caro, dá voltas...
o teu está guardado.

sexta-feira, novembro 17, 2006

para frança

se eu pudesse me vingar no mundo
o que já fizeram com você
esse jogo de cartas marcadas que nunca sai a sua
me deixa tão frustrado
essa mania dos outros de atropelar
quem não deve ser atropelado
essa mania do destino de testar
os saudáveis
os inquebrantáveis
nossos super-homens
você ainda é meu herói,
na ilha da fantasia
meu espécime de ser humano ainda é você
minha tristeza é que posso apenas te dar meu colo
o mundo está errado
o mundo esta muito errado mesmo

para dulti

salvador,
êta distância mais porreta
mais uma de suas loucas histórias
penso no que as vezes é preciso
é preciso certa distância pra se permitir
olhar diferente ou finalmente enxergar
você vê,
tú aí, eu aqui
pelo telefone a léguas de distância
e a saudade como ponte
nossa amizade como escuna nesse mar de solidões
e nossa vontade como madrinha das nossas viagens
sim, vamos todos viajar juntos
vamos olhar e orar uns pelos outros
e se alguém tiver que partir
(e isso pessoalmente é com você, viu?)
que saiba que deixa um pouquinho aqui conosco
e de nós leva um tantinho
que é pra não esquecer do gosto
que de toda essa vida é o mais desejado
é o mais querido e a melhor das sensações
sem um maior motivo
ser amado pelos seus amigos
em qualquer situação

o tolo

acordava e pensava, puta que paril ainda vivo
hoje abre os olhos e percebe em quanto é si mesmo
e quanto é seu
quanto de seu gosto, sua respiração, esse trovão
o que disso tudo faz dele e quanto ele se rende a isso
quanto desse sorriso vai para você
e quanto é desespero
quanto é solidão
e correria

queria amar os outros sem lhes causar mal
parecia impossível
hoje até se esquece disso,
uma risada no fundo o faz esquecer
esse riso de castor
mais olhos de oriente
e a pegunta: se não for assim como será?
aquele ranço sozinho no canto que era antes?
aquele abraço em si mesmo por saudade de contato?
chorar? não de tanto rir, ou do bom cansaço
mas de pena de si mesmo
atear fogo na floresta pra conter incêndio
então é isso, aceita, se cala
se rende ao Deus Supremo
o amor acima de tudo pela e para a vida

segunda-feira, novembro 13, 2006

segunda infância

e este gosto de groselha?
essa calçada já pintada de carvão
até bambolê se usa
como recordação
passo meus dias pesando seu pirulito
minhas travessuras
e sua idade
nosso futuro
meu deus eu disse isto mesmo?
e meu medo de contato e de contágio
e como eu diria:
tá bom, vamos às posses
e como você diria: vamos às ilusões

sexta-feira, novembro 03, 2006

vou passar

tudo vai passar
até você com seu sorriso
eu sei
até você com seus pulos
até meus sofrimentos
que atribuo a ti
e os filhos dos meus sobrinhos
(por que não haverá filhos)
nem saberão quem eu fui
na verdade, não importa mesmo
isso vai passar
eu vou também

carrego comigo só o meu sorriso
só as minhas lágrimas
só meu destino

me acolheram e eu sempre fui um menino mal educado
me deram carinho eu dei desassossego
é assim que retribuem os bichos do mato
eles mijam no seu sofá
e estragam toda a sua roupa
eu magôo as pessoas que mais amo
esse é meu poder
mutante, eu sei
só não sei deixar disso
só não sei deixar por isso mesmo
só não sei
só não, por favor meu deus
só, como sempre

a volta

e o grito que vai sair não era o que queria
eu não esperava o que me aconteceria
houve momentos de vida
por esses dias
houve momentos de morte
houve despedidas
definitivos adeus
longas caminhadas
e tarefas perdidas
houve caras amarradas
tristezas e melancolias habituais
houve um pouco de verão semana passada
houve de chover às madrugadas
houve lágrimas nunca esquecidas
e sorrisos de menina
houve a lua de dia
o que mais gosto de ver
enfim, houve de tudo
tudo passageiro
tudo que morreu comigo mesmo
quando me despedi de mim mesmo
e apontei:
eis um cadáver
sua alma enfim livre pra sair por aí
olharei sempre os meus
e pensarei sempre bem de todos
Adeus

domingo, outubro 15, 2006

acrilic on canvas - legião urbana

É saudade,então/E mais uma vez
De você fiz o desenho mais perfeito que se fez
Os traços copiei do que não aconteceu
As cores que escolhi entre as tintas que inventei
Misturei com a promessa que nós dois nunca fizemos
De um dia sermos três/Trabalhei você em luz e sombra

E era sempre:"Não foi por mal"
Eu juro que nunca quis deixar você tão triste
Sempre as mesmas desculpas
E desculpas nem sempre são sinceras
Quase nunca são

Preparei a minha tela
Com pedaços de lençóis que não chegamos a sujar
A armação fiz com madeira/Da janela do seu quarto
Do portão da sua casa/Fiz paleta e cavalete
E com as lágrimas que não ficaram com você
Destilei óleo de linhaça/E da sua cama arranquei pedaços
Que talhei em estiletes de tamanhos diferentes
E fiz,então,pincéis com seus cabelos
Fiz carvão do baton que roubei de você
E com ele marquei dois pontos de fuga
E rabisquei meu horizonte

E era sempre:"Não foi por mal"
Eu juro que não foi por mal
Eu não queria machucar você
Prometo que isso nunca vai acontecer mais uma vez

E era sempre,sempre o mesmo novamente
A mesma traição

Às vezes é difícil esquecer:
"Sinto muito,ela não mora mais aqui"
Mas então,por que eu finjo
Que acredito no que invento?
Nada disso aconteceu assim
Não foi desse jeito
Ninguém sofreu
É só você que me provoca essa saudade vazia
Tentando pintar essas flores com o nome
De "amor-perfeito"
E "não-te-esqueças-de-mim"


esse com certeza diz melhor do que ninguém, Renato, mais uma vez trilha sonora da m minha vida

quinta-feira, outubro 12, 2006

só isso...

o mundo do alto parece mais perto
as vidas parecem mais simples
se não tocarmos
se não tivermos possibilidade de destruir a nós mesmos

alguém entende ou eu sou louco?

sabe aquele ódio intrínscico que se tem por certas coisas?
pois bem, o meu é pela humanidade em geral
pelo senso-comum que me criou
e me fez mal
que me vilipendiou qualquer noção
que poderia ter por mim mesmo
chamada de Educação essa deusa me raptou e violentou
essa liberal democracia que me vitimizou
esse sistema que me estuprou
tudo com o conscentimento dos que em tese deveriam me amar
acima de todas as coisas
antes pudessse eu criar minha própria língua
dizer pelos meus próprios gestos
e ser medido de fato pelo meus verdadeiros atos
dizer que não confio em ninguém é exagero
mas que também sei
de todas as almas que se calejam nesta esfera
é a minha que tenho que vigiar
se não vai se arrebentar e arrebentar
se não eu vou me suicidar pela enésima vez
eu preciso me guardar e esquecer tudo que me aconteceu
todo esse visco borbulhante que os tolos (in)felizes
chamam de vida

estrelas e areia (apocalipse)

e quando fico triste o que me sobra?
sinto cair como escamas
meu caráter, minhas aventuras,meus sorrisos
e até um pouco da minha beleza
a compaixão desce pelo esgoto
e a descarga dispara
sinto que a torneira não fecha
e o mundo está por um triz
sou só eu ou o apocalipse está chamando mesmo?
só eu ouço?
a coréia desenvolvendo bombas
israel invadindo outros países árabes
alckmin indo ao segundo turno
uma mancha nas minhas costas
um caroço que nem quero descobrir a funçao
por que já sei, é o gatilho da natureza
fêz muita merda? ele é acionado
seremos todos silenciados
num murmúrio vespertino
numa luz incandescente
e tristemente neste momento de perdas
de sentidos de vidas
de chacinas humanas
da tolice maior que é viver por nada
vagar sem motivo
vou lamentar mais uma vez
tomar um ultimo gole de vida e chorar solidão
5 segundos antes de ser implodido
para as estrelas
minhas fiéis e únicas companheiras
por que fostes como areia
e escapou de minha mão

quarta-feira, outubro 04, 2006

banzo celeste

vai minha mensageira e transmite esse recado aos povos
o que mata é a saudade
nós anjos caídos do paraíso
temos essa doença
esse banzo celeste
por que já estivemos em sua presença
já rimos juntos
já até nos amamos
hoje em dia o anjo caído em desgraça
olha em sua direção e não pode mais ver
o lugar onde deveria estar sumiu
não há você nele e o anjo cortou as asas
como se ao brigar consigo mesmo
ia reverter no mundo a dor de volta
a reação foi se sentir mais sozinho
mais atropelado pelos carros
pedindo cada vez mais e mais lítio
direto nas veias...


"ouvindo STAY do U2"

Three o'clock in the morning/Três horas da manhã
It's quiet and there's no one around/Está silêncio e não há ninguém por perto
Just the bang and the clatter/Apenas o estrondo e a explosão
As an angel runs to ground/Como se um anjo viesse em direção ao chão
Just the bang and the clatter/Apenas o estrondo e a explosão
As an angel hits to ground/Como se um anjo batesse no chão

quinta-feira, setembro 28, 2006

querido diário

oi, deixa eu te contar como é que foi meu aniversário
não dormi de noite sonhando acordado ansioso por querer que você me ligasse
não senti em nenhum parabéns o prazer maior por que não era o seu
ou por que no fundo sabia que não ia me ligar e que meu coração não ia relaxar até que me ligasse
de manhã fingi sorriso pra empregada e pra tia: sai um obrigado tão falso quanto meu caráter
de tarde, essa é uma das piores horas, sou obrigado a me concentrar em te esquecer, em esquecer cada canto que me fez feliz e triste daquele maldito lugar, daquelas abençoadas horas, de receber das pessoas que sabem da gente o mesmo falso parabéns cheio de penar e pesar, perto do fim e todos se segurando em bóias murchas, cada abraço só vai me lembrar que não é o seu
cada telefonema eu vou atender na esperança de ser o seu
mas cada voz, cada rosto, cada cheiro só sepuiltarão aos poucos minha esperança e cansado e abatido tendo de sorrir amargo, voltarei para casa e me darei o único presente que posso me dar: a solidão
porque assim não preciso fingir nada para ninguém vou a única coisa que sempre me abraça e no escuro me mantem
ah irmãos lumiere eu os amo pela sua invenção
por duas horas vou tentar esquecer o me faz esquecer de mim memso
o que me faz querer me matar
e de noite quando o dia já tiver passado e todos estiverem dormindo
sentarei em frente ao computador, nem no orkut vais deixar uma mensagem para mim
eu que não existo mais para você vou desejar levar isso as ultimas consequencias
e o que é que vai me segurar?

descaminhos

mas não fostes o meu anjo?
por um momento
não me reergueu em sua alma dourada?
só queria um pouco de carinho
nesta hora mais que atribulada
e me marcastes em espinhos
dignos de romances mal escritos
histórias mal contadas
dignos dos piores sorrisos
quando tem de aceitar com a cara cheia os descaminhos
as desventuras
e erguer de novo as máscaras:
-nao, tá tudo bem. não quer me ver? tá tudo bem...
desligo o telefone e me mato

quarta-feira, setembro 27, 2006

transformações

minha casa está morta
porque só eu a habito
que espécie de defunto
veste as próprias calças
sem usar o botão?
que espécie de pessoa
anda e dorme?
chora e sorri?
quando não sobram mais histórias
apenas lampejos de razões
que se transformam em mentiras
que saem por aí escrevendo solidão

2 dias

me lembro de um dia em que humildemente
levantei as mãos para o céu e agradeci estar vivo
de me sentir feliz, de uma forma inocente e frugal
lembrei desse dia
lembrei das estrelas deste dia
lembrei das borboletas
só esqueci os motivos...
ou melhor esses se perderam de mim
"- vai se deprimir por que as coisas não dão certo pra você?"
ela diz e me mata...
eu já disse, sou criança
quando eu me tornar adulto eu terei morrido
aí foda-se o mundo mesmo
fodam-se os outros
e o que me importar vai ser só meu umbigo.
faltam dois dias pro meu aniversário
e eu me esqueci do porque de comemorar isso...

quinta-feira, setembro 21, 2006

Cris X a mendiga

esconde em suas vergonhas mais um dia de sobrevivência
recebeu nas costelas o castigo por essa interferência

o cotidiano permite que vivas
o cotidiano aliás, não liga
se não incomodar apenas
podes continuar sendo mendiga

ela veio bem rasteira
mancava e dissimulava dores
ela veio bem faceira
exalava tantos mal odores

que a rua faz brotar assim numa pessoa
ela conta com o nojo como forma de defesa

esticou o braço e pediu
negada seguiu adiante
de novo suplicou e mentiu
em outro pouso mirabolante
viu num bolso encantado
o pretendido recheado
esticou mais uma vez a mão
e pegou todos os trocados
ela foi pega no ato
rangiu os dentes
animal entocado
brigou com torres gêmeas sujas
que só perdiam para as suas...

...do suor da luta
da lida dos dias
do pó das ruas
da sujeira da vida

na hora surgiu sua arma
antes, poço de fêmea
no que se transformara
uma caixa cheia
e sem vergonha que era
debaixo do vestido
aproveitou que como Eva
não usava tecido

não foi nem um troco que o valha
mas conseguiu,
venceu hoje
mais uma batalha....

escondeu em suas vergonhas
mais um dia de sobrevivência
recebeu nas costelas
o troco por esta indelicadeza

segunda-feira, setembro 18, 2006

lições pra vida

tudo que aprendi nesta vida
foi roubar
mentir
pra me proteger
fugir e lutar pra esquecer
matar todo dia
viver em hipocrisia
mudar sempre de pensamento: vaselina
ser indiscreto e sorrir
ao fazer as maiores atrocidades
dar tapas em momentos de carinho
e fabricar meiguices pra conseguir perdão
ou um quinhão pretendido

que o destino mais temido
é o do mendigo
que a vida mais sonhada
é a do magnata
que meu suor não leva a nada
se eu não tiver certos conhecidos
e que é preciso confiar em apenas uma pessoa
o josé ninguém
nascido em 31 de fevereiro
de mil novescentos e lá vai fumaça...

aprendi a gastar minha saliva
pra encontrar saídas
que quem pede perdão é fraco
é destratado
que o negócio é viver em paranóia
correr como jovens anômalos
em busca de qualquer conforto
de um lado para outro
que a pessoa com quem você transa
na verdade quer te foder
e que é melhor chorar a mãe dos outros
antes que seja a sua

aprendi a odiar
a cutucar as feridas alheias
a odiar
a odiar
em várias lições
essa foi a mais difícil de assimilar
hoje, sou doutor honoris causa
nesta derrota
de alienação e sofrimentos
de jogar botão em meu apartamento
e parar tudo
simplesmente não progredir
por que a vida
é isso aí
só isso aí

anjo caído em desgraça

existe algum lugar que eu possa me esconder
de verdade? da verdade?
do que me preocupa e me assola
me rasga e me tritura?
esse eterno poço de mágoas e dúvidas
de sonhos mal dormidos
e noites solitárias
cuspo a mesma ladainha
veja, o meu suor é o mesmo
eu uso o mesmo desodorante há anos
o meu cheiro é o mesmo
e eu não me suporto mais

existe algum lugar que cesse essa dor
de viver, de vir ver as cores brutas
dessa realidade
ou então estamos com manchas nas pálpebras
porque só consigo assistir podridão
os passeios mais bonitos que dão
são quando inspirados em causa própria
ela por ter perdido a perna
anda de joelhos e sorri
o câncer nunca mais voltou.
amputaram as asas de um anjo
e ele não soube mais andar
caiu em desgraça divina
caiu das graças de Deus
e sucumbiu
bastou 26 anos nesta terra
mal assombrada
e tudo ruiu
finalmente em sua última caminhada
ele sorriu, pois finalmete
ele partiu
o que mais desejara

sexta-feira, setembro 15, 2006

dããããããããããããããã

ando me especializando na arte de mascarar
e sepultar minhas dores
como posso dizer isso?
as pessoas não tão preparadas ainda pro meu mundo
seria chocante demais saber
que não teve um só dia depois do acontecido,
mais ou menos em Julho, que não pensasse em suicídio
tudo bem, de formas mais leves muitas vezes
mas um dia que passasse batido seria esperar muito?
juro, não era o que eu queria
viver em melancolia
só queria viver e viver
estar bem com o mundo. Deus, minha família, amigos
mas não me esqueço
não entendo, brigar comigo
eu que sou tão delicado
todos acham mesmo que sou gay
por não admitir viver em certos cenários
rinas de disputas? passo de lado
aproveito qualquer carinho que tenhas pra me dar
sou pedinte e mendigo nisso
minha baixa auto-estima me permite ver
que seres humanos horríveis são vocês
se coçando com a infecção alheia
e rindo de destinos podres
vivem num lamaçal e arrotam grama
eu, só quero fechar os olhos
será tão difícil assim entender isso?
e agora o que me resta?
dar uma de mago
esconder todo esse lixo
limpar esse gosto amargo
pendurar as derrotas escondidas no armário
e ir dormir, apenas dormir como todos fazem
e sorrir, como todos fazem
e fingir, como... ah vocês sabem!!!!!
e gritar dããããããããããã como um retardado

uma boa lorota

atenção gente para o pronunciamento
que todos aguardavam
o indivíduo que vos escreve
se encontra saído da UTI
se diz curado
finalmente, uhhhhaaaaaa
vamos dar voltas em torno de nós mesmos
e mortais de alegria
ele vai pra casa com um sorriso no rosto
mas vejam bem
o que é aquela apatia?
ah vai ver é só relaxamento
e não uma doença gravíssima

atenção gente que ele vai falar:
- eu lhes agradeço a companhia
agora voltem para as suas casas
o show acabou, eu estou curado!

e ele se vira e muda o rosto
o que era alegria
vira um sonâmbulo
o que eram planos
são jogados no esgoto
o que foi sorriso
não resta nem um pingo
não ficou nem um traço
daquela boa vida
sonhada e dita
o que foi que eu disse:
era tudo uma mentira

o comum

de piruetas ele segue em traços de desespero
pega-se contornando vidas alheias apenas por um cheiro
passa mal de vitrines bem boladas
pois se lembra
e recordar o que sempre lhe fora mais caro
hoje em dia é o que mais lhe dói
teria chance se fosse mais pneumático?
pelo sim ou pelo não hoje gurgita filosofias
mascaradas em comida
e dança conforme a música
entra na mesma roda de quem apontava e ria
séculos atrás
sente mesmo um enjôo do mundo
de negar o que comer aos outros
de seguir seu caminho olhando pra baixo
seu próprio umbigo
cego e surdo aos apelos:
- ei moço, moço, môoçooooo...
nossa, já se considerou humano
hoje, é só uma fagulha
uma dúvida em frente ao espelho

segunda-feira, setembro 11, 2006

diga ao povo que ficas...

é um fim eu sei
pode ser recomeço
mas antes de tudo é um fim
o princípio dessa história
não queres mesmo pegar na nossa mão e ir?
queres desistir agora?
serás nosso Pete Best?
ele tentou se matar depois
ele foi expulso
nós fazemos quase tudo pra ficares
você faz de tudo pra ir
eu choro
não era pra ser assim
somos todos amigos
estávamos todos sentados juntos
ne mesmo banco, no mesmo corredor
na mesma data, na mesma universidade
na mesma... se não mudares
e se não somos fortes pra te mudar
que o destino o seja
não abandones o barco de novo
essa história já vimos antes
não tem que ser assim
o mundo não são aulas e professores
assim como não são palcos e bares
são amigos...
somos amigos
de composição, de sonhos
de risadas
e o que mais digo pra te apertares o estômago?
pra dizeres monarquicamente: diga ao povo que fico
nada disso é fácil
cortar a carne podre pra não criar metástase
nunca é fácil
eu nem sei se quero não sendo assim
nem sei se vale a pena ser menos humano
vale tudo por um sonho?
ou talvez isso seja só uma desculpa
sua e minha
talves ambos tenhamos o cagaço de descer ladeira abaixo
e viver nossos sonhos
medo primordial deles não serem isso tudo
é, eu sei como é isso
tudo fora da minha cama me dá medo também

sexta-feira, setembro 08, 2006

nunca Papillon

caralho. que preciso dizer mais uma vez: solidão! não conseguir dormir de noite já é comum, agora espasmos de cochilos de vinte minutos e já acordo restabelecido? não, nunca, meu corpo paga por essa miséria das areias do sandman, o deus dos sonhos.eu reclamo, me dá mais, eu quero, eu quero. e como ver todo o resto se de cara já começa errado o meu dia? queria acordar e andar de trave a trave, de um lado ao outro do campo com a certeza de marcar o gol. de acordar daqui a algumas horas e levantar rumo ao seu encontro e ter um pouco de carinho, da nossa troca fundamental como seres vivos. mas não, e é aqui que tudo se quebra. é aqui o segredo do meu não dormir, não viver até... não engano meu corpo, não consigo mentir em minha mente, não esqueço que isso não vai acontecer. eu não vou ver mais você, eu não vou te beijar ou sentir um toque dos seus pés ou da sua mão. se ontem já era silêncio e decepção; hoje é menos ainda, não é nem a presença física.
que belo prólogo para um aniversário, o meu está chegando. e hoje faz exatamente cinco meses, não que eu esteja contando, que isso tudo começou...
que belos termos e dados. meu ibope acusa meu estado. 90% descrente. e a previsão do tempo não muda: gotas e mais gotas de chuva bombardeando a avenida, puxando carros e cegos perdidos ao mar. sabe, nós todos temos contas pra pagar. com a vida e tudo mais... todos temos de nos limpar de alguma forma
espero a minha redenção que sei não vem de você, por que você partiu há muito tempo atrás e não viu nem meus braços levantados te dando ciao. ou depois meu caminho de volta abalado e triste pra casa. a casa é minha, eu é que não moro mais nela, eu é que não sou mais o mesmo. eu é que não suporto mais me ver no espelho.
sabe, quando as larvas entram no casulo elas não sabem que virarão borboletas, elas se despedem de tudo que lhe é mais sagrado esperando um fim, o seu próprio!
e eu sei, eu não serei nunca como o Papillon! terminam aqui, nas mágoas, as minhas forças.

quinta-feira, setembro 07, 2006

miles davis e sozinho

poetinha me salve
eu que não curo minha solidão
poetinha você que disse
me adular em qualquer ocasião
e eu só aqui faço o quê?
se não esperar
e lamentar um olhar vazio
quero dormir e esquecer
mas hoje foi flórida
e nesse frio - floripa
hoje foi despedida
foi o fim
simples fim
de nunca mais ver
de não poder mais existir
de matar até a esperança de sorrir
de não saber mais
por que seguir
tonto e torto
ouço miles davis madrugada a dentro
e me lembro que sozinho todos estamos
os vivos na 58 miles
os mortos que desistiram de tudo anos atrás
essses últimos, meus amigos
"vivem" andando comigo
e sussurrando especialmente em dias assim:
- venha, nós contamos contigo
podes me achar louco, e até repetitivo
minhas lamúrias, meus vícios
mas a fuga direto para o fim
não parece por demais um alívio?

lindo limbo 1


o silêncio toca lá fora
o sopro que ainda queria
o cortejo passa as quatro
no meu terraço
são pequenas peças de xadrez
que vejo cair dos seres das nuvens
são pequenas peças de xadrez

espane o pó de dentro da caixola
leve ao universo dos intelectuais
lá, será mastigado e jogado fora
eles te usam e nem te dão esmola
te jogam na rua da amargura
e roubar, é a única promessa de se salvar

quem vai querer subir na torre
e só ver o céu de lá?
quem vai querer um rio de desgraça,
é pressa, pra que pular?

limbo
lindo-limbo
quero ver de perto e rir de ti
eu que peço clemência a mim
(eu me desgraço)
lindo-limbo

lindo limbo 2

sabe. é triste saber que o mundo todo dorme
e você não
que todos riem em seus sonhos
e você não
sonho acordado com o dia que dormirei em paz
finalmente
volta aos meus sentidos
esses desejos aflitos
é nessas desgraças que me sinto mais eu
é nesse denso esgoto que viro
me viro e me remexo
aqui bato no peito e grito:
minha lama
eu a criei e consumo
do meu suor, das minha lágrimas
dos meus cabelos e desejos desesperados
de verões com os pés engessados
e invernos de arder narinas
quando tudo que mais faço na vida é chorar
olhe pra mim
não vês que o estou o fazendo agora?
o que me dá?
saudade do mundo
dos amigos
de amores
de tudo
até de ser feliz
frugal, e lívido
tudo que esqueço a esta hora lúgubre
é pântano a minha alma
é pântano o meu visco
denso você disse
é o quinto estado da matéria:
o meu limbo

redenção? primeiro passo

e que saudades dos meus amigos
como foi bom vê-los aqui
como chorei em alegria
como me esqueci de repente
das minhas dores nas costas
engraçado como a noite ficou mais triste sem vocês
engraçado como vocês faltam em mim
um me diz: -sabes o quanto tocastes a nossa vida também?

engraçado como as outras que ficaram não são nem faísca de você
não tem um pouco da sua classe
nem um pouco de seu desespero
elas assim são até nojentas
ando numa fase de odiar todas elas,
as cromossomo XX
salvo ela e você minha amiga
você então meu amigo,
que saudades de você
do seu bem estar
de só estar com você, sentir essa felicidade
desse olhar de menino tão confuso e certo de tudo
me questionando, não me entendendo
como é mesmo que continuio a viver?
eu mesmo me pergunto todos os dias...
eu mesmo...
como ainda vivo?

hoje eu sei, é por vocês
e por essa moça aqui em frente de vermelho
e com essa buchecha que todos:
TODOS AMAM
só eu sem esperança-idiota-e triste
reneguei esse presente da vida
eu idiota, mas tudo se resolve
hoje tô voltando ao meu caminho
ver vocês, viver com ela
pensar em vocês e fazê-la o mais feliz possível
dar um pouco do néctar de vida de volta
que ela me emprestou por estes dias
e que eu visse nos seus olhos minha recuperção
desse ser praga e rançoso
por vocês vejo que ainda tenho redenção
só por vocês!

terça-feira, setembro 05, 2006

vaselina

liberar podridões madrugada a dentro
por medo de morrer sozinho e esquecido
segurar varões e vontades
ímpetos de tragédia
por sonhos não vividos
ser triste e feliz
usar máscaras a cada dia
rodopiar mais que planeta
e cair em centuriões já navegados
se sentir pela enésima vez só
eu devia arrumar um amigo japonês
ele haveria de estar acordado a esta hora
eu que não consigo dormir
com medo de aproximar mais rapidamente o próximo dia
eu que não consigo viver
estancado em carinhos negados e criadores de apatia
eu que me atenho ao céu
a terra
até ao capitão planeta
me salve disso por favor que já não aguento mais
não me prendo mais em nada
são todas algemas de algodão doce
e meu corpo e feições: vaselina

velho quadro

retire qualquer som, calma
pense duas vezes se não estraga
altere a transmissão para pegar os dados corretos
tenha a dedicação de puxar os verdadeiros sacos
siga em frente, batendo em transeutes
esqueça de mim que não sou importante
algo em sua vida quebrou quando desviastes o olhar
quando se deixou vislumbrar apenas temporário
negue tudo aquilo que um dia vai ser
cuspa o sangue e a bala que irá chupar
desça,
desça,
até o fundo da sua alma e não encontrarás nada
ninguém lhe habita nestes dias
o frio que tomas é velho parceiro: é solidão
meu velho mancebo
verde de gelereiras glaciais
e o que vira antes, adultos infestados de sorriso
fora apenas um quadro mal pintado
e hoje pendurado torto na parede

sexta-feira, setembro 01, 2006

brenda

ei menina
como voou
como foi que
o tempo cresceu
tanto assim

onde estava?
do seu lado
mas não vi
podia ter chamado
minha atenção

já passou
mas nem tanto
tens tão pouco
de sua criação

ei minha menina, eu vi
você maior que eu
ei minha menina sabe
que nem tudo está perdido

se Deus quiser
que seja assim
que seja então

cuidado com a minha menina, viu?
ela não sabe mas é especial



escrito em 2000 depois de uma visita que fiz
é incrível ver um ser-humaninho se desenvolvendo
um beijo pra você
sempre vou te amar incondicionalmente
seu irmão

republicado para que ela possa ler aqui

cuspe bruto

que é isso? Esse medo da vida que faz estranhar os pensamentos. quando até se deseja a morte, bem, somos maquinados a achar tudo errado, a felicidade é utópica, os gritos não-ausentes e o que é ideal está num pedestal na prateleira pegando poeira enquanto assistimos qualquer outro programa ou bobagem dissimulada e filmada. Apenas para pequenos mosquitos não nos atrapalharem o trânsito, apenas uma aspa mal-interpretada, é claro que sofro, é claro que sinto, mas quase desejo o pior que parece o oposto, às vezes quem sabe pode ser até melhor se fuder em algum momento da vida, mas até isso é divagação e contraditório. Eu quero mesmo é me solidarizar com vossas vidas, o que ninguém fez por mim… talvez me sentir superior por isso, mas será que estou enganado? Ou sou apenas mais um merda morrendo e rindo nesse mundo maldito (não canso de dizer isso: mundo maldito, que se foda as suas leis, puto) e quem tem o direito de fazer mal à alguém, já não basta esta vida de sofrimentos, ou se pode dizer que não há pior que a solidão ou a certeza do fim, com todas as letras:
VAMOS TODOS MORRER

Rio nebulosa

os táxis andam a vapor no Rio
na noite chuvosa e clara
a lua é o calor no frio
os pingos grossos e a chuva rala

faz calor no Rio
umidade que o tempo chora
faz calor e frio
como se treme agora

um homem sai do rio
senta na beira e chora
o coração frio
por tudo que acontece agora

uma gata-fêmea no cio
o dever de ir embora
fuga no veículo
mais uma menina chora

duas almas de coração vazio
dois corpos de alma que chora
se encontraram no Rio
viveram sua história

e assim segue o Rio
do tempo de agora
de amores, calor e frio
cenário dessas histórias
palco dessas histórias
criando essas histórias

escultor de mágoas

nunca soube lidar bem com os meus fracassos
os ergo em medalhas esculpidas em aço
carrego-as junto ao meu corpo
cada vez mais cansado e pesado

ando metros que parecem léguas
sinto vacilar as pernas
lembro de todas as desventuras (minhas)
penso que essa mágoa será eterna

os braços duros de tanto carregar
achar que não há mais força mas há
para esculpir outra medalha e carregar
carregá-la até me entregar

quando olho para frente não consigo ver
é tanta mágoa para dissolver
quando olho para trás consigo enxergar
claramente, cada pecado do teu olhar

é claro que mesmo amargo continuarei
a lembrar de suas ações ordinárias
pais para sempre serei
um eterno escultor de mágoas

sábado, agosto 26, 2006

parábola da humanidade

é o que se espera de todos não?
um pouco de coleguismo afinal estamos todos no mesmo barco
então por que não alcanças nem o que podes com seu braço
pra fazer carinho em que os outros se sintam mais animados
se desvia o olhar quando um outro ser humano lhe suplica
quando procuras abrigos em viagens de seringas
o que é natural ao ser humano? e o que é artificial?
é normal ou comum... eu pergunto
viver um dia após o outro sem um abraço
se sentir fragilizado
tanto assim?
tudo isso pelo quê?
se sentir mais dono de si mesmo?
mais universo em si mesmo?
presas estão as mãos,
mas sonham estar de mãos dadas
vivemos neste mundo do toque sem contato
do olhar sem ver
ou pior, de desviar a vista quando alguém lhe pede ajuda
eu sou assim também
fujo de assaltantes dos outros com medo de sobrar para mim
atravesso a rua quando vejo alguém vindo na minha direção
na verdade, os outros fazem isso por mim: eu sou negro!
que esfera de medo é essa que nos cerca
somos tão ruins assim?
às vezes acho que sim,
às vezes acho que não
mas sempre acho que não vale a pena seguir deste jeito
se vamos continuar que seja para melhorar
ou então desistamos de tudo
apertem o botão e que recomece toda essa tragicomédia barata
em letras garrafais seu título:
PARÁBOLA DA HUMANIDADE
começo meio e fim
e sempre perdidos como cegos em tiroteio

sexta-feira, agosto 25, 2006

natascha-fênix?

rastejar oito anos em metros quadrados
vizualizar só meu agressor
esquecer meu nome
ser apenas um buraco
um depósito
aprender as novas regras desse mundo mundo
nem tão vasto assim mundo
de parede e paredes
de saber quando vêns
quando me entrará a porta e as carnes
em meu intímo não sabes
mas desde criança faço piadas
com suas caretas
com partes do seu corpo
é onde guardo o pouco de humano que não me tomastes
chamo de julgador seu dedo
que é quem me fere primeiro
e de futuro o seu pé
pois é para onde olho na maioria das vezes que quero fugir
é onde vislumbro meu futuro
e um dia eu vou sair
e acho bom que te peguem morto
por que senão....

presa esses anos todos numa garagem
vê se pode?
qualquer um pode fazer isso
como confiar de novo em alguém vivo?
o que me satisfaz é pensar em seu corpo balançando
enforcado depois de se matar
só isso...

depois de todas essas cinzas
nem sei ao certo
o que esperar....

quinta-feira, agosto 24, 2006

balada para amigo distante 2 (e boboca)

o que eu sei de você e suas necessidades
é o que sei de mim neste estado
e talvez isso seja uma força
um axé, oxalá que seja boa!
acho que o tenho em meu peito
o suficiente para te chamar de amigo
acho que sagrada é a vida
tenho para mim que essas experiências serão infinitas
e nos corredores de lamaçais ou de pradarias
um olhar bem vindo é mais que um carinho
e meu ninho é assim,
feito de palavras, consolos
meio gay, eu sei
mas cheio de risos

às vezes e pelos outros, eu consigo ser diferente
cantar uma nota no ritmo dos felizes
não ser deprimente
não viver de medos, às vezes...
me desço das minhas certezas
dos meus cipós envenenados que me sacolejam com tanta veêmencia
para pairar no chão e lhes dizer: até que não é tão mal!
me esqueço, me destronco e por isso agradeço
hoje, amigo vou pensar em você
é quase um abrigo, é um carinho
é um abraço póstumo, talvez tardio
mas é o que posso fazer
além é claro de te transportar pras minhas bregerices
e contos mal sucedidos
que irão lhe afastar outros mal pensamentos por um segundo
ou mais...

talvez estejamos todos na mesma merda
mas eu te digo: estamos juntos
em linhas cumpridas e tortas,
é mais do que me importa

quinta-feira, agosto 17, 2006

mundo: pistas de você

acho que seria mais feliz preso em uma cela
livre do mundo
pelo menos por um bom tempo
o que me dói é ver
olhar tudo isso
meninos de rua
paquidermes transando e se proliferando
a lógica dos justos operando pela frente
e por trás te roubando a alma

mas o que mais me aguda o espírito
é sentir no mundo
em tudo que me viro nele
que tudo, tudo mesmo,
irônica e tristemente
me faz lembrar de você.

for no one - beatles

Your day breaks, your mind aches,
You find that all her words of kindness linger on,
When she no longer needs you.
She wakes up, she makes up,
She takes her time and doesn’t feel she has to hurry,
She no longer needs you.
And in her eyes you see nothing,
No sign of love behind the tears cried for no one,
A love that should have lasted years.
You want her, you need her,
And yet you don’t believe her,
When she says her love is dead,
You think she needs you.
And in her eyes you see nothing,
No sign of love behind the tears cried for no one,
A love that should have lasted years.
You stay home, she goes out,
She says that long ago she knew someone but now,
He’s gone, she doesn’t need him.
Your day breaks, your mind aches,
There will be times when all the things she said will fill your head,
You won’t forget her.
And in her eyes you see nothing,
No sign of love behind the tears cried for no one,
A love that should have lasted years

Por Ninguém
(Lennon/McCartney)

Seu dia nasce, sua mente dói
Você descobre que todas as suas palavras carinhosas
Continuam ressoando
Quando ela já não precisa mais de você
Ela acorda, se maquia
Ela utiliza seu tempo
E não sente (que) tenha que se apressar
Ela já não precisa mais de você

E em seus olhos você não vê nada
Nenhum sinal de amor atrás das lágrimas
Choradas por ninguém
Um amor que deveria ter durado anos

Você a quer, você precisa dela
E no entanto você não acredita nela
Quando ela diz que o amor dela está morto
Você acha que ela precisa de você

E em seus olhos você não vê nada
Nenhum sinal de amor atrás das lágrimas
Choradas por ninguém
Um amor que deveria ter durado anos

Você fica em casa, ela sai
Ela diz que há muito tempo ela conheceu alguém
Mas agora ele se foi
Ela não precisa dele
Seu dia nasce, sua mente dói
Haverá momentos
Quando todas as coisas que você disse
Encherão sua mente
Você não a esquecerá

E em seus olhos você não vê nada
Nenhum sinal de amor atrás das lágrimas
Choradas por ninguém
Um amor que deveria ter durado anos


as vezes palavras já ditas dizem muito mais pela gente que as nossas próprias

quarta-feira, agosto 16, 2006

auto afirmação sanatorial

por enquanto chega disso
desse lamúrio gotejante
afinal eu também sou escracho
eu sou vinho quente
seda rasgada
e veias entupidas
sorrisos sem dentes
com a alma limpa
mas veja você
a lua em forma de melancia
da cor de O.B. usado
de joelhos recém curados das crianças
tudo isso pra esquecer
que quero...
e não ouso falar neste escrito o quê
este está salvo
será debochado
louco
imperdível
- venham, comentem o quanto eu sou fantástico
desde o Bozo todos adoram um palhaço
especialmente os loucos
eu até babo,
dependendo do espetáculo
eu até cuspo todo meu escárnio
e ódio por isso tudo
por estar comendo pão amassado
e ter que buscar meu destino em entulhos

sabe do que mais?
foda-se
eu rio e ninguém pode tirar esse riso da minha cara
estou vivo até que me provem o contrário

altos e baixos- por esses dias

por esses dias eu jorrei sangue e sorri
achei que ia morrer e senti Deus
cai em depressão e perdi um sonho
não durmi e não senti alívio
senti saudade e senti rejeição
me senti querido e fui amado
desprezado e contido
tocado e esquecido
preterido até pelo Diabo...

por esses dias venci um medo
perguntei uma pergunta e ouvi a resposta
escutei que nada faz mesmo sentido e sorri
dancei e fui flagrado
odiei e amei a companhia
me rendi um pouco menos aos meus medos
e me desesperei de vez em quando
chorei quando voltava para casa
chorei indo para o trabalho
quis fugir da vida
e me despedir de tudo
fiquei e vi meu pai
meu medo concretizado em futuro
"serás ainda assim" sussurra o destino
mas minha irmãzinha estava lá comigo
segurando a minha mão e rindo para mim
e eu a amei como nunca

por esses dias
vi olhos de amor para mim e agradeci
dei de volta um pouco da minha aflição
mas também do meu desejo e afeto
e assim vamos nos entendendo

por esses dias voltei a olhar coisas esquecidas
que na verdade me são proibidas de olhar
e juro que tento, perdoar e pedir perdão
só quero fazer passar, só isso
mas minhas costas ainda dõem
e meu primeiro pensamento ainda é lamento...

por esses dias fiz a coisa mais foda da minha vida
toquei minha guitarra num show
toquei até gaita
por esses dias eu vivi um sonho
que desde os treze me acompanha
nem sei como isso me toca
é difícil mencionar como tudo isso está ligado

um amor, uma paixão, um fim, um destino, a morte de outro
a saudade, a depressão, o perdão...a vida

em resumo: por esses dias houve vida
para o bem e para o mal

e houve o show da banda! com seus altos e baixos
tudo com com seus "sims" e poréns.

sábado, agosto 05, 2006

escolhas de rota

o que é que tem? ser zen
sem tijolos, sem grandes mulharas?
vencidas as batalhas
o homem enfrenta a si mesmo e perde
cai em choro
mais uma história desperdiçada
o momento que mais me identifico com jesus
é o do: - pai por que me abandonastes?
e depois disso?
faremos como o musashi, ajudar o mundo para ajudarmos a nós mesmos?
voluntários nesta busca de si mesmo?
qualquer causa é nobre se a empreitada é a melhora pessoal ou coletiva
(cara, eu odeio auto-ajuda, mas não tô dando conta de encarar tudo isso)
o meu cinismo não me deixa ver essa felicidade que se compra na tv
é foda
eu queria ser ignorante, tomar cachaça, "cumer" puta na v.m.,
querer ter filhos, trabalhar de pino a pino, e votar no alckmin
eu queria ser mais um desses filhos padrões da classe "mérdia"
vomitam boas ações e engravidam a filha da empregada
condenam chacinas e dirijem bêbados
ouvem madonna e estupram mulheres à noite
ou dá ou desce
é assim que queria encarar a vida
rir dos plebeus
e ignorar minha burrice diante do mundo

talvez um dia eu consiga me transformar nisso
é tudo que o mundo precisa mesmo, mais um pelego,
só me reservo o direito sagrado e exclusivo
de chorar respeitosamente quando o Fidel morrer.

cartilha, confissão e conclusão

tento lembrar de tentar ser mais feliz
tento lembrar de esquecer o que me dói
me adaptar, me esvair em suas marés, vida
tomar de assalto isso que nos cabe
apenas isso: o momento
e fazer disso a chave do meu tesouro
esquecer sofrimentos
esquecer sofrimentos
repito pra mim mesmo uma oitava acima
pela frente uma inteira vida
apagar o que vem de trás...
ser uma tábula rasa
ser um quadro de giz
adivinhar sorte e espelhar sorrisos
e quando aquela montanha barrenta e lamascenta me ferir
esquecer...
não olhar mais
aprender a "perdoar e a pedir perdão"
ser menos que tudo e mais do que nada
e me comportar de acordo

...

é engraçado que ainda tenho medo das pessoas
1,82 de altura, jovem, quase forte, "dou porrada"
e assim, um pluft com medo dos vivos
veja você, é que me desespero com facilidade
é que teimo em ser frágil
quando deveria transpor tudo que me incomoda
ou melhor, não deixar me atingir nada disso que me tritura
me despedaça e ri da minha desgraça

é que a vida é jogadora
e eu, queria apenas observar fora do tabuleiro
mas somos todos peões
somos todos peões...

quarta-feira, agosto 02, 2006

previsões

a tempestade ainda virá
daquelas que destrõem até dutos subterrãneos
seremos atropelados em nosso destino cruel
serão devaneios o que nos tomam quando abrimos os olhos?
sim! são devaneios
não passa de ilusão essa sua força mas é o que tens
não passa de desespero essa sua ação, mas é o que podes fazer
mas calma!
seremos todos montadores de fords 1000 em série
seremos todos exemplos da produção em cadeia
seremos todos guiados e levados por combustível bio-diesel-degradável
ela não deixou escapar nada
com uma mão segura o futuro e com a boca (con)vence o passado
essa mesma boca que passeei
que me viu arder e chorar
hoje faz a festa em ouro com outro alguém
hoje não me fez nem um roçar
e eu sei tristemente que não importa o que fizer
rezar, espernear,sorrir, viver...
tenho em mim uma certeza encravada
como farpa em ferida seca
a tempestade ainda virá....

terça-feira, julho 25, 2006

iguaba pit stop

outro dia já vai passar
e eu não sei o que esperar
mas o que será?
mas o que será?
.
.
.
onde isso vai dar?
.
.
vai dar!
vai dar!
vai dar!


primeira letra e música (um sambinha) de uma amiga em especial que tem me resgatado à humanidade e salvado toda ela, postei aqui para me lembrar que muitas são as rochas, mas muitas são as flores também, obrigado, amo você

conselhos de amigos 2

ele negociou a sua alma
mas não teve o que queria
segurar um grão da praia
para sempre não podia
e agora acordar
e a cama vazia
tocar a vida em frente
nesta apatia

seguindo conselho de amigos
tentando encontrar artifícios
mi gusta de todo los otros
que não tem nada a ver comigo

um tratado
de paz sem guerra
um beijo já sem amor
morte na fila de espera
o grito que nunca ecoou
o esforço que não foi visto
o homem chorou e sangrou
e esta sensação que eu sinto:

que o mundo parou e mudou

conselhos de amigos 1

rezar por força toda manhã
aceitar que tudo que passas é para seu crescimento
vislumbrar que o bom quer te abraçar tanto quanto o mal
deixar-se sentir alegria por coisas boas
respirar
sorrir
esperar o que deve ser esquecido assentar
se desesperar menos
e nestes momentos: volte ao começo...
rezar...

quarta-feira, julho 12, 2006

um cantar de pneus...

pronto!
partir, ir
enfim e melancolicamente
agir em defesa própria
uma mudança de ares é sempre bem-vinda não?
uma proteção a mais sempre cai bem não?
vejam, esse é meu escudo...
e é só isso que terão de mim
eu que nasci uma flor
hoje aprendi em ser espinhos
vencer qualquer dor
e aceitar qualquer destino
eu que estou de verdade indo
não adianta nem me procurar
out of control
out of this world
entrei numa viajem em mim mesmo
e só saio pra lhes dizer:
nós os juízes abaixo assinado declaramos
este indivíduo: normal
não mais um páira, não mais um unique
não mais um gauche, ou um anjo-torto
igual a todos
igual e igual
e morto, por não aceitar essa condenação
mas antes teve de nós um tratamento justo
disse eu te amo a quem amava de verdade
deixou encaminhada as suas coisas
deixou até 20 harmonias numa fita gravada
ese ser que passou a atravessar ruas de olhos fechados
rir então do perigo
andava se equilibrando em meio-fios
batia a cabeça contra a parede
cortava até as pernas em tentativa de alívio
pois bem, enfim tudo acabou
a passagem redentora de estado afastou tudo isso dele
e nessa justiça. nós confiamos
desesperança, frustração e redenção!

nós, o tribunal de causas pequenas!

sobre efeito borboleta...

veja, desde criança esperam que eu seja veado
pois que seja, eu o sou
por repúdio total ao sexo oposto me declaro: gay
e por repúdio total à espécie humana me declaro: celibatário
agora vai ser assim na minha vida: sem contatos
sem maiores afagos
sem renúncias verdadeiras
só máscaras e ninguém vai desobstruir minha passagem
é isso que esperam de mim?
pois vou seguir sua cartilha
é ódio e redenção
sobre o que estou falando?
é ódio mortal
é pisar nos outros
usá-los e rir disso
é achar mais bonita minha vitória em cima dos seus tropeços
e sentir qualquer horizonte chegar mais perto
andando em cima de seus corpos boiando mortos

aqui me declaro, me abro
eu não sou mais eu
não tentem mais procurar por mim
porque eu já parti

aprendi a afastar pessoas de mim
e deixá-las seguirem seus rumos distantes
e mais felizes sem minha presença nefasta
sem meu toque de midas agorento

pois vão borboletas
liberdade para vós!

sábado, julho 08, 2006

do ultimo miterrand

"amar a indiferença aos acontecimentos"
.
.
.
"você ainda sofre demais"

lixo orgânico 2

"mereces de mim minha mão em tua fuça
pra ver se aprende a ser gente"
quisera eu ser homem de bater
e não de apanhar
quisera você um dia a mim?
fostes como todas as ondas da minha vida
trouxe deslumbramento, rendição e afogamento
fostes como todas as pedras cortantes
só abriu mais ainda meus pulsos
olhastes dentro de mim e vomitou lá dentro
essa sua loucura, esse seu drama
lavo minhas mãos
como maluco declarado
não posso ser doutor em nada
exceto em abraçar a mim mesmo
que é o que me basta
pois estão todos sempre ocupados demais
(e eles estão certos nisto)
em viver suas malditas vidas

sexta-feira, julho 07, 2006

quase

quase...

quase um passo pra fora disso tudo
quase respiro aliviado então
porque é alívio que busco
é fuga dessa prisão
é medo de continuar neste turbilhão
de atos e desculpas
de tristezas e falsas esperanças
sinto que não me adapto, só isso
acho que estou no lugar errado
alguém deve ter se enganado
...
quase tudo isso virava apenas letras
lágrimas secas
quase...

ontem, a quase um passo pra fora disso tudo
finalmente eu cairia no mundo
e transgeneceria meu todo
sempre escondido
sem recados, sem avisos
em uma semana iam dar falta de mim
imagina onde eu já estaria...

quase...quase

eu sei o que me me segurou
o meu cinto de segurança
são os mesmos sonhos tolos
que costumam sapatear tanto pelo meu túmulo
e amigo, quando eu digo quase, foi quase mesmo!

precisando de vigilância
help, please!

quarta-feira, julho 05, 2006

JúFêFranDú e eu

nós somos cinco
somos diferentes em quase tudo
mas nos amamos mesmo assim
nós estudamos juntos
mas já passou e hoje
é só vontade de ficarmos uns com os outros
mesmo que só de vez em quando

uma, é um sorriso alaranjado
um sol de aconchego
viagens em sandálias e saias curtas
é criança brincando com seus brinquedos
é riso, fanfarronice e ternura
é força de rocha na beira de uma cascata
é "construidora" dos melhores abraços
é bonita como a Angelina
especialmente quando apaixonada
é vontade de sempre seu carinho receber
e como ela diria daquela forma engraçada:
- pode querer!

outra, é paixão, é fogo
é vulcão, é arrasa-quarteirão
é um chicote e quando se menos espera
é paz de mãe
é um colo o seu seio
é risada estraçalhada, vingativa e maquiavélica
mas é só fachada
essa assassina ideal que só veste preto
há muito está de férias
segue a cartilha de roma:
aos seus tudo, mas tudo mesmo!
todo o carinho do seu berço

outro, e digo meu companheiro masculino desse grupo
impossível não sorrir de pensar em você
desengonçado, atrapalhado, muquirana e feliz
invejosamente feliz
eu viveria mil vezes dentro do seu cérebro
o lugar mais legal que já vi
um tropeço de carinho
as melhores palavras
os gestos mais bonitos
em sinceros encontros de almas
é assim,um pouco mambene, um pouco atrapalhão
um pouco filho, muito sorriso,
muito gostoso (ai que inveja)
e mais que tudo um irmão

outra, é a inicial, muito obrigado
foi quem me chamou pr´essa roda
minha eterna dívida com você
carinho encarnado
há quem te veja quase um estrondo
há quem queira te atropelar
ela pede colo em silêncio
e balbucia adeus quando te abraça
é força da natureza, nada a pára
nada a retém, a não ser quando ela deixa
e num pote de amizades eu te peneirei
algumas e algumas vezes
é doce, simples assim
é quem muitas vezes chega mais perto de mim

e eu os assisto, os vejo
não acredito
que mereço
deles uma boa ação
pois, são todos lindos!
são maravilhosos
talvez o que me console neste mundo é saber que tenho bom gosto
de andar com eles
de amá-los, a todos!
os amo meus amigos
e obrigado por tudo

domingo, julho 02, 2006

uma boa mijada...

precisava falar sabe?
Precisava encher bêbado de palavra o meu soluço noturno
Me perder em passeios românticos
As constelações entrando em sua barraca
O verso livre e a cabeça pesada
Sentindo entrar o estado vegetativo
Que paralisa suas respirações vazias
O meu coração é cheio de ódio
E o meu pulmão é uma desgraça
Tusso o mundo que sou obrigado a engolir
O filho que devo acolher entre as minhas pernas
Que não pari, que ninguém pariu
E todos lavam suas mãos
Sobre o sangue do profeta
Que palavrão este último
é tanto que mereço um castigo
Mas hoje me dou um tempo
Ao menos...
Para uma boa mijada

selado e entregue

esta semana meu ato mais feliz foi o mais desesperado
foi sem esperança, rancoroso e desarmado
embaraçoso e até nauseante

hoje não me olho mais
tamanho desconforto
mas no dia
eu merecia
tudo de bom do vinho
e da vida
eu me desfiz em estilhaços
eu me despi em letras e tinta
eu me afugentei em uma carta
singela carta de amor
e adeus
um adeus de toda esperança
de todas as mudanças boas
de qualquer embrião de que eu seja diferente
e naquele papel, mais do que um sonho desfragmentado
estavam minhas vontades e eu mesmo indo selados
fundidos em dor, ódio e mágoa
resumidos em desespero
eu que não me aguento desses grandes gestos, dessas grandes piadas
eu que não me aguento mais
sem orgulho
e triste
por saber que não tem chance e
por estar rendido, rendido por fantasmas que não habitam esse plano
entregue...

e em um último ato de navegança,
me jogar contra o mar
pois é do cais que vem essa saudade do mar
pois, todo cais é uma saudade de pedra

asfixiado

acordei asfixiado sem respirar
por um momento senti alívio
enfim era chegada a hora tão sonhada
o fim desse drama
mas mesmo assim meu instinto me traiu
a natureza me venceu mais uma vez
tentei puxar um pouco de ar e o maldito veio
assim como a sensação de estar sufocado
porque ele veio mas não sem arder meus pulmões
pensei e me vi nitidamente enclausurado
numa jaula contra um vidro impressado

essa asfixia, esse drama, esse sufoco
essa clausura, essa impressão
eu sei de onde vêm
vem do meu silêncio
do meu abafar sentimentos
da minha gargantilha apertada
do meu cala boca
da minha restrição
tudo que não posso mais falar
tudo que não devo mais sentir...

"Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo."

entre aspas parte do poema de sete faces do drummond maior de todos

E Agora, José? -Poema de Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
E agora, José?

Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

essa é a sensação de agora bem melhor dito pelo maior de todos

quarta-feira, junho 28, 2006

metáforas à lá Lula

é tempo de passar sozinho
rir de velhas piadas
lembrar velhos amores
estar com velhos amigos
eles na sua alma
é tempo de lamber velhas cicatrizes
pensar em velhas feridas
ler antigos contos
do que foi a sua vida
saber dos seus sonhos
trazer suas vitórias
traçar novos planos
e relembrar as histórias
é tempo de deixar-se levar pelo tempo
é tempo de esperar que passe
é tempo de rever o que não deu
é tempo de arder novos machucados
olhar para eles e esperar... só o tempo há de curar
mas tem certas coisas que não passam
tem certos cheiros que marcam
alguns desesperos que ainda incomodam
alguns prejuízos que pesam para sempre
sinto que sempre vou mancar dessa perna
que essa fagulha entrou por demais no meu nervo
e mesmo que restaure o tornozelo
o tecido será mais fraco e gelatinoso
pois é, adeus ao meu sonho
de ser jogador de futebol

um mantra

lema de um amigo que reproduzo

primeiro:
não respeitar nada. nem abaixo, nem acima do céu
segundo:
quando você chegar no limite da paciência dos outros, ultrapasse
terceiro:
encontrar prazer na perversidade
quarto:
devido a humanidade estar no fim (acreditamos),
então resolvemos rir da sitação e se deus quiser,
ganhar um dinheiro com isso!

sábado, junho 24, 2006

prelúdio 2

em breve eu não serei mais eu
já sinto uma fuga de mim
serei outra coisa que não eu mesmo
ou não serei mais nada
é que não sei...
o fato é que ainda há coisas
que precisam ser ditas
enquanto sou eu mesmo
agradecimentos, pensamentos
eu, que em quase 26 anos
aprendi a só entrar em roubadas
em divididas com chuteiras de travas altas
sei que não serei mais eu em breve
e o que eu sou, será apenas memória
ou minha mesmo,
ou dos que me conheceram
esses que espero, lembrem-se de mim
talvez nem me reconheçam mais
quando eu transmudar
talvez me reconheçam mas deixem de gostar
afinal, eu não serei mais eu
se talvez eu for alguma coisa mesmo
ainda está tudo nublado
...
a esses meus obrigados
pelos seus sorrisos, suas histórias
seus abraços e suas lágrimas
fizeram com que permanecesse intacto

talvez por tempo demais
eu tenha tido a ilusão de não ser tragado
mas agora é isso que finda em mim
a base do que era me foi corrompida
e em breve eu não serei mais
(se for alguma coisa)
eu mesmo

lixo orgânico

"Nunca mais vou sonhar, você tinha decidido. não vou mais me expor ao sofrimento. Mas então seu time desempatou, ou então você viu um filme, um anúncio publicitário mostrando Arruba banhada na luz alaranjada do crepúsculo, ou então uma moça que tem mais que uma semelhança vaga com outra com quem você teve um caso no colégio - uma mulher a quem você amou e perdeu - dançando lá no alto, à sua frente, com os olhos brilhantes, e você dissera: 'foda-se, vamos sonhar mais uma vez'"
.
.
.
.
.
.
Sempre foi assim a vida toda, reclamão e isolado, se prende na caverna e reclama solidão, continua fazendo isso, fazendo e fazendo. Sou bobo, tolo e infantil. Gosto de saber o quanto as pessoas me amam e não tenho coragem de perguntar para elas cara a cara. eu sou um monstro. Hoje passei o dia sozinho, quer dizer, quase... fitei-me no espelho o dia todo. DEUS, eu sou um monstro - primeira conclusão!
A segunda, preciso de uma limpeza de pele,
E terceira, estou só...narciso que não se gosta, já viu isso? Apaixonado pela mediocridade que sou eu. cético o suficiente para não ser enganado até pela paixão que cega, que tira o firmamento. Ela é feliz, eu não quero estragar essa moldura. E por que eu o faria? Porque sou ruim e carrego um mal em mim. Eu sou como um aidético transando sem camisinha, passando meu vírus a quem me toca. Todos ficam infelizes do meu lado, sem exceção. Eu sou um lixo. Um dia me junto aos meus, juro!

entre aspas, retirado de sobre meninos e lobos pg. 68

para anjos encarnados em amigos

fugir, o primeiro sentimento
quando abres mão de viver em sofrimento
seria só passageiro
se o mundo não fosse esse aí mesmo
se não houvesse essas grades
se fosses mais bonito
se acordasse mais cedo
se ficasse rico
se eu ainda fosse amado
e agora joão?
(só para não dizer josé)
sufocado dessa podridão
que apaga nossa vontade
dessa miséria que seca lágrimas
desse oceano de mágoas
e redenção em serenidade
quando aceitas curvado
esse destino maldito
esse dente encravado
esse joelho com um pino
esse cabelo encaracolado
porque tudo te faz menos presente
porque jazes em cordas mantidas pelo pensamento da massa
porque és equilibrista sem sorte
porque vives procurando motivos, teimas em fracas devassas
vá. se levante. ande até o espelho
e esse imbróglio de si mesmo
ainda há de triturar o moinho
ainda há de encontrar seu caminho
ainda há de deter os reis
ainda há ...
ainda e aqui, vocês
vocês todos, que apesar de tudo amei

confusão - descanso pra alma

veja, aqui tem de farra e diversão
sinta, o que era medo mas agora é vilão
pois cara, ela vem e não corra não
desmaia mas sem tocar o chão

o preço de ser livre
é se encontrar confuso
o preço de ser livre
é se encontrar confuso

embala as veias de emoção
cala o ódio da aproximação
encara! aqui era uma missão
saia! de tempos em tempos, alucinação

o preço de ser livre
é se encontrar confuso

em que rimas você se esconde
de dizer o mesmo adeus sem nomes
em boates e vícios mirabolantes
eu fujo de tristezas agonizantes

"eu caio no suingue é pra me consolar,
é que essa vida não tá mole,
eu faço assim para me segurar"

o preço de ser livre
é se encontrar confuso...




entre aspas há uma colagem de verso de pedro luis e a parede 'eu caio no suingue'

terça-feira, junho 20, 2006

prelúdio

quando era criança decidi viver em nome de outra menina
ela tinha um vírus que a mataria
ela queria ser professora
ela queria ter a vida que eu tinha pela frente
então decidi viver a minha vida
por ela, em nome dela...

mais tarde descobriram a cura para a sua doença
hoje não preciso mais viver por ninguém
é triste,
só há uns dois motivos pelos quais ainda acordo
e eles estão perto de se extinguirem
assim como eles
finalmente eu descansarei também
é chegada a hora
apertem os cintos

fim do tempo

mas é claro que o mundo é aquilo que empenhamos
e é também muito mais do que isso
é ampulheta de sofrimento
e quando se está quase cessando a areia
algum imbecil, e aqui eu vou chamá-lo de deus,
vem e desvira tudo de novo
eternidade neste teatro
nesta peça mal montada
em que não rio, só choro
o bobo é morto no primeiro ato
o rei não está nú porque ninguém
se interessa por isso hoje em dia
eu sou todas essas personagens
travestido de conto feliz
a princesa se suicidou na contracapa do livro
eu só aguardo... meu momento
a minha contracapa ainda há de chegar também

domingo, junho 18, 2006

primeirão da fila

e o que fazes agora?
queria tanto saber...
só sei do que fizestes...
...fizestes muito bem em se afastar de mim
eu mesmo se pudesse seria o primeirão dessa fila
eu mesmo...

sábado, junho 17, 2006

porco-espinho

essa minha síndrome de porco-espinho
esses meus toques de urticária
esse meu veneno escondido
no sangue e nas minhas lágrimas

tudo em mim faz mal quando toca
tudo em mim apodrece com o tempo
tudo em mim foi criado pra destruir
e eu não sou diferente de qualquer humano

deveríamos ser criados em ilhas...
somos podres....
ah, esquece é só ódio e rancor

nojo

isso que já fui eu
se arrasta em saudades
manca em vergonhas
e deixa apodrecer as feridas

isso que já olhei no espelho
carrega o mundo
se esgueira na vida
e foge para as sombras

isso que já foi paixão
transforma em corte
reluz em choro
e grita ácidos palavrões

isso que já fez parte de mim
vomito quando acordo
escarro quando respiro
e transborda em nossos desencontros

isso que já foram os meus passos
são apenas círculos
são apenas dias e mais dias
indo e voltando em meu encalço

isso que era feliz
consumiu meu sono
e hoje acordo
já sentindo asco
meu primeiro pensamento
e o que sinto
é nojo
nojo de ainda estar vivo

sexta-feira, junho 16, 2006

troféu deprimente

não quero sair de casa nunca mais
quero quebrar todos os espelhos
quero esquecer de minha forma
quero esquecer de mim mesmo

a luz tem de estar apagada
pra eu não avistar nem sombra
desse troço saído da minha mãe
desse encosto sem alma

vê, eu te injuriei
eu te incomodei com meu carinho
isso é vergonhoso
eu sou uma erva-daninha

não quero sair debaixo da coberta
nem quero mãos passando pelo meu corpo
queria esquecer como fui fulgáz
como fui tolo

e meu último ato foi dos mais tristes
agora tens na estante um troféu
de um alucinado
de um ser deprimente

me esquece que eu
se pudesse também me esqueceria

quarta-feira, junho 14, 2006

cliché (a)batido e triste

você não sabe quanto eu queria agora do seu carinho, do seu colo
de qualquer um, pra ser sincero. mas vindo seu
seria tudo mais arco-íris
eu te afastei o quanto pude, é assim que testo as pessoas
eu fui mal. eu fui rude. não vês que é desespero?
não vês que é assombro? que sou um menino assustado?
que te amo e quero ficar ao teu lado
é tão difícil penetrar assim na minha crosta?
não vês que te digo: -não! - te aceitando em mim
e na minha alma
sabe, hoje eu pensei em você o dia todo
é clichê, á batido e infelizmente, é verdade
sua cara me rejeitando, e meu ódio tomando formas
por isso não queria, não podia me apaixonar
isso é uma doença sem cura
e com os amigos longe eu estou só abandonado
e com você longe estou triste, inconsolável
quem me dera ser uma mosquinha e voar para perto de você,
te ver no seu dia-a-dia,
me controlei o dia todo pra não te ligar, mas não dá
simplesmente não dá. a gente cuida daquilo que ama
e eu quero cuidar de você
às vezes quase desisto de minha missão
de me abandonar no mundo por você
mas eu sei que isso é farsa
é que hoje, só hoje, estou sem forças
sozinho e sem amigos. nem meus talismãs estão comigo
precisava tanto de você meu bem, sem palavras.
só botar minha cabeça no teu colo
e morrer um pouco ali
e me entregar, descer do meu cavalo
tirar minha armadura, tomar um banho e chegar
chegar em casa, chegar em meu lar, nos seus braços
sentindo o seu perfume e apaixonado
linda bailarina

pirraça e teima

era e era
não é mais
eras e eras atrás
eu fui
o que todos queriam que fosse
e hoje
ai meu deus
viram os olhos quando passo
fodam-se
lhes digo
fodam-se mais e mais
essa é minha vida
e eu faço o que quiser e puder
pra encontrar minha felicidade
vou errar feio eu sei
mas serão os meus erros
ninguém tem a capacidade
de segurar minhas mãos
nessas horas atormentadas?
então fodam-se
quer achar que eu não presto pra nada?
então foda-se
não presto mesmo
isso é até um elogio
para um narciso
isso é até uma elegia
para um nilista
essa pirraça é só que semearam em mim
anos atrás
bato o pé
não vou ser igual a vocês
não vou ter o mesmo fim!

tragi-comédia shakesperiana

não parece às vezes que a vida
como diria shakespeare
é muito barulho por nada?
que fazemos grandes atuações
em frente ao espelho
só pra nós mesmos
os meus atos mais nobres
foram solitários
como daquela vez que refreei
uma paixão por um amigo poder viver a sua
como daquela vez que mudei o mundo
jogando meu lixo e dos outros na caçamba
ou então quando fiquei com toda a turma até o fim do trabalho
mesmo o meu já tendo acabado fazia e jazia algum tempo
é no silêncio que acontece a vida
são nas metáforas que as coisas podem ser entendidas senão
não o serão
veja, ou se percebe ou não
é assim mesmo, um corte
e você minha cara perdeu essa,
não viu meu ato mais humano e desesperado,
eu rendido e esperançoso
sonhador enfim,
pedindo um carinho do seu lado
e salvação
essa você perdeu
e perdi eu
sempre perco eu!

POIS É- LOS HERMANOS

a música que está no meu ouvido, mente e sentimentos...


Pois é, não deu
Deixa assim como está sereno
Pois é de Deus
Tudo aquilo que não se pode ver
E ao amanhã a gente não diz
E ao coração que teima em bater
avisa que é de se entregar o viver
avisa que é de se entregar o viver

Pois é, até
Onde o destino não previu
Sei mas atrás vou até onde eu consegui
Deixa o amanhã e a gente sorri
Que o coração já quer descansar
Clareia minha vida, amor, no olhar
Clareia minha vida, amor, no olhar

segunda-feira, junho 05, 2006

chega

é isso aí
seis horas
mais uma noite que eu aguentei
as piores horas já passaram
agora todos acordam
e podem finalmente me embalar os pensamentos
e eu contra todos os prognósticos
estou vivo
nesta selva de pedra contra tudo e contra todos
fazendo e fazendo mal
a tudo que encosto
mesmo quando quero dar carinho
chega de pedir desculpa por eu ser eu mesmo
chega

sortilégio dos querem-morte

ah você não sabia
que passo a madrugada
me coçando em despedidas?

afinal o quê
um ser solitário
e debochado vai fazer?

a esta hora
de desabrochar meninas
de contos de suicidas...

como diriam nas festas juninas:
- é mentira!

voluntários...

entendo os suicidas
tomam nas mãos
seu destino cão
sentem frio mas ao ranger dos dentes
mordem a língua porque o sangue é morno
é consolo
queimam seus braços quando abraçam
mas não quando seguram navalhas e instrumentos de dor
acham que tudo está errado
(e está mesmo)
são os voluntários pra pegar esse bilhete de saída
de partida
há quem espera voltar num ambiente melhor
e há quem não
há os simplesmente que não suportam mais
desses eu entendo

a volta

sim reconheço
é o mesmo veneno
me atingindo
me tomando o corpo
me fazendo o copo
descer pela guela
me incendiando
e me jogando da janela

eu sei, achei que sobreviveria a mais uma primavera
sem essas andanças, sem essas mordaças
mas aqui estou em pé em frente a esse velho amigo
seus contornos que conheço, velho abismo
eu olho pra baixo e continuam as placas que deixei enquanto subia
dizendo: os sonhos não tem vez, deixe passar o dia
melindres da minha mais do que sofrida personagem
encarnada em alma neste mundo de águas sujas
e a placa mais decorativa no fundo dessa barragem:
- o que você precisa é de um impulso, vá lá Pula!

manual de pequenas coisas práticas 2

coisas que sei...
manchas na sua roupa te impedem de conseguir emprego
as "manchas" de pele também
pessoas sorriem quando estão nervosas
e choram quando querem atenção
as paredes são claustrofóbicas
as portas também
o que pode te salvar, geralmente, pode te esmagar
conselhos são oriundos de vidas não vividas
o poder é para poucos usufruírem
aos muitos sobram o resto, o vislumbre e a ganância
existem várias formas de batalha mas a mais cruel
é a de tentar...
os homens em geral estão em extinção
as mulheres estão masculinizadas demais
as crianças estão adultas
daqui a pouco nem os bebês se salvam
os adultos pôem seus sonhos nas costas das outras gerações
a vida é passageira
é dor e
é sofrimento
90% dos seus sonhos não se concretizarão
metade dos humanos é descartável e a outra metade também
você que lê isso discorda de 60% das coisas que estão escritas acima
(mas sentiu os mesmos 60% em algum momento da sua vida)
você sorri quando alguém te diz que é idiota continuar vivendo
você pensa que pensa sozinho sem interferências da midia
(ou apenas ignora essa interferência)
você pode até achar que eu sou louco mas algo diz aí que tenho um pouco de razão
você está errado até nisso, eu não tenho razão
...
e quanto aos sonhos?
eles são para quem dorme
eu sou insômine

quinta-feira, junho 01, 2006

não estão dando tão certo assim

estou achando que está voltando minha vontade de partir o mundo
e me partir nele
que seria, na verdade,
minha despedida
esse último ato nem quero pra mim mais (por enquanto)
quero só essa pretensa liberdade
de ser dono do chão que pisa minha sombra e só
isso acontece quando as coisas não estão dando tão certo assim
e elas de fato, não estão

poesia = carinho

devia de haver mais poesia na vida
sem ironias, sem histórias educativas
apenas poesia

arte, pelo simples pulsar do seu coração
pela simples razão de se sentir mais vivo
pela desobstrução dos seus sentidos

que houvesse poesia
que dela nos permitíssemos um alívio
uma pausa dessa constante vida
desse cinza martírio

que do tempo houvesse a hora do espetáculo
surgissem os fatos mais lindos
fôssemos levados
como expectadores passivos
arrebatados e colhidos

que a poesia surgisse
salvando corações da incerteza
pois veja
dessa vida triste
só a poesia nos daria a grandeza
de aguentarmos todos esses xistes
manias de esperteza,
armadilhas..., e de brinde

teríamos a confiança tal
de que a poesia
bela e fulgáz
nos alcamaria de qualquer espécie de mal

sábado, maio 27, 2006

ultima pergunta...asimov

calma que já vem
calma que isso vai passar
tenho certeza disso
tenho para mim
que todos seguiremos depois
e depois de terminar tudo
agora já foi um antes com as mesmas perguntas
e a mesma sensação de não resposta
neste rabisco de luz
estamos como nossos pais sentados
como nossos avós chorando
como os nossos irmãos tremendo
tudo isso passa
assim que chegar
assim que chegar
eu sei
e que haja luz!

quinta-feira, maio 25, 2006

mundo lembrança

tudo me lembra você
todas as coisas me levam a você
ao teu berço e abraços
ao teu terço e teus passos
tudo que respiro tem o teu cheiro
todos os sons tem a sua voz
e todas as silhuetas são as suas
todas as roupas cabem em você
e eu sonho/vivo nesse mar de bailarina
...
de tarde foram as canções
que especialmente viajaram comigo
e transportaram meus desejos
em palavras de outrem
encontrei os meus significados:
"saber amar é deixar alguém te amar"
caso eu ainda tivesse alguma dúvida
de que era isso que devia fazer
de que "meu amor é teu, e seu desejo é meu"
e eu levanto minha mão para o céu para agradecer
"se algum dia encontrar um amor, um lugar pra sonhar
pra que a dor possa sempre mostrar sempre algo de bom"
assim como "ainda lembro o que passou"
"e quando eu perguntei ouvi você dizendo
que eu era tudo o que você sempre quis
mesmo triste eu tava feliz"
e isso só gera em mim
"vontade de te ver mais"
mesmo com a minha estupiez
que não me deixa ver
"quantos idiotas vivem só"
e vc que teve "um amor em cada porto"
sabe que "não somos o que devíamos ser"
mas "não se preocupe mais"
"talvez eu seja o último romântico"
e um dia perceba e te diga livremente
o que já está "refletindo em meus olhos"
que "quando vi você me apaixonei"

terça-feira, maio 23, 2006

esquecimento...

a solidão, há a solidão
sou um apontador de coisas óbvias e mundanas
uma leve paixão, uma cabeça caída
um leve arrombo e uma cena
uma lembrança do que vim fazer aqui mesmo?
Eu realmente não me recordo
Todo o resto já esqueci
Só lembro do seu rosto
Indo na penúria depois de te rejeitar
O medo me fez fazer coisas horríveis
Com quem não queira fazer

REBELIÃO NO PADRE SEVERINO


{Somos máquinas em vilões adolescentes
É inevitável e estúpido
Somos máquinas em heróis adolescentes
E viemos dominar o mundo }

Passaram e estava inconsciente
Ficaram suas pancadas
E gira-imundo-mundo
É perigoso cegos-mutantes-dementes

A imaturidade tão madura das ruas
Chocará os expostos do contexto
Fechar os olhos é sempre adotado
Para não ver o sofrimento nos seus rostos

Um dia a janela será aberta para nós
Ou à nossa próxima geração…
Aí imundo ,o mundo verá o que é estar só
E o que é traição

Tiras pretas nos ajudarão
Nessa selvagem omissão
Olho no Olho eu não quero ver
E lembrar que eu os vejo pela TV

Não , a quem eu quero enganar
Eu sou mais um engaiolado pela sociedade
Derrubar as proteções dos telhados
Não é o que a gente quer
E sim que nos que nos devolvam a nossa fé

Aqui deitado no chão
Procuro a tranqüilidade
No calor sombrio da escuridão
Que invadiu essa cidade

canção aKURTica RUSSOnica

As palavras que eu digo
Não fazem mais sentido
Hoje eu vi no espelho
a minha vida pelo avesso
As gavetas foram abertas
E a flor desabrochou
Mas porque só eu não vi
O tempo que passou
A estrela apagou
As velas ascendidas
Brilhavam ao luar
Naquela noite
Ele chorou , ao invés de sonhar

{ Falta quanto para o seu fim
falta quanto para o meu fim
falta quanto para o fim ,de nossas histórias
nossas histórias, vossas histórias
nossas histórias, vossas histórias}

Quando estava perto de me conformar
Apertou o desespero e o Sol morreu
Veio de novo a dor da saudade
E a demência de Orfeu
Dessa vez não havia mais objeto de busca
A aventura chegou ao fim
Os objetivos não se tinham mais
Se tivesse coragem também não chegariam a mim
Mas quem vai saber se foi falta
Ou excesso de confiança
Que tanto falaram que ele negou
Quando o véu lhe alcançou
Se alguém quer julgá-los que o faça
Não vão diminuir aquilo
que a gente tanto amava
não vão conseguir
{ refrão }
Somos da geração sem pais
Aprendemos a nos espelhar em nossos ídolos
E com eles nos tornamos gente
E com eles nos tornamos adultos
E com eles nos tornamos nação
URBANA LEGIO OMINA VINCIT



a partir de agora os escritos que estiverem em itálico são escritos mais antigos da série: oldies but goldies

sábado, maio 20, 2006

boca vilipendiada

são quatro e meia da manhã e sua boca ainda está aqui
nossa, eu não consigo dormir
mas pelo menos tenho essa boca linda
de sorriso de gato
de olhos de gata, de lince lânguida
que quase me transparecem todo
você já sacou quando eu mudo
quando só te vejo na minha frente
nua e louca
nua como eu quero
e louca como gostas de ser
e agora meu bem o que fazer
com esta tua boca
que está aqui na minha
tenho tantos planos
todos censuráveis
todos te levariam ao inferno
e me levariam ao céu
como já fizeste antes
esta mordida que me dá
e que me marca
diz: esse é meu macho,
minha boca,
e aqui faço meu campo,
eu bordo e traço!
e eu aceito e te chamo:
-vem que a sua boca já está aqui só falta usted!

Radiohead - True Love Waits

a música do momento: e ela ainda me disse brincando, que o verdadeiro amor espera, mesmo sem saber o nome desta que vinha ouvindo e cantando; e pensando nela... eu vou afogar as minhas crenças/ pra ter você, ficar em paz


TRUE LOVE WAITS / (O verdadeiro amor espera)


I'll drown my beliefs / Eu vou afogar as minhas crenças
To have you be in peace / Para ter você, ficar em paz
I'll dress like your niece / Eu vou me vestir como sua sobrinha
To wash your swollen feet / Para lavar seus pés inchados

Just don't leave, don't leave / Apenas não vá embora, não vá embora

I'm not living / Eu não estou vivendo
I'm just killing time / Estou apenas matando o tempo
Your tiny hands / Suas mãozinhas pequenas
Your crazy kitten smile / Seu sorriso de gatinho doido

just lonely, lonely / apenas sozinho, sozinho
just lonely, lonely / apenas sozinho, sozinho

And true love waits / E o verdadeiro amor espera
In haunted attics / Em sótãos assombrados
And true love lives / E o verdadeiro amor vive
On lollipops and crisps / Em pirulitos e batatinhas

Just don't leave, don't leave / Apenas não vá embora, não vá embora

just lonely, lonely / apenas sozinho, sozinho

quarta-feira, maio 17, 2006

caminhos errados 3

caralho eu não acredito
eu fiz isso mesmo?
deixei você ir sem brigar?
deixei eu de matar e morrer?
fui condescendente com esse ato tão cuel?
ou melhor fui a mente por trás dele?
eu sou O Mal
eu escolho mal
mergulho de cabeça em lama
e fujo de águas potáveis
decido pisar no freio depois de passar pela curva
escolho sempre a podridão pra minha vida
e espero ganhar algo com isso
ser turrão ainda vai me compensar em algo
diz a minha voz interior
vai sim, eu sei pra onde está me levando...
meu medo está mais do que nunca presente
batendo na porta com o saco na mão
pedindo minha contribuição
pedindo mais do que isso
meu corpo e alma por essa causa
eu nem gosto de mim
por que quero tanto ficar sozinho?
não entendo...
não entendo...
meus caminhos são tortos
eu sou torto
e errado

caminhos errados 2

quero escrever sem rimas
pra abafar meu grito
que tem que ser mudo
porque ninguém está mesmo ouvindo
essa mania de me precipitar
só me deixa em maus lençóis
te disse em segredo que te amava
e me seguro muito pra não deixar isso parecer verdade
por que é a mais pura
eu sou complicado
espero que me amem pelo meu catarro
pelo meu vômito sofisticado
pois odeio tudo que é bom em mim mesmo
pois custo a acreditar que possa fazer algo belo
é desconfiança de mim, eu sei
baseada nas minhas maiores atrocidades
eu sei o quão baixo sou
por isso não me misturo muito por aí
e se isso acontecer, ai de quem cruzar meu caminho
(se todos interfirimos mesmo no caminho uns dos outros)
eu só quero não desmanchar essa sua confiança no mundo
essa esperança que não tenho
que não me deixo ter
e não suporto quando sinto algo assim
por isso me saboto
por isso traio meus sentimentos
por isso corto minha carne
é melhor pra mim doer agora no começo
do que depois em você
agora dói mais em mim
eu que vou sonhar com você o resto da minha vida
que vou viver em nostalgia
dizem que se lembrar é viver mais uma vez
e eu vou reviver a gente tantas e tantas vezes
vou estar preso a mais uma história
dessas, em que sou o vilão no fim

caminhos errados 1

e eu que queria tudo passageiro
agora me pego amarrado em desejos
e eu tão desafeto do mundo
sou viciado em paixões e beijos

e eu escravo de emoções pequenas
vislumbro o céu quando te toco
incrédulo por ser um chamado tão intenso
pra essa linda festa

é que costumo cuspir no que amo
é que desdenho de mim mesmo
destruo tudo o que faço
só entendo o desespero

é assim, agridoce
sou feliz de longe
é assim agridoce
estou triste com o que houve

fui eu, eu sei
quem decretou esse passo
errado em descaminhos
que passam ao largo
do que necessariamente desejo
na verdade, preciso
que é um beijo, o seu beijo
e seu carinho

segunda-feira, maio 15, 2006

Do Amor (autor: moska)

Não falo do amor romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento. Relações de dependêcia e submissão, paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com amor, chamam de amor esse querer escravo, e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada. Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado, mas é exatamente o oposto. Para mim, que o amor se manifesta, a virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construido, inventado e modificado, o amor está em movimento eterno, em velocidade infinita, o amor é um móbile. Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?
Minha respota? O amor é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o amor será sempre o desconhecido. A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão. A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação. O amor quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante.
A vida do amor depende dessa interferência. A morte do amor é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta. Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos e nós preferimos o leito de um rio, com inicio, meio e fim. Não, não podemos subestimar o amor. Não podemos castrá-lo. O amor não é orgânico. Não é meu coração que sente o amor. É a minha alma que o saboreia. Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espirito. Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas. O amor brilha, como uma aurora colorida e misteriosa, como um crespúsculo inundado de beleza e despedida, o amor grita seu silêncio e nos dá sua música. Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do amor, se estivermos também a devorá-lo.
O amor, eu não conheço, e é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro. A vida só existe quando o amor a navega. Morrer de amor é a substância de que a vida é feita, ou melhor, só se vive no amor. E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.


é por essa cartilha que tenho me guiado hoje em dia

sábado, maio 13, 2006

sou eu

é escasso / mas é o que há
é frágil / mas é o que se tem
é corrosivo / contrário ao que quer
é querido / mesmo sem querer
é chulo / vocês tem que ver
é folclore / e ri de não sei o quê
é podre / mas tem um charme
é pobre / e ninguem se importa
é um lixo / mas é o que pode
é rápido / e infelizmente passageiro
é triste / mas sorri toda hora
é aberto / mas ninguém sabe mesmo ao certo
é equilíbrio / mas tropeça a cada instante
é chato / ninguém gosta muito mesmo
é ingrato / mas acha que não o suficiente
é mimado / mas é orfão
é filho da tempestade com aurora
um arco-íris invisível
é apaixonado / mas se sente convalecido
é encantador / mas odeia a humanidade
é deprimente / e deprimido
é um sorriso / para aqueles que ama
incapaz de fazer mal ao mundo
só porque não tem chance
nunca se perdeu completamente
embora sempre tente
é repetitivo / é chato
é idiota / mas sempre achou-se inteligente
é uma ostra / quebrada e arrebantada
é um castelo / sem segredos e com quartos vazios
é delicado / e xinga até a família
é sincero / e esconde de si as verdades
é tudo isso e nada
é metido / mas não consegue manter a banca
é sensível / mas adora pisar nos outros
é rude / passa pelos mendigos amaldiçoando-os
é justo / sempre o seu primeiro
é imparcial / mas só salvaria os seus desse mundo
é fingido / e se desmascara assim só por escrever
é intolerante / o medo corre solto em suas veias
não gosta de crianças, de velhos,
adultos ou adolescentes
não vê poesia na vida
só na morte
não crê que vai melhorar
acha que se um dia se render vai apenas
se descaracterizar
é inútil ao mundo / e petende continuar assim
mas já traçou planos querendo resolver a miséria
é um merda / esperando a vida ou a morte acontecer
o que vier primeiro
é sonhador / e se pega sempre em fantasias que serão sua amardilha
é mesmo...
quase esqueci...
é sozinho...
sempre sozinho... e sou eu